30.10.09

Lousa eletrônica pode representar um salto na educação feirense

 

 

O noticiário hoje em Feira de Santana estará cheio de elogios à lousa eletrônica adquirida pela prefeitura de Feira de Santana. E neste caso não serão elogios gratuitos ou bajulação de quem depende dos cofres públicos para sobreviver.

Nunca houve na rede pública investimento material mais útil e mais importante no sentido de aumentar a qualidade da educação. Para tentar resumir de forma clara e direta a capacidade do equipamento, pode-se dizer que é um computador touch-screen, ou seja, que você manipula tocando diretamente na tela.

E daí? Para um monte de gente um computador é algo difícil e desinteressante, embora para a criançada seja hoje talvez o principal sonho de consumo. Temos que lembrar, porém, que o equipamento dependerá da atuação de um professor, responsável pela aula.

Neste ponto o sistema tem algumas vantagens importantes, que fazem com que  a adaptação dure somente em torno de dois meses de treinamento, segundo o coordenador técnico da empresa que vende o serviço, Fernando Passoni.

O equipamento tem toda a riqueza multimídia que um computador oferece (ilustrações, vídeos, áudio), mas pode funcionar também como o quadro negro de antigamente. Ou seja, pode-se escrever e apagar. E colorido. Sem giz nem pó, claro.

Quem sabe mexer com computador tem a vantagem de poder fazer um uso mais aprofundado da ferramenta e descobrir mais depressa as possibilidades. Mas quem não sabe mexer em computador não precisa aprender a mexer, para usar a lousa eletrônica. É algo mais intuitivo, já que se trabalha com as mãos; não depende de digitação, de aprender a operar programas complexos, etc.

Ela precisa ser ligada a um laptop onde a informação está armazenada. Há um pacote completo de seis mil aulas prontas cobrindo todo o conteúdo do Ensino Fundamental, elaboradas em obediência aos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), mas os professores podem pedir também para inserir novos conteúdos e este número de seis mil aulas está sempre aumentando.

Um exemplo dado pelo Passoni: uma cidade paulista pediu um vôo panorâmico para mostrar os rios da região. A empresa então elaborou o passeio através do Google Maps, que faz imagens de satélite.

Se o conteúdo for pensado coletivamente, o vídeo pode ser explorado para ensinar várias disciplinas. Sem contar a vantagem de incluir informação local, que nenhum livro didático pode fornecer, obviamente. Para que esta característica seja bem aproveitada, a secretaria de Educação deve providenciar uma equipe local que esteja preocupada em trocar ideias com alunos e professores e produzir conteúdo específico sobre o município.

O sistema é conectado à internet. Então se o professor quiser, poderá acrescentar à aula informação disponível na rede mundial de computadores. Ou levar para a tela digital uma apresentação que fez em casa.

Pode-se dizer que as possibilidades são ampliadas ao infinito.

TELA NÃO DÁ AULA

Mas a tela não dá aula. Tudo sempre dependerá do professor e de outros fatores. Eu acredito que no geral a adaptação dos mestres não será problema. Torço para que sejam instigados cada vez mais a pensar e criar. Torço para não ouvir mais uma entrevista como a da diretora da escola onde o sistema foi apresentado ontem, que leu parte de sua resposta ao repórter Ney Silva, para ficar bonito e ela poder citar um teórico desconhecido do mundo exterior à pedagogia. Não ficou bonito, porque numa entrevista, resposta lida não substitui a espontaneidade.

As questões vão muito além da adaptação dos professores, é claro. Os recursos oferecidos por essa tecnologia são para estimular o aprendizado. A aula fica interativa. Não é como um livro, em que tudo está fixo e predeterminado, porque está impresso. Na lousa eletrônica, imagens, exemplos, exercícios, podem ser modificados, enriquecidos pelo professor e pelo aluno.

Portanto, para que a nova tecnologia alcance o resultado de levar o aluno a aprender mesmo, ela teria que ser parte da rotina escolar e não algo como uma aula por semana, como se fosse “a hora do cineminha”.

Claro que no começo a prefeitura não terá o recurso para um número enorme de unidades, contemplando várias salas por escola. Estão começando com 45 equipamentos, dos quais alguns já vão para a zona rural. 

A empresa fornece também um equipamento móvel, um tipo de projetor que transforma qualquer parede na tela interativa. O que permite eventualmente juntar turmas num espaço mais amplo, como um pátio ou auditório.

Infelizmente grande parte de nossas escolas está em péssimas condições. O governo sabe disso e promete reformar todas. É parte essencial também da melhoria do ensino. E há que se dar um crédito, inclusive por conta de outro equipamento apresentado ontem, que promete evitar a sede que às vezes maltrata as crianças. A máquina transforma ar em água, sem depender de instalações hidráulicas nem da Embasa.

E, como diziam antigamente os colunistas sociais, last, but not least, salário de professor tem que ser algo que atraia cabeças pensantes para a profissão. Professores não podem ser uma turma composta de alguns competentes abnegados idealistas e muitos conformados, de baixa qualificação, que acharam que este era o emprego melhorzinho que poderiam obter na vida.

Abaixo, duas fotos de Silvio Tito da Secom, na apresentação feita ontem na escola Monteiro Lobato: aluna experimenta a lousa , eu ouvindo as explicações do técnico.

A outra imagem é da página da prefeitura de Feira na internet para o novo serviço. Esta página pode também ser adaptada, inserindo-se conteúdos locais.

* 45 é o número correto. Publiquei inicialmente 60

Posted via email from Glauco Wanderley

2 comentários:

  1. Esta de parabens o nosso prefeito Tarcizio Pimenta, por essa iniciativa de melhorar cada dia mais a Educação de Feira de Santana.
    Os alunos do Centro de Educação Monteiro Lobato irão ganhar bastante com essa inovação. Obrigada a direção da Escola, a professora Adriana Gomes.

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  2. Maria2/11/09

    Gente, se recursos tecnológicos resolvessem o problema da educaçao pública, o ensino na Rede Estadual estaria ótimo, mas sabemos que isso não é verdade. Ainda mais quando a questão é a inserçaõ de, apenas, 60 lousas eletrônicas, em um universo de 212 escolas do município em situação precárias. Algumas se quer tem agua e papelo ofício. O problema do Ensino em Feira é uma coisa séria Sr. Prefeito, não podemos tratar disto comos e fosse palanque político. Cadê o PME, Plano Municipal de Educação? Soube que foi engavetado pelo Executivo. Qual é o Projeto de Educação que temos em nosso município? No dia em que levarmos a educação a sério em nosso município, talvez comecemos a resolvê-la de fato.

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