Embora a imprensa tenha subido no conceito da opinião pública ultimamente (segundo as pesquisas), tem muita gente que duvida do que é publicado. Esta gente, reconheça-se, tem motivos para fazê-lo, porque notícias podem conter erros, bem como podem ser influenciadas pela ótica de quem escreve, pelo interesse de quem deu a informação, por pressões políticas, econômicas, por um monte de coisas, inclusive pelo fato de que jornalistas não são, como alguns se acham, deuses infalíveis.
Mas notícias impressas são registros históricos de qualquer modo, que transcendem em muito a importância da edição de cada dia. São documentos. Tem um monte de certidão de nascimento por aí forjada em cartório e nem por isso deixa de valer. Vale o que está escrito, ensina, sem querer, o jogo do bicho.
Neste nosso país de maioria analfabeta, poucas cidades que não sejam capitais, têm o privilégio de possuir parte significativa de sua história registrada nas páginas de periódicos. Feira de Santana tem este privilégio. Diversos foram os jornais que circularam ao longo do tempo, como atesta semanalmente a coluna do arqueólogo das notícias, Adilson Simas.
O problema é que além do Adilson, poucas são as pessoas que podem consultar estas fontes. E quem pode, só pode da maneira tradicional e morosa: folheando, coisa que está ficando impensável nestes tempos modernos de bancos de dados e respostas instantâneas para pesquisas em textos.
Os jornais que contam o dia a dia de Feira de Santana são um patrimônio histórico que, mais do que os prédios, precisa ser salvo e colocado à disposição da população, para consultas nas bibliotecas e no mundo todo, via internet.
Feira abriga a quase centenária Folha do Norte. Teve durante muitos anos a presença do Feira Hoje, registrando diariamente os fatos. E vários outros menos cotados. Nada disso está devidamente arquivado, apesar do inestimável valor histórico. Creio que nem mesmo a Tribuna Feirense e a Folha do Estado, embora mais recentes, possuem o próprio conteúdo arquivado em meio digital.
Ao contrário da restauração de imóveis (também inquestionavelmente necessária, claro), a digitalização deste conteúdo, embora possa ser um serviço demorado, não consumirá tantos recursos e terá alcance maior. É tempo da nossa universidade, que tem curso de História, ou a Prefeitura, ou seja quem for, assumir esta tarefa.
Publicado na Tribuna Feirense em 28/04/06
30.4.06
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