12.6.10

Fundador do PT em greve de fome contra imposição do partido

O fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) e líder camponês Manoel da Conceição aderiu, na noite de sexta-feira (11), à greve de fome do Deputado Domingos Dutra (PT-MA) no Plenário da Câmara. O motivo do protesto é a anulação, pelo Diretório Nacional, da decisão majoritária dos petistas maranhenses em apoiar a candidatura do Deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) ao Governo de Estado. A partir da decisão do Diretório Nacional, tomada na última sexta-feira (11), o PT maranhense apoiará a reeleição da Governadora Roseana Sarney  (PMDB-MA).

 Aos 75 anos, o líder camponês Manoel da Conceição considera uma violência a decisão nacional do PT, e encontrou na greve de fome uma forma de protesto legítima. “Não sairei do Plenário da Câmara, a não ser que essa decisão imoral seja revogada. Do contrário, vou morrer aqui”, avisou Manoel da Conceição. Juntamente com o Deputado Domingos Dutra, permanece à base de água de côco.

(da assessoria do deputado Dmingos Dutra)

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10.6.10

Feira de Santana recebe festival Dako

Desde esta quinta-feira, a Dako promove a 11ª edição de seu tradicional Festival Dako, em Feira de Santana. O projeto que possui, forte cunho social e educacional visitará, até o final do ano, 40 cidades brasileiras das regiões Norte e Nordeste. Montado em uma equipada carreta itinerante, o Festival Dako levará informações sobre saúde, bem estar, melhor aproveitamento dos alimentos e geração de renda.

O caminhão ficará três dias na cidade, proporcionando aulas de culinária, palestras, treinamento para lojistas, além de sessão de cinema para as crianças com direito a suco e pipoca. A grande novidade desta edição fica por conta dos workshops voltados à culinária como fonte de renda. São receitas simples e econômicas, que, com uma pitada de criatividade, se tornam pratos saborosos e nutritivos, que podem ser revendidos.

Além das atividades, os visitantes poderão interagir com os produtos Dako da cozinha experimental da carreta, que ainda conta com um auditório e o mini cinema para as crianças. Para fechar com chave de ouro, a Dako doará um fogão industrial a uma instituição social indicada previamente pela prefeitura de cada uma das cidades por onde passar.

Feira de Santana 10,11 e 12/06/2010

PROGRAMAÇÃO:

Manhã
8h as 9:30h - Cinema Infantil
10h as 11:30h - Cinema Infantil

Tarde
13:30 as 15:00 – Aula de Culinaria
16:00 as 17:30 – Aula de Culinaria

Noite
19:00 as 21:00 – Treinamento a vendedores

 

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APLB mantém greve e desafia o governo

O sindicato dos professores de Feira de Santana (APLB), fará nesta sexta-feira ato público em frente à prefeitura. “Não é o ato ditatorial que vai nos intimidar”, diz a convocação. O sindicato lançou uma carta aberta em que classifica a ação do prefeito Tarcízio Pimenta como “vestígios da ditadura Militar” e considera o decreto municipal da quarta-feira convocando professores como irregular e abusivo.

Segue abaixo a carta aberta na íntegra, tal como divulgada pela APLB. Os erros são do original 


Carta aberta à comunidade

O Prefeito do Município de Feira de Santana, Tarcízio Suzart Pimenta Filho, revive vestígios da ditadura Militar brasileira, com a famigerada publicação do vergonhoso decreto no 8011/2010, atentando de forma autoritária para a coação dos professores. Com isso, percebemos o ataque aos direitos de docentes efetivos com experiências educacionais nas escolas do município, tais como: suspensão dos benefícios historicamente adquiridos pelos professores; indeferimento das licenças-prêmio, alterações de carga horária, mudanças de referências e solicitações de aposentadorias, dentre outras.

Dando continuidade a seus atos abusivos, o governo promove outra irregularidade, estabelecendo um Processo Simplificado para contratação temporária de professores, desprezando os critérios de qualidade da educação pública básica, apontado pelo Plano Nacional de Educação.

O prefeito, preocupado apenas em desmontar a justa greve do Magistério Municipal, permite e incentiva a superlotação das escolas da rede de estagiários “selecionados” por mero interesse político eleitoral, via cooperativas. Isso demonstra o seu real descompromisso com a qualidade da educação, ao deixar de observar os requisitos necessários para o ingresso e acompanhamento do estágio supervisionado, descaracterizando o objetivo do estágio docência, conforme determina a lei 11. 738/08 que dispõe sobre o estágio supervisionado. Hoje, enquanto as escolas funcionam com 1.772 professores efetivos e 850 estagiários, estes últimos assume o papel de professores titulares, sem nenhum acompanhamento pedagógico. Isso é uma agressão às normas do estágio supervisionado e à qualidade da educação, reforçando uma prática perversa de contratação de mão-de-obra barata e inviabilização de futuros concursos pública.

O governo permanece veiculando o pseudo-discurso de que continua disponível ao diálogo, quando na verdade, vem radicalizando sua posição oferecendo um dos menores reajustes do interior baiano. Municípios bem menores e com arrecadações bastante inferiores, tais como Conceição do Jacuípe (10%), Terra Nova (12%) e Lauro de Freitas (12%), com receitas do FUNDEB significativamente menores que Feira de Santana (6%), tiveram percentuais maiores. Ao mesmo tempo, a alegação do Executivo de que atendeu todas as pautas de reivindicações, não são verdadeiras, pois, itens como o Plano de Saúde, mudanças de referências e alteração de carga horária, são na verdade direitos, há muito, adquiridos, com excessãodo plano de saúde e vale refeição.

Diante disso, gostaríamos de esclarecer à comunidade feirense o que, de fato, vem ocorrendo durante este processo de greve. O governo não consegue explicar como diante do aumento significativo do FUNDEB (Verba exclusiva para a Educação) não podem reverter esses valores na melhoria do pífio aumento de 6%. O principal problema, inclusive anunciado pelo governo, é o inchamento da Folha de Pessoal, com muitos cargos de indicação política. Lamentamos assim, que o governo Municipal, que se dizia democrático, deixa “cair a máscara”, rasgando o nosso Plano de Cargos e Salários, e promovendo atos despóticos.

Convidamos assim, a comunidade a participar desta luta pela qualidade da educação e pela Valorização do Magistério no Município. Feira de Santana, 10 de junho de 2010.

 

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Abertura do Salão Regional de Artes

Petistas do Maranhão ameaçam até greve de fome para não ter que se juntar a Sarney

O Deputado Federal Domingos Dutra (PT-MA) iniciou, na tarde desta quinta-feira (10), vigília no Plenário Ulysses Guimarães da Câmara dos Deputados, em Brasília, em solidariedade aos petistas maranhenses que também fazem vigília no Estado. A decisão tomada por Domingos Dutra, também representa estado de alerta às vésperas da reunião do Diretório Nacional do partido, que acontece amanhã (11) em Brasília, e que pode coligar o PT maranhense ao PMDB de Sarney no Maranhão.

A expectativa pela reunião de amanhã do Diretório Nacional é grande, pois apesar da maioria dos petistas maranhenses ter decidido, por dois votos de diferença (87X85), apoiar o Deputado Federal Flávio Dino (PCdoB-MA) nas próximas eleições, o Diretório Nacional pode interferir na decisão e formalizar apoio à candidatura da Governadora Roseana Sarney (PMDB-MA). “Já disse e repito que vencemos, no  encontro no Maranhão, não só pela maioria dos votos, mas também ao enfrentar a máquina do Governo Estadual, a mídia do Sarney e o deboche da oligarquia”, afirmou. Caso a decisão do Diretório seja desconsiderar a escolha democrática do PT-MA, o Deputado Domingos Dutra fará greve de fome no Plenário da Câmara a partir de amanhã, sexta-feira (11).

Para apoiar o Deputado Dutra e acompanhar a decisão nacional do PT, estão em Brasília os militantes Manoel da Conceição, líder camponês preso e torturado no regime militar; Terezinha Fernandes, fundadora do PT; e Raimundo Dutra, fundador do PT, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e membro da Direção Estadual.

 Vigílias 

Na sede do PT em São Luís, em Caxias e Imperatriz, os militantes do partido estão em vigília desde a manhã desta quinta-feira, esperando a decisão do Diretório Nacional. Também vigiam militantes de movimentos sociais, da juventude, e aliados de luta em defesa da legalidade o PT e da construção de um Maranhão livre da mais antiga oligarquia do País.

A vigília será marcada pelo simbolismo da corrente petista: Bandeiras pretas foram hasteadas no PT em São Luís, em sinal de luto pelos petistas que se curvaram ao sarneísmo; um prato vazio foi colocado sobre a mesa vermelha do PT simbolizando os que estão em greve de fome, como o Deputado Domingos Dutra; e velas coloridas foram acesas: amarelas em sinal de alerta à decisão do Diretório; brancas simbolizando que o PT quer paz e respeito à legalidade do estatuto; e verdes representando a esperança que não será vencida pelo medo e ódio de José Sarney.

 

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Anvisa flagra toneladas de remédios vencidos na Farmácia do Caroá

50 toneladas de medicamento foram apreendidas na sede da rede de farmácias Caroá, em Feira de Santana. A fiscalização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), deu prazo de cinco dias para que o dono da empresa faça a incineração do produto. A maior parte estava vencida e os que ainda se encontram dentro do prazo de validade não podem mais ser utilizados, porque estavam misturados aos demais, amontoados em um ambiente sujo, que tinha até insetos.

O depósito funciona acima de uma unidade da rede de farmácias, em um prédio na avenida Getúlio Vargas, no centro da cidade. O lugar foi interditado e lacrado, mas o material não foi recolhido, porque a quantidade é grande demais e a operação da Anvisa, denominada Tarja Preta II, prosseguiu em busca de irregularidades em outras cidades.

A estimativa feita pela fiscalização, que teve o apoio da Polícia Rodoviária Federal, é que as caixas dariam para encher cinco carretas. Até remédios vencidos em 2005 foram encontrados.

Em suas propagandas, a farmácia se denomina como “do remédio barato”. Para justificar o flagrante, o proprietário João Borges, que também assume o papel de garoto propaganda nos comerciais da empresa, insinuou que a apreensão era uma retaliação pelo fato de ele vender por um preço mais baixo que outros comerciantes do ramo.

Ele disse que desde o ano passado contratou uma empresa para fazer a incineração, mas é necessário que a Secretaria Estadual da Fazenda. “É um processo demorado, no qual os produtos são queimados de acordo com a liberação do ICMS através de nota fiscal assinada pela Secretaria da Fazenda que é entregue à empresa que realiza a incineração”, destacou.

PRISÕES

A operação da Anvisa teve apoio também da Vigilância Sanitária de Feira de Santana e do estado. A blitz prosseguiu na noite de terça-feira na BR 116 Sul, com a fiscalização em farmácias que funcionam dentro de postos de combustíveis no município de Santo Estêvão. Cinco pessoas foram presas e indiciadas por tráfico de drogas, que é o crime previsto quando ocorre venda de remédio de uso controlado.

Segundo o chefe de Segurança Institucional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Adilson Bezerra, que comandou a operação, foram apreendidos e encontrados também remédios para disfunção erétil contrabandeados do Paraguai e remédios falsificados. As farmácias foram interditadas e os postos multados.

Os presos foram Edvando Souza de Oliveira, 46 anos, Elson de Jesus, 37, Edemário Santos Nascimento, 33, Elideval da Silva Campos, 26 e Glauber Santos Leal, 29.

Na manhã de ontem, a fiscalização retornou a Feira de Santana, onde foram interditadas outras quatro farmácias (Maíra, Costa, Feira IX e Ultramed).

(Glauco Wanderley e Alean Rodrigues)

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9.6.10

Governo endurece contra professores em greve

O governo municipal requereu ao poder Judiciário que considere ilegal e abusiva a greve dos professores.

E por meio de decreto baixado no final da tarde desta quarta-feira (9) pelo prefeito Tarcízio Pimenta, determina a contratação temporária de professores e suspensão de todos os benefícios e vantagens de carreira da categoria, a exemplo de licença-prêmio.

Paralelamente ao decreto, o governo lançou um edital para a contratação temporária de 150 professores.

As medidas adotadas vão desde a abertura de inquérito administrativo sobre abandono de trabalho até suspensão da licença-prêmio, aposentadorias, progressões horizontais ou verticais.

Além disso, as secretarias da Fazenda e da Administração deixarão de realizar os repasses de parcelas descontadas dos servidores da educação, em favor de entidades de classe, no caso, a APLB, sindicato dos professores, que promove a greve.

Segundo a nota oficial distribuída pela secretaria de Comunicação, a reação “foi ocasionada pelos prejuízos que a radicalização dos grevistas vem causando aos estudantes da rede pública municipal”, que estão sem aulas há 30 dias.

Baixe a íntegra do decreto e do edital sobre a contratação temporária de 150 professores clicando aqui.

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Para presidente da OAB, com greve ou sem greve justiça é um caos

A justiça em Feira de Santana vive um caos que não poderia ser resolvido nem mesmo com o fim da greve. Esta é a avaliação do presidente da seção local da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Osvaldo Torres Neto acrescenta que “não há luz no fim do túnel” e acredita que, na falta de mudanças estruturais profundas no Judiciário baiano, corre-se o risco de daqui a alguns meses a população ter que enfrentar uma nova greve. Em assembleia ontem os servidores do Judiciário resolveram manter a greve.

A estimativa da entidade de classe é que apenas nos juizados especiais, que envolvem causas de baixo valor, tenham deixado de ocorrer até agora aproximadamente 1.200 audiências, com base em uma média de 60 por dia.

Quando não há greve, o andamento dos processos é lento, porque além de funcionários, faltam juízes. “Campina Grande, na Paraíba, tem metade da população e o dobro de juízes. Aqui atendemos uma população que chega a 1 milhão de pessoas, considerando os 600 mil de Feira de Santana e os moradores de cidades vizinhas que procuram o serviço no Fórum Filinto Bastos”, compara.

Com a greve, além de não receber pagamento pelas causas em andamento, os advogados perdem clientes novos. No escritório do advogado Ariston Mascarenhas, em frente ao Fórum, a informação é de que a média semanal de novos clientes baixou de oito para apenas 1. “E quando acabar a greve, vai ser uma correria, porque vem todo mundo com pressa querendo ver seu processo andar”, prevê o estagiário Geraldo Vale.

No entanto, o caso da professora Elian Ribeiro mostra que quem procura a Justiça não pode ter pressa. Há dois anos tramita o divórcio e um outro processo sobre o qual ela não quis dar maiores informações. Na greve atual, uma audiência já foi perdida. O mesmo tinha ocorrido em uma greve anterior. “Sem contar outras vezes em que o processo não andou por causa da lentidão da justiça”, lamenta.

 

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8.6.10

Ocupantes do Chico Pinto aguardam doação de terreno e construção de casas

Representantes do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB), e moradores da invasão denominada Chico Pinto, no bairro Aviário, em Feira de Santana, se reuniram na manhã desta terça-feira (8) com o prefeito Tarcízio Pimenta e a assessoria do deputado estadual Zé Neto (PT). O objetivo da reunião foi discutir a regularização do terreno que será doado pela prefeitura e a construção das casas que será realizada pelo Estado.

A Ocupação Chico Pinto foi iniciada no dia 07 de fevereiro de 2009, reunindo mais de 200 famílias sem-teto.

De acordo com Jader Dourado, líder do movimento, o projeto executivo para construção das casas será elaborado após a doação formal do terreno. “Vamos encaminhar a solicitação à prefeitura para regularização da área ocupada pelas famílias e depois será iniciado o processo de licitação para construção das unidades habitacionais”, afirma.

Jader também ressaltou que o MLB já esteve reunido com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado. "Estamos aguardando a chegada de correspondências sobre a nossa discussão para apresentar ao prefeito em um novo encontro", relata.

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Assaltantes de banco atacam em Coronel João Sá

Os clientes que estavam no Banco do Brasil em Coronel João Sá (no Norte do estado, a 372 quilômetros de Salvador, perto da fronteira com Sergipe) tiveram que dar as mãos e formar um cordão de isolamento na porta da agência, enquanto oito homens armados faziam o assalto nesta segunda-feira.

Eles vieram em dois carros e entraram atirando com armamento pesado. Foram identificados pistola, fuzil e metralhadora. Os homens permaneceram encapuzados durante a ação, que ocorreu às 11 da manhã. Uma parte da quadrilha ficou do lado de fora e outra quebrou o vidro para entrar. Os vigilantes foram rendidos e o gerente obrigado a sacar o dinheiro dos caixas eletrônicos e do cofre. Como é padrão nestes casos, o banco não informou a quantia roubada.

De acordo com o escrivão da delegacia de polícia civil, Gildivan Martins, no dia de ontem ainda ocorria o pagamento mensal de aposentados. Na fuga, os bandidos levaram como reféns o gerente e dois vigilantes, que foram soltos 14 quilômetros depois, na entrada para a BR 235. Eles não sofreram agressões físicas.

Os assaltantes seguiram à esquerda, na direção de Jeremoabo e 10 quilômetros depois, ao chegar em uma ponte, abandonaram e incendiaram os dois carros (um Astra prata e um Pólo preto) bloqueando a passagem para atrasar a perseguição policial.

Até o fim da tarde o rumo tomado pelo bando era ignorado. Policiais civis e militares da região (que pertence à coordenadoria de polícia civil de Paulo Afonso) estão envolvidos nas buscas.

Em 2011, Festival de Jazz mais longo e didático no Capão





Atrações do segundo dia: Coral do Capão, Banda Garagem, Banda de Boca e Toninho Horta (FOTOS: REGINALDO PEREIRA)

Depois da frenética apresentação de Hermeto Pascoal na noite de sexta-feira, o Festival de Jazz do Capão encerrou-se pouco depois de 1 da manhã do domingo, com a música mais suave e melódica de Toninho Horta, que se apresentou durante duas horas acompanhado pela Orquestra Fantasma (na verdade uma banda de jazz mesmo, composta por baixo, teclado, bateria e flauta, esta a cargo de Lena Horta, irmã de Toninho).

Na segunda noite se apresentaram ainda o Coral do Capão e a banda Garagem, além da Banda de Boca, que cantando no segundo palco preencheu nos dois dias os intervalos entre uma e outra atração, com sua notável habilidade para dispensar a presença física de instrumentos, mas torná-los audíveis por meio da habilidade vocal que simula tanto um triângulo, quando cantam um forró, quanto as cordas de uma orquestra em pizzicato, quando entoam uma adaptação cantada de uma obra para piano de Chopin.

“É mais tranquilo tocar aqui, não tem pressão de horários, entrevistas, produção”, comentou Toninho Horta. O músico passou a semana em estúdio gravando novo disco. Pela primeira vez no Capão, disse ter gostado do que viu. “O pessoal é descontraído e amigável. É um ambiente favorável à boa música”, analisou, depois da oficina Guitarra e Harmonia, onde foi o instrutor.

Mais que uma oportunidade para os visitantes ouvirem música de qualidade, o Festival de Jazz do Capão pretende ser uma fonte de aprendizado para quem estuda o assunto e almeja ser profissional.

“Esse aspecto é tão ou mais importante do que os shows”, esclarece Rowney Scott, diretor artístico do evento. A proposta já conta com o apoio de Toninho Horta. “Seria ótimo oferecer um mini-curso com três dias de duração, trazendo novos conhecimentos para os músicos locais ou iniciantes”, opinou. Ricardo Caian, aluno do terceiro semestre de Música da UFBA, concorda. “Achei essencial. Quem puder não deve perder uma oportunidade como essa”. Dois ônibus cheios de estudantes de música vieram da capital.

As pousadas do Capão ficaram cheias e as barracas não se limitaram aos campings. Quintais de residências na vila também foram aproveitados como acampamento. Está decidido que o próximo Festival, ao invés de pegar carona em um feriadão como o de Corpus Christi, vai ocorrer em um fim de semana comum. Uma ideia em estudo é que seja durante as férias escolares do meio do ano. Outra possibilidade é esticar a programação para três dias. “Temos tempo para planejar e testar”, diz Scott.


Festival de Jazz com consciência ecológica





“Se esse Festival for prejudicial ao ambiente ou ao desenvolvimentosustentável do Vale do Capão, seremos os primeiros a não querer que ele continue”. Com estas palavras na abertura do 1º Festival de Jazz do Vale do Capão, sexta-feira, o músico Rowney Scott, um dos principais organizadores, demonstrou o diferencial do evento, que ocorre em um dos lugares mais badalados, porém relativamente isolado da Chapada Diamantina, onde se chega depois de 20 quilômetros de estrada de chão, a partir de Palmeiras.
Mas no que depender da avaliação da principal atração da primeiranoite, a continuidade do Festival está garantida. Hermeto Pascoal dormiu no Vale do Capão já na quinta-feira e se disse impressionado com a sonoridade do lugar. “Acordei de manhã perguntando se passava um trem por aqui. Me explicaram que era o barulho do vento correndo entre as árvores e as montanhas. De manhã fiquei ouvindo o canto dos pássaros. E por fim o povo é muito sorridente. O produtor comentou que está impressionado com a receptividade”, elogiou.
O Festival foi aberto pelo Grupo Instrumental do Capão, formado por músicos experientes, já conhecidos do público e que não apenas tocam, mas também se divertem, dançando e encenando em alguns números. O grupo vocal Banda de Boca deu continuidade à primeira noite, que teve ainda Mou Brasil.
Durante o dia o Festival oferece oficinas em que os instrutores são músicos que se apresentam no evento. Neste sábado, o Festival se encerra com a participação de Toninho Horta, um dos mais renomados músicos instrumentais do país, que também vai conduzir a oficina sobre Guitarra e Harmonia. A Banda de Boca volta ao palco no segundo dia e se apresentam ainda o Coral do Capão e o Grupo Garagem, conhecido do público soteropolitano pelas sessões de sábado no MAM.

Grupo instrumental do Capão, Hermeto Pascoal e oficina no circo, sobre improvisação em grupo, com músicos da banda Garagem (FOTOS: REGINALDO PEREIRA)

6.6.10

Mucugê se prepara para o São João

Ninguém sabe quais atrações vão se apresentar no São João em Mucugê, na Chapada Diamantina. Mesmo assim, um mês antes das festas juninas, já não havia vagas nos hotéis e pousadas da cidade. As casas particulares, opção adotada por grupos grandes de pessoas, são alugadas por valores que variam entre R$ 1 mil e R$ 3 mil, pelo período que vai de 21 a 27 de junho.

Nenhuma contradição nisso. Artistas da moda servem muito mais para atender o gosto do público nativo, especialmente a juventude. Os turistas buscam mesmo é a tradição, o licor, as fogueiras na porta das casas para espantar o frio de junho em uma das cidades mais altas do estado. Não vão a Mucugê para ouvir shows, mas para fazer parte da festa.

A graça do São João em Mucugê é o ar de cidade pequena. Nada de multidões nem megaproduções. A população ainda vive o período como uma ocasião para confraternização.

São João é o padroeiro de Mucugê. A festa se prolonga por quase todo o mês de junho. Desde o dia 15, começam a ocorrer as “alvoradas”. Antes das 6 da manhã, pipocam fogos chamando para a missa. Depois do evento religioso, sai a bandinha liderando uma procissão rumo ao café da manhã coletivo que ocorre em uma escola pública, bancado a cada dia por um grupo (prefeitura, funcionários da banco, servidores da secretaria de Saúde). De noite, tem novena em louvor ao santo. Esse ritual comunitário se prolonga até o dia 23.

No intervalo entre a missa da alvorada e a novena, os turistas fazem o programa típico da Chapada: trilhas pela mata e banho de cachoeira. Respirar o ar puro e passear pela natureza continuam a ser o grande motivo que leva os visitantes a Mucugê.

“Eles vêm atraídos mesmo pela cidade e não pelos cantores. Todo mundo da cidade também tem parentes morando em São Paulo e é nesta época que eles vêm visitar”, explica Roberto Santos, membro do Conselho Municipal de Turismo. O conselheiro confirma que para o turista, a principal atração é o forró pé de serra, sob o comando de bons sanfoneiros da região. Os trios de forró tocam na rua durante a tarde, antes dos shows noturnos. “Tem fogueira em todas as casas e as pessoas servem licor a quem passa, nem precisa conhecer”, diz Roberto.

Entre os mais animados, está o popular Vadinho, o ex-garimpeiro Euvaldo Ribeiro, que com seus 88 anos virou ponto de referência na cidade. Circula o dia todo, contando historias do garimpo e dos tempos áureos de Mucugê, quando, segundo ele, eram em torno de 30 mil habitantes (hoje não chegam a 14 mil). Ele se queixa do estilo moderno de São João. “Agora é essas bandas, é empurrão. O São João ficou preso num lugar só. Antes era de casa em casa”, lamenta.

Vadinho reclama de não ver mais a Marujada, que achava muito bonita, por mais estranho que fosse a visão de homens vestidos de marinheiros a centenas de quilômetros do litoral.

FOTO REGINALDO PEREIRA






Mas ainda tem quadrilhas. De crianças, jovens e adultos. Os ensaios já estão acontecendo, para fazer bonito na semana do São João, quando há pelo menos uma quadrilha por dia na rua. “As quadrilhas são uma das principais atrações”, orgulha-se o narrador Glauber Ribeiro, que comanda o ensaio de 22 pares de adolescentes de escolas públicas.

Este ano, a tradição vai se juntar a uma novidade que combina perfeitamente com a defesa da ecologia, que se espera ver sempre em Mucugê. A decoração da festa será feita com garrafas pet, transformadas em bonecos, fogueiras e casas. Um grupo está trabalhando o dia todo confeccionando o material, sob o comando da coordenadora Maria das Graças Lima. “Em cada uma das seis casinhas da roça que serão montadas vamos precisar de 5.500 garrafas”, detalha. A matéria-prima é fornecida pela usina de reciclagem mantida pelo município. Terminada a festa, o material volta para a reciclagem. Vai ser transformado em vassouras, em uma fábrica que está sendo implantada.

ANDARAÍ

Na página da prefeitura de Mucugê na internet (www.mucuge.ba.gov.br) há uma lista dos hotéis e pousadas da cidade. Mesmo com a lotação esgotada, podem surgir vagas com alguma desistência.

Uma alternativa que muitos adotam é se hospedar na vizinha Andaraí e se deslocar até Mucugê, distante 46 quilômetros. Andaraí tem um São João ainda mais calmo, já que a cidade concentra seus esforços turísticos na Festa do Divino, que ocorreu de 21 a 23 de maio. Tanto que as amigas Maria dos Reis, 24 anos e Aparecida Silva, 17, moradoras de Andaraí, planejam viajar para Lençóis no São João, atrás de “banda boa”, como elas chamam.

Mesmo assim, Andaraí tem suas referências juninas e uma das principais é o licor de dona Zélia de Oliveira. A fama da fabricante de licores corre o mundo. Segundo ela vem gente de toda a Bahia, do Rio e de São Paulo, comprar a bebida, oferecida nos mais variados sabores. “Até do Amazonas já veio cliente”, lembra.

Quem quiser encontrar, tem que perguntar por ela, já que não há cartaz, fachada nem letreiro que diferencie a casa das outras vizinhas. Ainda assim o movimento dura o ano todo e aumenta nos períodos de férias de verão e São João. O licor de gengibre é o preferido, mas tem para todos os gostos. Ou para a falta de gosto também, já que Zélia dispõe das “marcas” Nada não, Qualquer coisa e Você que sabe, para oferecer aos indecisos. Tudo por R$ 7,00 a garrafa.



A ESTRADA

São 473 quilômetros de Salvador até Mucugê. Quem vai pela BR 324 a caminho da Chapada, ao passar por Feira de Santana deve preferir entrar na cidade, seguindo pela avenida Presidente Dutra, que é a sequência natural da estrada. A opção seria o Anel de Contorno. Nos dois casos, é inevitável pegar um pouco de engarrafamento, mas o Contorno está com a pavimentação em péssimo estado.

Logo ao sair da cidade, já na BR 116 Sul, há um posto da Polícia Rodoviária Federal. A concessionária Via Bahia está fazendo serviços na rodovia, que limitam-se por enquanto, a obras no acostamento, que em alguns lugares já não existia e em outros estava coberto pelo mato.

Até a fronteira com o município de Antônio Cardoso, há diversas curvas perigosas, que exigem cuidado do motorista. A pior delas é a curva do rio Cavaco, que separa os dois municípios, no quilômetro 442. A maior parte dos acidentes na BR 116 na região de Feira de Santana ocorre neste ponto.

O tráfego de carretas é intenso até chegar o quilômetro 131, no povoado chamado Paraguaçu, em que o viajante desvia para a direita entrando na BR 242. Deve-se ficar atento ao combustível, pois até Itaberaba (90 quilômetros adiante) não se encontram postos para abastecimento.

Também é possível deixar logo a BR 116 (e fugir também de um parte da 242), pegando a Estrada do Feijão (BA 052), uma rodovia estadual em boas condições. A entrada para a Estrada do Feijão fica somente seis quilômetros depois da saída de Feira de Santana.

Ao chegar no município de Ipirá, pega-se a BA 488, para Itaberaba. A rodovia foi recentemente reformada e está com asfaltamento e sinalização impecáveis. A distância do trajeto pela Estrada do Feijão e BA 488 é praticamente a mesma. A diferença é que as rodovias estaduais têm muito menos tráfego que as federais.

A partir de Itaberaba, a BR 242 é a única opção. Sem susto. A pista foi recentemente reformada e está com asfalto bom e bem sinalizada. 75 quilômetros adiante, chega-se à entrada para a BA 142 (à esquerda). Até Andaraí, são 50 quilômetros de uma estrada ruim. Os buracos são muitos, mas pequenos, de maneira que ainda não comprometem o deslocamento. A rodovia estadual não tem acostamento.

Chegando a Andaraí, faltam apenas 46 quilômetros até o destino final, a maior parte deles de subida (Mucugê é a oitava cidade mais alta da Bahia, com altitude de 983 metros).

Este trecho está melhor que o anterior, porém também não há acostamento e são muitas curvas fechadas, onde convém ser prudente e nunca abusar da velocidade. Ainda mais porque só a paisagem no trajeto já vale o passeio.



foto Glauco Wanderley

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