1.7.10

O Índio

Esse vídeo foi feito na tribo do DEM. Eles botaram no ar assim. Não é coisa de adversário. Embora advogado, o Índio da Costa, vice de Serra, a partir de determinado ponto parece ter uma certa dificuldade de se expressar. Deve ter sido alfabetizado em Tupi.
Mas não vamos radicalizar. O Índio estava assustado com a chuva e todos têm seus dias infelizes. José Serra mesmo está tendo vários seguidos.


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30.6.10

Casas em alta tensão no Tomba

Cerca de 100 casas estão construídas embaixo das torres e da rede de transmissão de alta tensão da Coelba em duas ruas do bairro Tomba, em Feira de Santana. Os proprietários foram advertidos pela empresa de eletricidade, que começou a distribuir no início de junho uma notificação extrajudicial dando 10 dias para regularização. A notificação diz que os moradores estão expostos a risco grave e situações que “podem ocasionar a morte”.

A população reagiu à notificação com estranheza e revolta. Eles questionam como é possível que a empresa condene as moradias, quando ela mesma instalou anos atrás os postes de iluminação pública e fez a ligação das casas à rede.

“Nós moramos aqui há mais de 20 anos”, contabiliza o estofador José Roberto Carvalho. Segundo ele, quando as torres foram construídas, as casas já existiam.

Até o nome das ruas está ligado à eletricidade. Uma se chama Força e Luz e a outra rua da Rede, conforme os recibos exibidos pelos moradores. Acostumados ao local, não pensam em sair, mas se forem obrigados querem ser indenizados.

Quanto ao risco, como nunca houve um acidente, ninguém parece preocupado. “É mais fácil morrer de tiro do que de choque da queda de algum fio. Se soltar um, fica embolado nos de baixo”, especula o autônomo Flávio Miranda, informando que mora há 22 anos na rua Força e Luz.

“Eu daqui não saio”, garante a manicure Maria José Brandão, na rua da Rede. Ela comprou a casa há quatro anos e se queixa que em outros pontos da cidade também há casas sob a fiação das torres. “Por que só querem tirar a gente? Só porque as nossas casas são mais pobres?”, indaga.

Em nota enviada à redação, a assessoria de comunicação da Coelba diz que não está pedindo a desocupação da área, que suspendeu a entrega das notificações e vai rever o texto, já que foi interpretado como uma exigência de remoção.

“A notificação foi enviada com o intuito de informar e chamar a atenção dos consumidores para que não construíssem de forma irregular ou avançassem a construção em direção à rede elétrica”, justifica a assessoria.

Mas a prefeitura decidiu intervir e pode acionar o Ministério Público. O secretário municipal de Habitação, Magno Felzemburg, entende que a situação é de risco e a remoção precisa ocorrer, custeada pela Coelba.

“A área é de domínio da empresa, que deveria ter fiscalizado e evitado as construções. Como não o fez, deve providenciar a remoção, indenizando as famílias”, opina o secretário, que é advogado e durante anos dirigiu o Procon no município.

Ele avalia que tendo conhecimento do caso, a prefeitura não pode se omitir. “Vamos nos reunir com a Coelba e se não chegarmos a um entendimento, encaminhamos ao Ministério Público para que adote as providências”, avisou.

 

FOTOS: VALDENIR LIMA

 

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29.6.10

Vereador em Mato Grosso bate em repórter

Tem político que se irrita com pergunta. É natural. Mas esse aí nem espera pela pergunta. Em Feira de Santana vai ter vereador aplaudindo.

 

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Projeto do “Toque de Acolher” é adiado por cinco sessões

Mais uma vez houve declarações de voto contrárias ao projeto que institui o toque de recolher em Feira de Santana e a discussão da matéria acabou adiada por cinco sessões. a pedido do vereador Antônio Francisco Neto, o Ribeiro. Isto significa que o assunto só volta a plenário após o recesso de julho.
“Diante desse impasse que vivemos, acredito que o adiamento por um período de cinco sessões pode nos dar o tempo necessário para que possamos enxergar uma luz que leve os vereadores a tomar a decisão mais sábia”, justificou.
O vereador Ângelo Almeida disse que não votaria favoravelmente ao projeto alegando, principalmente, que dirigentes de organismos responsáveis pela assistência aos menores de idade já se declararam contrários.
Na mesma linha de raciocínio, o vereador Marialvo Barreto declarou que além das autoridades, os representantes de instituições assistenciais voltadas para as crianças e adolescentes também são contrários ao “Toque de Acolher”, como a proposta é chamada pelo autor, o vereador Luiz Augusto, o Lulinha. Marialvo disse que entende e respeita a intenção do autor do projeto, mas não poderia votar a favor. “Onde estão, de fato, as condições para dar o amparo que os menores necessitam? Elas não existem. O Estatuto da Criança e do Adolescente não é executado aqui”, argumentou.
O vereador Roberto Tourinho recomendou a Lulinha que retire o projeto de pauta.
O vereador Reinaldo Miranda salientou que teme que o projeto seja aprovado e se torne mais uma das diversas leis que não são cumpridas em Feira de Santana. “Estou convicto das boas intenções do colega Luiz Augusto, mas acredito que o Município não teria condição de administrar e executar um projeto dessa natureza”, afirmou.

LULINHA INSISTE E GANHA APOIO

“Não retiro o projeto de pauta pelo simples fato de que a população requer a sua aprovação. É uma medida que conta com o apoio da grande maioria da população feirense. Em Santo Estevão, onde a medida foi implantada inicialmente, a comemoração de um ano foi grandiosa, com um bolo de 75 metros”, comentou o autor Luiz Augusto.
O vereador Ewerton Carneiro argumentou que o projeto é importante não apenas para proteger as crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco, mas também para combater o envolvimento de menores na criminalidade. “Quem vive em condomínio fechado, com seus seguranças e câmeras, não sabe o que se passa em locais como a Rua Nova ou Tomba. Os pais e mães defendem a aprovação do projeto”, disse ele.
O juiz Walter Ribeiro Costa Júnior deveria mostrar o que Judiciário deveria fazer para ajudar, encontrar uma forma de diminuir a violência entre crianças e adolescentes em Feira de Santana, disse o vereador José de Arimateia. “Temos constatado que os jovens têm sido alvo de violência, vítimas das drogas e da bebida alcoólica, principalmente”. Favorável ao projeto, ele informou que em Santo Estevão “a coisa deu certo”. Em Feira, acrescentou, a população está preocupada com o índice crescente da violência. “O projeto pode diminuir esse índice”.
O vereador Roque Pereira disse que seu voto está garantido: será pela aprovação do projeto. “Tenho sido muito cobrado, nos bairros que frequento, sobre esse assunto. Muitos menores estão sendo cooptados pelo tráfico de drogas e usados como ‘mulas’.

O "toque de recolher" para menores de 18 anos é uma boa medida de combate à violência? SIM

DALMO DE ABREU DALLARI (professor emérito da Faculdade de Direito da USP. Foi secretário de Negócios Jurídicos do município de São Paulo na gestão de Luiza Erundina)


TEM SIDO muito frequente o noticiário de violências cometidas por menores ou contra eles em horários noturnos, período que é muito propício à reunião de adolescentes em locais que estimulam o consumo de álcool ou a circulação de drogas.
 
Daí a necessidade de uma proteção especial, que não seja opressiva e não cerceie os direitos fundamentais do adolescente, mas que lhe dê segurança, evitando que ele seja vítima dos que abusam de sua inexperiência ou, então, de suas ingênuas fantasias de independência ou coragem.
 
E tem sido frequente que, no noticiário de violências envolvendo menores, venha a informação de que os pais e as mães ficaram surpresos quando receberam a notícia de que seus filhos ou filhas estavam sujeitos a esse tipo de envolvimento.
 
Por uma série de razões, muitas vezes a proteção da família é insuficiente, mesmo que o menor viva em um ambiente familiar saudável, pois existe sempre a possibilidade de outras influências, sobretudo quando o menor começa a ter vida independente.
 
Foi pelo reconhecimento desses riscos e dessa insuficiência que se incluiu na atual Constituição brasileira, no artigo 227, um dispositivo segundo o qual é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente seus direitos fundamentais, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
 
Assim, pois, é dever do Estado adotar as medidas necessárias para que os menores não sejam expostos a situações em que existe o risco de que venham a ser vítimas de alguma espécie de violência.
 
Para o cumprimento dessa obrigação constitucional, o Estatuto da Criança e do Adolescente, lei federal nº 8.069, de 1990, estabeleceu regras pormenorizadas sobre a garantia dos direitos da criança e do adolescente, incluindo a adoção de iniciativas visando possibilitar o efetivo gozo dos direitos, mas prevendo expressamente que tal gozo fique sujeito a condicionamentos legalmente impostos, admissíveis nos casos em que a experiência mostre que são recomendáveis ou mesmo necessários para que seja evitada a exposição dos menores a abusos e violências.
 
Com efeito, no capítulo segundo do ECA, que trata "Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade", encontra-se, no artigo 16, uma referência expressa ao direito à liberdade de locomoção, nos seguintes termos: "O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I- ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais".
 
Reafirma-se aí o direito à liberdade de locomoção, mas, tendo em vista a especial necessidade de proteção dos menores, existe a previsão de limitações legais.
 
Foi com fundamento nessas disposições constitucionais e legais que juízes da infância e juventude, em colaboração com os conselhos tutelares, tomaram a iniciativa de fixar condições para a circulação noturna de crianças e adolescentes.
 
As regras fixadas não impedem o exercício do direito de locomoção no período noturno, mas estabelecem condições razoáveis, tendo em conta o risco de violências a que ficam sujeitos os menores nesse período, como a experiência comprova amplamente.
 
Com tais medidas, continua garantido o direito à liberdade de locomoção e, ao mesmo tempo, os menores ficam a salvo de situações de violência, o que, por decorrência, contribui para reduzir a violência na sociedade.
 
Por tudo isso, a adoção de medidas especiais de proteção dos menores no período noturno, que a imprensa vem identificando, com evidente impropriedade, como "toque de recolher", tem claro fundamento na Constituição e na lei e, sem nenhuma dúvida, é uma contribuição valiosa para evitar que os menores sejam utilizados para a prática de violências contra eles próprios e contra toda a sociedade.
 

(artigo publicado em setembro de 2009 na Folha de São Paulo)

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O "toque de recolher" para menores de 18 anos é uma boa medida de combate à violência? NÃO


PAULA MIRAGLIA

(doutora em antropologia social pela USP, diretora-executiva do Ilanud - Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente)

NOS ÚLTIMOS meses, vários municípios brasileiros têm adotado o "toque de recolher" para menores de 18 anos. Por meio de uma medida judicial, uma lei aprovada pela Câmara de Vereadores ou uma decisão do Executivo municipal, adolescentes e jovens dessas localidades são proibidos de sair de suas casas no período noturno. 
A justificativa para a medida se ampara num discurso que enxerga na restrição da liberdade uma estratégia de segurança. Manter os jovens longe das ruas evitaria que consumissem bebidas alcoólicas, se envolvessem em episódios violentos ou com o universo infracional e reduziria, assim, o número de crimes nessas cidades. O "toque de recolher" é inconstitucional. A restrição do direito à liberdade de crianças e adolescentes viola o artigo 227 da Constituição, que assegura sua liberdade, convivência familiar e comunitária, além de protegê-los contra qualquer forma de discriminação. Apenas isso bastaria para desqualificá-lo no seu mérito: essa é uma opção que não está disponível.
 
Soluções à margem da lei há muito vitimam a sociedade brasileira. Não precisamos de mais uma versão desse desrespeito, que se torna ainda mais grave quando parte da iniciativa de representantes do Judiciário.
 
Mas, além da sua ilegalidade, a medida é uma armadilha disfarçada de política pública. Em lugares onde o Estado é aparentemente incapaz de cumprir sua obrigação -ou seja, garantir a segurança dos cidadãos-, uma parcela da população é punida por causa disso.
 
É impossível não perguntar por que a mesma mobilização não acontece, por exemplo, para fiscalizar a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos ou para efetivar as medidas relativas ao desarmamento. Ou, ainda, por que não assistimos à articulação do Judiciário, do Legislativo municipal e da prefeitura na execução de projetos de prevenção à violência voltados para adolescentes e jovens?
 
A resposta é óbvia: por que é difícil.
 
Essas ações exigem planejamento, integração, criatividade e muita dedicação. Em outras palavras, tudo aquilo que uma política pública de qualidade, duradoura e eficaz deveria ter. Infelizmente, sabemos que nem sempre o poder público responde aos problemas com políticas dessa qualidade. Em muitos casos, e esse é notadamente um deles, prefere adotar estratégias fáceis, que embaçam a percepção da opinião pública sem resolver o problema.
 
O que os municípios não percebem é que, ao sancionar a lei ou executar a medida imposta pelo juiz, estão, na verdade, reconhecendo publicamente sua incapacidade na formulação de políticas de prevenção à violência.
 
Segurança é sinônimo de liberdade.
 
De ir e vir, de interagir com seus pares, de desfrutar do seu bairro e da sua cidade. Mais do que isso, estar seguro se traduz em convivência e ocupação dos espaços públicos.
 
As vítimas da violência urbana sabem, melhor do que ninguém, que ela impõe uma série de restrições de ordem individual e comunitária e impede que a vida seja desfrutada de maneira plena. Não é aceitável que políticas de segurança ou de prevenção adotem esse mesmo princípio.
 
Mas, diante de tal afronta, onde estão os maiores interessados?
 
Não é de hoje que o país conta com instâncias de representação de adolescentes e jovens. Pois estes devem cobrar que o Conselho Nacional de Juventude, a União Nacional dos Estudantes, os conselhos municipais e estaduais e a sociedade civil organizada que trabalha com o tema se posicionem sobre o assunto e tratem de impedir essa grave violação de direitos. Que pauta política pode ser mais prioritária do que a garantia das liberdades individuais?
Adolescentes e jovens são hoje as grandes vítimas da violência no Brasil. É absolutamente anacrônica e preconceituosa a visão de que a solução para o problema passa por marginalizá-los ainda mais. Eles são os maiores interessados na transformação dessa realidade e devem ser os protagonistas desse processo.
 
O primeiro passo nesse sentido é tratá-los como cidadãos plenos e sujeitos de direitos, dignos do direito à segurança e à liberdade.

(artigo publicado em setembro de 2009 na Folha de São Paulo)

 

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Peer Gynt em Feira de Santana


Peer Gynt, (peça do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen) é filho do outrora rico e muito respeitado Jan Gynt, que se tornara um bêbado e perdera toda a fortuna, deixando Peer e a mãe, Aase, na pobreza. Peer quer corrigir o erro do pai, mas perde-se em devaneios. Rapta uma noiva no dia do casamento, é proscrito e tem de fugir. Solveig, que conhecera no casamento e por quem se apaixonara, vem viver com ele em sua cabana na floresta, mas Peer abandona-a e parte nas suas viagens. Fica longe durante muitos anos e participa de muitas aventuras.

Esta montagem de Peer Gynt da Cia Pequod Teatro de Animação, selecionado pelo Programa BR de Cultura 2009/2010, mescla bonecos com bonecos, bonecos com atores, atores com atores, usando objetos de cena como personagens.

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28.6.10

Quem vem a Lençóis busca mais natureza que festa

Se for na Chapada Diamantina, o São João pode ser também um tempo de aprendizagem sobre ecologia. Foi com esta intenção que a empresária Micheline Araújo, que possui uma empresa de reciclagem em Pernambuco trouxe o filho pequeno para passar as festas juninas e conhecer a região de natureza ainda preservada no coração da Bahia. “É muito importante para ensinar a ele o que a gente vai perder se não conservar o ambiente. O melhor projeto de educação ambiental que se pode ter é trazer as crianças para cá. Infelizmente estou vendo poucas aqui”, lamenta.

A dentista Sany Civini, que acompanha mãe e filho, mora em Salvador mas também não conhecia a Chapada. Escolheu o lugar para o São João porque além de buscar um forró mais tranquilo e próximo das origens do ritmo, queria explorar as possibilidades de trilhas, caminhadas e passeios. E já decidiu que não vai ficar só nesta visita. “Com certeza, os quatro dias que passei aqui não são suficientes e vou voltar”, projeta.

Parece que a tendência é que Sany fique igual ao casal Andre Rodrigues e Jeane Sales, funcionários públicos que sempre que podem, escapam de suas jornadas burocráticas em Inhambupe e Salvador para a Chapada, que já consideram como uma segunda casa. “A gente conhece as pessoas, tem um clima de comunidade”, elogia Jeane. “Viemos pela primeira vez em fevereiro de 2008 e esta é a quinta visita. Aqui no Morro do Pai Inácio é a segunda vez que estamos vindo”, contabiliza André, que estampa no rosto a satisfação após a descida do morro que tem uma vista deslumbrante da região.

Como grande parte dos visitantes da Chapada, eles se hospedam em Lençóis e fazem da cidade a base para os passeios pelas atrações que se estendem pelos municípios vizinhos. Pelos cálculos da prefeitura, a sede do município chega a dobrar de população em feriados prolongados como o São João.

É uma população flutuante altíssima e que, como se vê pelos depoimentos, sempre retorna à cidade, onde grande parte dos nativos vive do turismo. Portanto, o visitante precisa sair satisfeito. Por outro lado, os moradores convivem com os governantes todos os dias e cobram de perto o atendimento de suas necessidades e desejos. No São João ficou claro o conflito, com o povo querendo novidades e sucessos e o turista pedindo forró pé de serra.

A programação sofreu alterações de última hora e o sanfoneiro Coronel tocou durante três dias, inclusive no encerramento no sábado, acompanhado somente de zabumba e triângulo, como manda a tradição. As bandas Forró número 1 e Fubá de Milho completaram a noite, adicionando uma pitada de modernidade aos shows, que, como nos dias anteriores, duraram até o amanhecer.

Para os turistas, o que vale são os passeios e os shows ficam em segundo plano (fotos Valdenir Lima)

 

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Pau de sebo movimenta a praça dos Nagôs



Mais de uma quinzena de homens tentando alcançar um prêmio de R$ 250,00 no alto de um tronco de massaranduba com dez metros de altura, pode ser uma atração que atrai tantos turistas e nativos quanto um show no palco principal da festa em Lençóis.

A tradicional brincadeira do pau de sebo encheu a praça dos Nagôs, no centro histórico, no início da noite de sábado. Durante mais de uma hora e meia o público não arredou pé enquanto não viu o grupo de amigos, formando uma pirâmide humana, vencer a escalada que parece mais difícil a cada vez que o homem no alto do mastro escorrega, com os dedos a poucos centímetros do envelope com dinheiro.

O povo embaixo torce pelo sucesso, mas se diverte com os inúmeros fracassos. Para pessoas como a estudante Lara Nogueira, este lado cultural é o que mais importa no São João em Lençóis, que ela conheceu este ano. Quanto mais tradicional melhor. “Mesmo nos shows, preferia que fosse só o forró pé de serra”, informa.

A amiga advogada Juliana Bonfim, reforça. “Não queremos nada parecido com o São João para multidões que outras cidades fazem. O mais interessante é a parte cultural da festa”, reivindica.

A visita ao Parque Nacional da Chapada Diamantina foi apontada por ela como outro motivo para a viagem. A mesma motivação do designer paulista Gilberto Franco, que sempre quis conhecer a região, veio com a noiva, a sogra e outras pessoas e já pensa em voltar. “Não é para vir uma vez só. Aqui é um ícone do turismo no Brasil. Estou achando perfeito”, derrama-se.

É fácil constatar que a vontade de retornar é natural de quem vem à Chapada. São muitos os turistas que retornam mais de uma vez e eventualmente fazem até sacrifício para isso. Como a dentista Letícia Ferreira, que é do Rio de Janeiro, mora em Dallas, nos Estados Unidos, teve apenas uma semana de folga e fez questão de vir para Lençóis, pela terceira vez. “É meu lugar preferido na Bahia. É muito bom para quem mora em cidade grande ter esse contato com a natureza”, justifica Letícia, que há três anos esteve na região pela primeira vez.

Diante de tantos atrativos naturais, os shows são secundários para turistas, embora indispensáveis para quem nasceu na cidade e não vê novidade na natureza. O complicado é equilibrar a demanda por tradição, exigida pelos turistas e o modismo musical, mais ao gosto do morador local. Na última noite de festa no palco neste sábado, o desafio de atender os dois públicos estará sob o comando de Coronel, Forró número 1 e Fubá de Milho.

Nas fotos de Valdenir Lima, a pirâmide humana tentando escalar o pau de sebo e a dentista Letícia no Pai Inácio


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Um lugar para quem busca tranquilidade

“Venho para Lençóis porque é mais tranquilo para as crianças”, resume o funcionário público Maurício Lima, de Salvador. Ao lado dos dois filhos do primeiro casamento, ele tira fotos com o trio de forró e a casa de taipa cenográfica ao fundo. Maurício já esteve várias vezes em Lençóis, de tal maneira que nem sabe precisar quantas.

Parece haver uma regra não escrita dizendo que quem experimenta a cidade histórica sempre volta. A namorada Rosadélia Furlanetto, que é do Paraná, justifica a preferência renovada ano após ano dizendo que além da festa em si, o lugar oferece os atrativos naturais, os passeios que podem ser feitos durante o dia, enquanto o forró não começa.

O ambiente amigável de cidade pequena também é propício para quem prefere esperar os shows dos artistas no palco fazendo seu show particular. Durante o dia, nos restaurantes que colocam as cadeiras na rua na praça Horácio de Matos, há sempre um grupo de turistas cantando, puxados por um violonista amador. Ou até mesmo um karaokê ao ar livre, ao som de um tecladista local que toca sozinho enquanto espera algum visitante mais desinibido se arriscar ao microfone, quando tudo vira uma animada brincadeira compartilhada por gente que nunca tinha se visto. Hoje, a alegria coletiva só não foi maior pela frustração do empate sem gols do Brasil contra Portugal.

Coronel e Rasga Tanga fizeram a alegria do público na noite de quinta-feira. A última banda no estilo de música de vaquejada e o primeiro mais fiel à tradição junina, entoando sucessos de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e outros clássicos. Uma exigência de quem vai passar o São João em Lençóis, que espera encontrar o forró tradicional, ainda que os mais jovens, entre a população local, queiram ouvir algo mais identificado com a parada de sucessos.

A missão de agradar os tradicionalistas hoje está com Filhos de Seu Zé. E o típico São João encontra espaço também no Teatro de Arena, que abriga apresentação de quadrilhas e a encenação do sempre engraçado Casamento na roça.

“Transferimos o palco dos shows maiores para a avenida Senhor dos Passos, porque lá é uma área de 150 metros quadrados, enquanto no Teatro de Arena eram somente 32 metros”, justifica o secretário de Cultura e Turismo, Delmar de Araújo.

O município firmou convênio no valor de R$ 70 mil com a Bahiatursa, recurso que poderá ser utilizado livremente de acordo com o entendimento do governo municipal, organizador da festa.

O secretário defende a necessidade de planejamento conjunto para as cidades turísticas, para que a organização possa ser mais eficaz e trazer benefícios duradouros para a comunidade.

FOTOS: VALDENIR LIMA

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O público exige o forró autêntico para dançar





O sanfoneiro Coronel, na foto de Valdenir Lima

Desafiar a tradição junina em Lençóis é um risco. Depois de uma estreia na abertura oficial na quarta-feira com a banda Flor de Pimenta, representante do chamado forró eletrônico, o público reclamou e a prefeitura exigiu da produção que a partir desta quinta, a sanfona entre em cena.

Com isso muda a programação e o sanfoneiro Coronel assume a obrigação de comandar parte da festa no palco principal. A noite será completada pelas bandas Rasga Tanga e Espalha Brasa. “Sempre existe uma discussão se vale a pena ou não trazer outro tipo de banda. Mas o que é certo é que o forró tradicional não pode faltar”, defende o secretário de Cultura e Turismo, Delmar de Araújo.

Afinal, é o que público acredita que vai encontrar em Lençóis. Um exemplo é a estudante de psicologia Melina Maia. “Estou gostando. O show, foi só o primeiro dia e acredito que melhore”, torce ela, que veio de Salvador em um grupo de cinco amigos. “Já vim a Lençóis em outra época e passei São João em Mucugê, também na Chapada e gostei. Imagino que seja o mesmo aqui”, diz Melina, aproveitando para elogiar a beleza da decoração.

As ruas estão enfeitadas com casas de taipa, grandes balões e muitas bandeirinhas verdes, amarelas, brancas e azuis, que este ano servem tanto para celebrar as festas de junho quanto para animar a torcida pelo Brasil na Copa do Mundo.

Nesta quinta, um elemento a mais compôs a paisagem na praça Horácio de Matos, principal ponto do centro histórico: o grande pote de doces, que uma criança de olhos vendados tenta quebrar com uma paulada. Além do punhado de crianças, a brincadeira tradicional do quebra-pote atrai também a curiosidade dos turistas, como o italiano Andrea Airoldi. “É muito bonito, estou gostando muito”, avalia, depois de dois dias na cidade, aonde chegou por recomendação de um compatriota amigo e após pesquisas na internet. Como não gosta de cidades grandes como Salvador, mostrava-se encantado com a beleza de Lençóis, que conserva as características da época de sua fundação e desde 1973 é tombada pelo patrimônio histórico e artístico brasileiro.

Com a transferência do palco para uma área maior, o Teatro de Arena não saiu de cena. Ficou destinado às apresentações mais tradicionais. Somente na noite desta quinta-feira, três quadrilhas estão programadas para se apresentar.




Diversão garantida no São João de Lençóis mesmo fora do palco


FOTO VALDENIR LIMA

Fogueiras espalhadas pelas ruas do centro histórico, famílias reunidas dentro e fora das casas, concurso de quadrilhas e crianças brincando de soltar fogos. Todos os ingredientes de um São João tradicional podem ser encontrados em Lençóis, principal destino turístico da Chapada Diamantina.

As brincadeiras típicas do período, como casamento na roça e o quebra-pote também têm espaço na programação dos próximos dias. E ao lado da tradição, o hoje quase onipresente forró eletrônico.

Da noite de quarta-feira, dia da abertura oficial, até o final da programação no sábado (26), o palco montado na avenida Senhor dos Passos está reservado à nova geração do forró. Coube à banda Flor de Pimenta fazer a abertura, seguida do Xote Moleque. Ao som delas, o público se aglomerou em volta do palco a partir da meia noite, dançando e cantando.

Mas não é preciso cantor, letra de música, nem banda famosa para se divertir. Antes do show no palco principal, o Teatro de Arena era animado pela simplicidade instrumental do triângulo e da zabumba, comandados pela sanfona de Diolindo, músico local que conhece a alma do forró. Ninguém canta, mas todos dançam.

Durante todo o dia a cidade assiste e escuta a manifestação dos trios de forró que percorrem as ruas ou se instalam em um canto, executando as melodias juninas. O jeito espontâneo da festa dá espaço até para novidades com cara de tradição. Zezito de Jesus mora em Lençóis há 15 anos, mas só há quatro resolveu apresentar o “macaco Frederico”, que ele jura ser uma tradição de escravos em Castro Alves, sua cidade natal. Uma pessoa totalmente encoberta por um traje feito com vegetação nativa dança acompanhando um grupo de tocadores. E assim Índio vai se apresentando em frente às mesas de bares e restaurantes, recolhendo moedinhas no chapéu.

A tranquilidade de Lençóis é um dos principais atrativos para quem busca descanso da cidade grande. São muitos os que fazem isso em família, como a administradora Kátia Andrade. Como fez no ano passado, ela saiu de Salvador junto com o marido e a filha Natália, e está de volta à Chapada, onde confessa que gosta de tudo. “Da tradição, do clima, da natureza”, destaca. A filha de 10 anos, endossa. “É legal, por causa dos fogos e das fogueiras”.

A satisfação faz com que os visitantes voltem sempre. Como a família da aposentada Ana Maria Ferreira. Um grupo numeroso que inclui filhas, genros e netos se reúne em sua volta, para tirar fotos no Teatro de Arena. “Aqui é muito agradável e por isso estamos vindo já pelo quarto ano”, comenta. Moram quase todos em Salvador, mas uma das filhas veio do Rio de Janeiro com o marido especialmente para a ocasião.

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