2.6.10

Menino picado por aranha deve voltar à Bahia até o fim do mês

Em uma foto, a avó Carmen e a prima Adriana. Na outra, o irmão mais velho de Igor e mais primos, usando a camisa criada para ajudar a pagar a despesa do tratamento (Fotos: Reginaldo Pereira)

É palpável a sensação de alívio entre os familiares de Igor Nascimento Oliveira, o menino que com apenas um ano, passou por 18 cirurgias, em consequência da picada de uma aranha marrom, uma espécie venenosa, que quase tirou-lhe a vida. “A previsão é que ele possa voltar no dia 21”, informa a prima do garoto, Adriana Menezes.

Igor permanece em tratamento no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas em São Paulo. Mas deixou a UTI e segundo a avó Carmen Luiza Oliveira, 54 anos, melhora a cada dia.

Para salvar a vida de Igor, uma intensa mobilização foi realizada pelos familiares. Principalmente a partir do momento em que, depois de oito cirurgias, receberam no hospital Jorge Valente, em Salvador, o aviso da equipe médica, de que só restava rezar. Rezaram mesmo, organizaram uma missa que lotou a igreja, com parentes, amigos e até desconhecidos, e correram atrás de ajuda.

A família confeccionou mil camisas com a foto de Igor estampada, vendidas a R$ 10,00 para ajudar a pagar as despesas geradas durante a internação. A empresa onde trabalha o pai, Leonardo, garantiu que o plano de saúde pagaria o tratamento no Hospital das Clínicas em São Paulo. Porém ainda era preciso fazer a transferência em UTI aérea, cuidado indispensável pelo estado grave em que a criança se encontrava. Um custo superior a R$ 60 mil, que a família não podia pagar. A viagem só foi possível com a intervenção de políticos, a quem os parentes de Igor não se furtaram a recorrer. A Secretaria de Saúde do estado se responsabilizou pelo transporte.

“A primeira equipe médica que recebeu em São Paulo não deu muita esperança. Mas outros vieram depois e disseram que iam lutar pela vida dele. Eu nunca perdi a fé”, conta emocionada a prima Adriana.

A família de classe média vive no centro de Alagoinhas, em uma casa simples. Vários dos parentes moram nas imediações. “Nós éramos unidos, mas o caso do Igor serviu para nos unir muito mais”, confidencia a avó, que é mãe de Leonardo e sogra de Jamile, os pais do garoto, que estão em São Paulo desde 19 de março acompanhando a criança. O outro filho, Iuri, de 7 anos, estuda na escolinha de propriedade de uma tia, onde a prima Adriana é coordenadora.

Os parentes esperam fazer uma festa e uma missa em ação de graças, quando Igor retornar. Mas ainda não sabem quando isso poderá ocorrer, já que é certo que o garoto ainda vai precisar de reabilitação no hospital especializado Sara Kubitschek, em Salvador, devido à amputação da perna esquerda, consequência da necrose posterior à picada.

PICADA NA PRAIA

A picada da aranha marrom aconteceu durante veraneio da família, que alugou por 15 dias, no período de Carnaval, uma casa na praia de Subaúma, no litoral Norte. Como Igor, então com nove meses, começou a choramingar, a família, que pretendia ficar mais uma semana, retornou na Quarta-feira de Cinzas.

Ninguém viu o ataque da aranha e não havia ainda nenhuma mancha na pele. O mal estar do menino foi atribuído ao nascimento dos dentes. Como ele continuou a reclamar, no sábado foi levado a uma clínica particular, onde tomou remédio para dor, que aliviou os sintomas por algumas horas.

À noite o incômodo da criança obrigou a mãe a procurar o Dantas Bião, hospital público do município. Os médicos quiseram manter o menino internado, mas ela preferiu levá-lo para casa assinando um termo de responsabilidade. Quando foi ao pediatra da família, na segunda-feira, a mancha provocada pelo veneno na pele já era visível. O médico recomendou a transferência imediata para o hospital Jorge Valente, na capital.

Foi somente em Salvador que ocorreu o diagnóstico e o menino recebeu o antídoto contra o veneno da aranha. Mesmo assim, a necrose da pele continuou a crescer. Foram feitas seguidas cirurgias para raspar a pele afetada. Depois vieram as amputações, cada vez um pouco mais acima na perna.

“Foi em 15 de março que o cirurgião disse que não havia mais nada a fazer”, lembra a avó. A transferência para São Paulo veio como um último recurso, que felizmente deu certo, após novas cirurgias, que incluíram até a retirada de um pedaço de um rim, onde houve a desconfiança de que o veneno já chegara também. “Foi um pedaço pequeno e disseram que com o tempo vai se regenerar”, detalha Adriana.

Agora a avó já tem uma lista dos indicadores da melhora da saúde de Igor. “Ele saiu da UTI, não toma mais remédios fortes, respira sem aparelho, ouve música e reconhece a mãe”, vibra Carmen Luiza, ansiosa pela volta do neto.

Posted via email from Glauco Wanderley

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