Nem os próprios políticos podem negar que grande parte deles são corruptos. Porém são ainda uma outra coisa: corruptores. Isso porque pagam indivíduos de alguma forma, para obter seus votos.
Para que haja corruptores, é preciso haver corruptos. E neste caso, o corrupto deixa de ser o político para ser o eleitor que vende seu voto.
Alguns políticos me disseram ultimamente que mesmo não querendo, fica quase impossível fazer política e conquistar eleitores sem oferecer favores ou sem atender solicitações diversas, que incluem não apenas o manjado pedido de emprego mas também coisas como vagas em escolas públicas da preferência do pedinte.
O eleitor mais pobre se vende por 10 reais, um saco de cimento, um tanto de entulho. Mas o mais endinheirado também quer um perdão de IPTU, de uma multa de trânsito, uma concessão aqui e outra ali e vão todos buscando seu bocado.
Um dos políticos que se queixou disso a mim disse que não iria mais se candidatar, porque no domicílio eleitoral dele, uma pequena cidade, todos de alguma forma se corrompiam e era impossível ganhar votos pregando idéias.
Tudo isso não é novidade nenhuma e todos que tenham um mínimo de contato com este sistema concordam que é verdade. Quase todos hão de concordar também que está errado. Mas como modificar? Como quebrar este círculo vicioso? É possível fazê-lo?
Extinguir totalmente não é possível. Sempre haverá algum tipo de troca de favores por votos, assim como tem gente que vota num candidato por considera-lo bonito ou com cara de bom menino.
O problema é que essa escolha pouco criteriosa se acentua pela desigualdade social que é muito grande. A grande massa do eleitorado pobre não vê perspectiva de ascensão alguma na vida e acha que só pode ter alguma coisa se o poderoso de cima der.
Isso se expressa até na forma como as pessoas se auto-definem, dizendo “Eu sou fraco” e, apontando para um grupo de deputados e secretários, define: “Ali são os homens fortes da Feira de Santana”.
Evidente que o progresso coletivo e a diminuição das diferenças abissais de renda fariam o problema se atenuar. Ocorre que para o desenvolvimento e a distribuição de renda, a participação do poder público é fundamental.
A educação seria o grande promotor do desenvolvimento, mas a nossa é péssima. O poder público é controlado por gente que não dá a mínima para o problema, até porque em sua maioria também não tem educação. Tanto China quanto Índia, a despeito de terem uma legião de centenas de milhões de miseráveis num contingente populacional superior ao bilhão de pessoas, alicerçaram seu crescimento na educação qualificada de suas elites no exterior (basicamente Estados Unidos e Inglaterra). Com um batalhão de gente altamente qualificada, o desenvolvimento foi inevitável e acabou por beneficiar milhões de pessoas que viviam na miséria, mas que vão aos poucos melhorando de vida.
Mas nem com isso podemos contar. Entre nós, o progresso não se baseia no mérito nem na inteligência, mas na esperteza, aquela esperteza burra, que se vangloria de ser inteligente, parente próxima do “jeitinho brasileiro”.
12.6.06
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