12.6.06

Sai da sala, meu filho! Vai começar o jornal

Se ainda estivéssemos no tempo em que os pais davam ordens e os filhos obedeciam imediatamente, não haveria telespectadores mirins na hora em que a TV começa a mostrar as notícias do Brasil.
Nos idos de antigamente, quando Roberto Jefferson ainda não tinha levantado a tampa do bueiro, pessoas sinceras e falsos moralistas apontavam as novelas como as grandes professoras de mau comportamento para a criançada. Agora as ruindades de folhetim estão perdendo feio para a realidade.
E os meninos aprendem que no nosso país quem está podendo é o cínico, o mentiroso, o debochado, o que não estudou porque não quis, o que mata mais e outros tipos vulgares.
Ontem mesmo (25/05), uns deputados em Brasília se disseram ofendidos e fingiram que prenderam um advogado que disse ter aprendido com eles, deputados, a malandragem.
Quem há de negar que o advogado tem razão? De qualquer modo, ele não ficará preso. Nem o técnico de som que lhe vendeu por 200 dinheiros a gravação que ajudou a detonar a onda de violência em São Paulo, na qual policiais que só se diferenciam dos bandidos pelo uso da farda, aproveitaram para executar gente que cometeu o crime de ser pobre e morar na periferia sem Estado e sem lei.
Como prender o advogado e o técnico de som se Marcos Valério está solto, Delúbio está solto, Jeferson está solto, Dirceu está solto, Marcola dá as cartas e Lula está quase reeleito? Se quase todo deputado corrupto é absolvido e a Câmara e o Senado já desistiram até de investigar os envolvidos no escândalo das ambulâncias superfaturadas?
Não há como negar. Os últimos 13 meses no Brasil estão ensinando que o crime compensa e que o aborrecimento passageiro que provoca é muito inferior às benesses que oferece (pense por exemplo no Duda Mendonça).
Os ladrões do cofre do Banco Central em Fortaleza, que fizeram o maior assalto a banco da nossa história, tiveram muito mais trabalho e correram muito mais risco do que esse pessoal.
A gente considera que foi um plano engenhoso escavar um túnel por baixo do quarteirão, porém muito mais engenhosos são os políticos, que fazem o dinheiro correr direto para o bolso deles, depositado em conta ou transportado em meias, cuecas, malas e só a dona Mary Corner sabe (mas não fala) aonde mais.
Por fim, os larápios de Fortaleza foram muito desunidos e alguns acabaram caindo pelo caminho, presos ou mortos por colegas. Bem diferentes da turma do colarinho branco onde um acoberta o outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Espalhe

Bookmark and Share