Vote em quem você quiser entre os principais candidatos ao Senado e estará levando um pouquinho mais de ACM a Brasília. Nem todos gostam de ser lembrados disso, mas todos são crias do mesmo. João Durval é o que há mais tempo deixou o grupo, mas foi como carlista que chegou ao governo do estado e angariou, por méritos próprios, vale dizer, o prestígio de que ainda desfruta e que o faz um dos favoritos ao Senado. Tanto identifica-se com os antigos companheiros que chegou-se a especular sobre uma possível aliança com o PFL, conversas que deram em nada depois que o TSE decidiu moralizar um pouquinho a disputa, mantendo a verticalização.
Imbassahy, tucano novo, é o que tem a situação mais difícil de conciliar em matéria de coerência; e conseqüentemente a maneira mais envergonhada de lidar com sua herança pefelista. Quer ser ao mesmo tempo uma opção para oposicionistas, sem perder seus votos carlistas. Apresenta-se como "senador de toda a Bahia" e "novo senador da Bahia", numa tentativa de transformar em vantagem a própria falta de identidade. A confusão é tamanha que vai ainda mais longe, pois em sua propaganda no rádio disse que vai estar "ao lado do presidente", reivindicando em favor da Bahia. Deve estar fazendo confusão porque PFL e PSDB, embora aliados a nível nacional, são inimigos na Bahia. Terá deduzido que sendo assim, o PSDB em Brasília está com o PT. Precisa ser avisado que seu parceiro no PSDB baiano, Jutahy Júnior, é um dos mais implacáveis críticos do governo Lula.
Mas na eleição o candidato carlista mesmo é Rodolfo Tourinho. Perdão, Rodolpho Tourinho. Também não me cobrem um conhecimento profundo sobre o homem, pois até em sua página oficial de senador na internet se pode encontrar o nome grafado das duas formas. Não sou o único que não conhece o Tourinho. O sobrenome até que é razoavelmente popular na Bahia. Talvez fosse o caso do seu pessoal de marketing trabalhar o sobrenome, fazendo o contrário do que fizeram os marketeiros do Alckmin, o Geraldo. Muitos feirenses, por exemplo, fazendo confusão, poderiam votar no Rodolpho pensando se tratar do vereador Roberto Tourinho, certamente mais conhecido por estas bandas, embora de oposição ao PFL (se bem que já foi aliado também em outros tempos). Em Salvador, fez fama Arx Tourinho, destacado advogado, falecido em janeiro do ano passado, que presidiu a OAB e era da cota dos desafetos de ACM. Se seu sobrenome ajudasse a empurrar o pesado candidato, tanto melhor. Seria até uma espécie de vingança para o cabeça branca depois dos aborrecimentos que passou nos embates com o destemido jurista.
Afinal, apesar de seus ex-pupilos Durval e Imbassahy estarem perto da eleição, para ACM não é vantagem alguma, pois desta vez ele queria é o Rodolpho. A vitória de Rodolpho poderia ser a desmoralização da urna eletrônica, pois é difícil acreditar em suas chances de reabilitação nesta campanha. A derrota será a desmoralização da teoria de que "ACM elege até um poste". A tese já foi abalada pela vexatória derrota de César Borges na eleição para a Prefeitura de Salvador em 2004. Tratava-se na ocasião de um candidato que tinha sido governador, ou seja, ao contrário do senador Tourinho, amplamente conhecido. Mesmo assim, por muito pouco não ficou em terceiro, atrás do petista Pellegrino. Agora, o previsível fracasso do candidato pefelista abalaria definitivamente a fama de invencível do líder do carlismo, embora seja conveniente inclusive para os que, dentro do próprio PFL, querem ver ACM perder força.
Aliás, fora uns muros pintados na véspera da carreata para dar satisfação ao candidato e seu padrinho, onde está a campanha de Rodolpho Tourinho em Feira, o segundo mais importante colégio eleitoral do estado?
Publicado em 02/09/06 na Tribuna Feirense
2.9.06
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