A Bahia tem um dos piores desempenhos nacionais na área do ensino fundamental, de acordo com a medição feita em todo o país pelo MEC, através da Prova Brasil. Piores que a Bahia, somente cinco outros estados do Nordeste.
O trágico é que a Bahia está entre os últimos estados do Brasil, que é um dos últimos países do mundo em educação, de acordo com exame internacional realizado em 40 nações (PISA). Em resumo, alunos de 8ª série têm conhecimento equivalente à 4ª e os de 4ª sabem nada, nem ler.
Em Feira de Santana, o desastre é o mesmo, com o agravante de que as escolas municipais obtiveram resultados um pouco piores que as estaduais (os resultados, escola por escola, estão na edição de lançamento da revista Atual, que está nas bancas da cidade).
Por que chegamos tão fundo neste poço de ignorância? Com certeza, uma das razões é que nunca se deu prioridade à educação. O Brasil se propôs a erradicar a poliomielite das crianças e conseguiu. A Bahia se propôs a erradicar a febre aftosa do gado e conseguiu. O Brasil se propôs a fazer aviões e conseguiu. Se propôs a explorar petróleo e em 53 anos saiu do zero para a quase auto-suficiência (não é verdade que deixamos de comprar petróleo, como o governo federal quer nos fazer pensar).
Na educação, foram estabelecidas apenas duas grandes metas para inglês ver: colocar todas as crianças na escola e tirar as crianças do trabalho para as salas de aula (embora o trabalho infantil ainda seja muito presente, mesmo com o PETI). Mas esta escola que temos está servindo mais como abrigo de menores. Em matéria de aprendizado, nada.
Feira de Santana mesma pode ser um caso exemplar de como a educação está no fim da fila das prioridades. Sob o comando do prefeito José Ronaldo, que está perto da metade do segundo mandato, aumentou-se a arrecadação, recuperou-se a capacidade de investimento do município, abriram-se avenidas, foi feita muita pavimentação, reabertos postos de saúde, implantados serviços que não havia, como SAMU. Foram atraídos empreendimentos industriais importantes e recuperou-se força e prestígio para os grandes eventos anuais (Micareta, São João e Expofeira).
Mas a educação é uma ruína que nem a reforma de algumas escolas ou o esforço de educadores comprometidos com o trabalho consegue esconder. E por quê? Também porque a sociedade não cobra e não se importa. As pessoas não cobram educação como cobram saúde, transporte, segurança e emprego. E a política, todos sabemos, é movida fundamentalmente pela pressão. Sob pressão cassam-se mandatos, demitem-se amigos, faz-se reforma agrária, legalizam-se vans e motoboys. Sem pressão, deixa-se como está, para ver como é que fica.
Oxalá consiga a iniciativa dos maiores empresários do país (www.todospelaeducacao.org.br), lançada no último dia 6, alcançar o objetivo de transformar a educação em obsessão nacional, muito mais que futebol e Copa do Mundo. Não existe outra forma de sairmos do atoleiro em que nos metemos há décadas.
Publicado na Tribuna Feirense em 16/09/06
18.9.06
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