Depois de morar 15 anos em São Paulo, Maria Aparecida Araújo voltou para Lajedinho, um povoado no município de Jussara, na região de Irecê. Encontrou tudo diferente de quando se mudou. “Fui a primeira a ir embora para São Paulo e depois todos saíram daqui também. Devia ter umas 100 casas e agora só tem a minha com o meu marido e dois filhos”, constata.
Não havia perspectiva de futuro para os moradores de Lajedinho. Mas no dia a dia faltava algo ainda mais indispensável: água. Uma situação que atrapalha a vida de Aparecida até hoje. Por não ter cisterna para armazenar, ela vai buscar em um tanque distante quando o poço que o marido cavou fica seco.
Apesar de haver muitas cisternas espalhadas pelas pequenas propriedades e de outras estarem em construção, muita gente ainda espera sua vez. Como Geraldo de Lima, que pega o líquido na casa do vizinho Cícero Ribeiro, dono de uma cisterna de 16 mil litros que é padrão, construída por uma ONG dentro do projeto 1 milhão de cisternas. “Aqui perto quase todo mundo já tem”, afirma.
Cícero diz que nem gosta de lembrar de quando tinha que passar metade do dia andando para ir e voltar buscando água de boa qualidade. “Ave Maria, agora tá bom demais”, comemora. Água salobra de tanque é só para lavar casa ou roupa. “Pra beber e cozinhar é da cisterna”. Que nunca seca, porque o agricultor mora sozinho e os cálculos das entidades construtoras é que 16 mil litros sejam o bastante para uma família de seis pessoas por oito meses.
Enquanto a cisterna não chega, quem vive na árida região de Irecê, enfrenta dificuldades. Como Michele de Oliveira, que tem um filho de 1 ano e 8 meses. “A gente fica sem poder lavar as roupas e até a louça”, lastima. A esperança é a escavação que está sendo feita ao lado da casa para receber a cisterna.
“Estou cavando aqui com a intenção de terminar até segunda-feira”, previa Jailson da Palma, na sexta-feira (06), enquanto escavava um terreno para uma cisterna financiada pela ONG Centro de Assessoria do Assuruá, com sede em Irecê. Ele considera a construção de cisternas uma das principais alternativas de renda. O colega João Gonçalves faz coro. “Estou esperando ser chamado para cavar mais”, afirma, de olho na diária de R$ 20,00 que recebe pelo serviço.
Para José Guabiraba, a cisterna foi sobretudo um fator de união, evitando a migração. Ele e os três filhos, que moram em propriedades vizinhas com suas respectivas famílias, conseguiram uma para cada um, dentro do programa 1 Milhão de Cisternas, financiado por recursos públicos e doações de particulares e executado por ONGs em todo o semi-árido brasileiro.
“Eu participei de treinamentos e de reuniões do sindicato e da associação”, relata. O envolvimento comunitário é sempre uma condição que os agricultores mencionam como necessária para conseguir o benefício. Além da colaboração da família no trabalho de auxiliar de pedreiro, contrapartida que permite a gratuidade das cisternas. “Veio o mestre de obras, fez e ensinou”, atesta. “Agora a gente tem água doce, porque a do poço que tem aqui, era sempre salobra”, lembra. Apesar de ter parado de chover em Jussara em abril, ele não demonstra qualquer receio. “Nunca faltou, desde que construiu, há três anos”, argumenta.
A mesma sensação de alívio experimentam os moradores de Capim Grosso, povoado em Tiquaruçu, distrito de Feira de Santana. A cisterna construída com recursos transferidos pelo MOC (Movimento de Organização Comunitária), chegou antes da água encanada da Embasa. Servia a pelo menos 20 famílias, segundo Ivonice de Freitas, irmã da proprietária da casa onde foi instalado o equipamento. “Quando veio a água encanada quase todo mundo comprou reservatórios. Mas para nós continua servindo muito, porque no verão a da Embasa começa a faltar”, explica.
O sobrinho Adailton Almeida, que ajudou no mutirão da construção, relaciona até um quadrúpede entre os beneficiários do reservatório na frente da casa. “Quem sofria era o jegue, que dava várias viagens para buscar água longe”, recorda.
Segundo a Assuruá, convênios celebrados pela entidade com os governos federal e estadual desde 2008 permitiram a construção de 2.250 cisternas em 22 municípios da região de Irecê, ao custo de R$ 5.042.914,82. Já o MOC afirma que construiu mais de 6 mil cisternas de16 mil litros na região sisaleira da Bahia, por meio de projetos diversos executados ao longo de seus mais de 40 anos de existência. As duas entidades também participam do programa 1 milhão de cisternas.
FOTOS: REGINALDO PEREIRA
Não havia perspectiva de futuro para os moradores de Lajedinho. Mas no dia a dia faltava algo ainda mais indispensável: água. Uma situação que atrapalha a vida de Aparecida até hoje. Por não ter cisterna para armazenar, ela vai buscar em um tanque distante quando o poço que o marido cavou fica seco.
Apesar de haver muitas cisternas espalhadas pelas pequenas propriedades e de outras estarem em construção, muita gente ainda espera sua vez. Como Geraldo de Lima, que pega o líquido na casa do vizinho Cícero Ribeiro, dono de uma cisterna de 16 mil litros que é padrão, construída por uma ONG dentro do projeto 1 milhão de cisternas. “Aqui perto quase todo mundo já tem”, afirma.
Cícero diz que nem gosta de lembrar de quando tinha que passar metade do dia andando para ir e voltar buscando água de boa qualidade. “Ave Maria, agora tá bom demais”, comemora. Água salobra de tanque é só para lavar casa ou roupa. “Pra beber e cozinhar é da cisterna”. Que nunca seca, porque o agricultor mora sozinho e os cálculos das entidades construtoras é que 16 mil litros sejam o bastante para uma família de seis pessoas por oito meses.
Enquanto a cisterna não chega, quem vive na árida região de Irecê, enfrenta dificuldades. Como Michele de Oliveira, que tem um filho de 1 ano e 8 meses. “A gente fica sem poder lavar as roupas e até a louça”, lastima. A esperança é a escavação que está sendo feita ao lado da casa para receber a cisterna.
“Estou cavando aqui com a intenção de terminar até segunda-feira”, previa Jailson da Palma, na sexta-feira (06), enquanto escavava um terreno para uma cisterna financiada pela ONG Centro de Assessoria do Assuruá, com sede em Irecê. Ele considera a construção de cisternas uma das principais alternativas de renda. O colega João Gonçalves faz coro. “Estou esperando ser chamado para cavar mais”, afirma, de olho na diária de R$ 20,00 que recebe pelo serviço.
Para José Guabiraba, a cisterna foi sobretudo um fator de união, evitando a migração. Ele e os três filhos, que moram em propriedades vizinhas com suas respectivas famílias, conseguiram uma para cada um, dentro do programa 1 Milhão de Cisternas, financiado por recursos públicos e doações de particulares e executado por ONGs em todo o semi-árido brasileiro.
“Eu participei de treinamentos e de reuniões do sindicato e da associação”, relata. O envolvimento comunitário é sempre uma condição que os agricultores mencionam como necessária para conseguir o benefício. Além da colaboração da família no trabalho de auxiliar de pedreiro, contrapartida que permite a gratuidade das cisternas. “Veio o mestre de obras, fez e ensinou”, atesta. “Agora a gente tem água doce, porque a do poço que tem aqui, era sempre salobra”, lembra. Apesar de ter parado de chover em Jussara em abril, ele não demonstra qualquer receio. “Nunca faltou, desde que construiu, há três anos”, argumenta.
A mesma sensação de alívio experimentam os moradores de Capim Grosso, povoado em Tiquaruçu, distrito de Feira de Santana. A cisterna construída com recursos transferidos pelo MOC (Movimento de Organização Comunitária), chegou antes da água encanada da Embasa. Servia a pelo menos 20 famílias, segundo Ivonice de Freitas, irmã da proprietária da casa onde foi instalado o equipamento. “Quando veio a água encanada quase todo mundo comprou reservatórios. Mas para nós continua servindo muito, porque no verão a da Embasa começa a faltar”, explica.
O sobrinho Adailton Almeida, que ajudou no mutirão da construção, relaciona até um quadrúpede entre os beneficiários do reservatório na frente da casa. “Quem sofria era o jegue, que dava várias viagens para buscar água longe”, recorda.
Segundo a Assuruá, convênios celebrados pela entidade com os governos federal e estadual desde 2008 permitiram a construção de 2.250 cisternas em 22 municípios da região de Irecê, ao custo de R$ 5.042.914,82. Já o MOC afirma que construiu mais de 6 mil cisternas de16 mil litros na região sisaleira da Bahia, por meio de projetos diversos executados ao longo de seus mais de 40 anos de existência. As duas entidades também participam do programa 1 milhão de cisternas.
FOTOS: REGINALDO PEREIRA
Cisterna em construção e cisterna de José Guabiraba
Cisternas de placa, como as objeto do comentário acima, estão tentando substituir por cisternas de plástico, tipo "cave e coloque". O Blog "Inovação e Adaptação ao Aquecimento Global" (http://www.inovasmtp.blogspot.com) expõe em sua postagem Feliz Ano Novo, Feliz Año Nuevo, Happy New Year, de sábado, 31 de dezembro de 2011, um ponto de análise que mostra aspecto desfavorável à "cave e coloque" que não pode ser desprezado.
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