Falei das outras entrevistas no JN e não falei da de José Serra. Fiz o comentário no Jornal das 2, mas não foi gravado nem escrito, daí o prazo se perdeu neste acomodado blog.
Na verdade não houve nada de surpreendente na entrevista. O candidato é mais acostumado ao confronto eleitoral e, embora ultimamente esteja dando umas respostas malcriadas à imprensa por onde anda país afora, não faria isso diante da audiência de milhões do Jornal Nacional. Ninguém vai ganhar a eleição por causa da entrevista no JN, mas um deslize pode custar caro. Dilma, por exemplo, deu margem a muitas críticas pelo engano de ter colocado a Baixada Santista no Rio. Plínio, nos seus 3 minutos da quinta foi bem pior do que no debate da Band (foi confuso nas explicações, tentou negar o que o programa do partido propõe; enfim, desperdiçou seu minifúndio de 180 segundos).
A avaliação de quem não é partidário de A nem de B, foi que Serra saiu-se melhor que Dilma e Marina. Concordo. E concordo também que tinha obrigação de sair-se melhor, em função da prática com entrevistas e eleições. Os apresentadores foram mais amenos com ele? Não, porque fizeram-lhe perguntas embaraçosas tanto quanto fizeram aos demais. Como ele não se exaltou nem se embaraçou (embora tenha enrolado, como é próprio da política), tudo transcorreu de modo mais tranquilo.
O que ficou claro foi a insistência de tentar grudar em Dilma a imagem de quem não tem autonomia, preparo nem experiência para governar o país. Usou dessa vez a imagem da garupa, como se Lula fosse dirigir o país e Dilma estivesse na carona.
Ora, se assim fosse, não seria problema algum para grande parte do eleitorado de Dilma, que está com ela porque não pode votar em Lula, já que felizmente não botaram em prática a anti-democrática ideia da re-reeleição.
- Ei, se Dilma ganhar, quem vai mandar é Lula - avisa Serra.
- Ótimo - respondem em coro os lulistas (mais ou menos 80% da nação).
Do mesmo modo não cola dizer que Dilma não tem preparo, pois só o que tem feito há décadas é ocupar cargos de confiança em diferentes áreas do setor público, no nível estadual e no nível federal. O que ela não tem é experiência em eleição. Pelo visto, não está lhe fazendo falta.
Será que a partir do início do horário eleitoral, hora da decisão, Serra vai aparecer com outra estratégia? Tá precisando. Confira a partir de terça-feira, em uma emissora qualquer da sua TV, 1 da tarde ou 8 e meia da noite.
Olá Glauco, você esqueceu de escrever sobre a estratégia de Serra em se passar por alguém de origem "humilde" como se isso fosse amenizar sua ideologia elitista, bem característica dos "Demo".
ResponderExcluirAbraços!
João Luís
Olá Glauco,
ResponderExcluirPresumo que você tenha sido infeliz em algumas de suas informações. Na carta capital Nº 609, tem algumas colocações no editorial Mino Carta que expõem as entrevistas no JN de forma mais clara e elucidativa. Em relação a Serra ele diz que “O casal JN deixou o candidato falar a vontade. E quando a entrevista pretendeu chegar ao ponto de fervura, a pergunta foi: o senhor não se sente constrangido de ter apoiado o PTB, partido metido no escândalo do mensalão petista? Nada do mensalão mineiro nem do escândalo do DEM em Brasília. Maluf e Quércia? Esquecidos. E os votos comprados para a reeleição de FHC?”
As perguntas feitas a Serra eram todas com a intenção de afetar o PT, todas direcionadas a uma resposta feita. O Pitt Bonner, como ficou conhecido no twitter, não foi tão agressivo e desagradável como foi com as candidatas. Na coluna, Mino Carta completa com uma pergunta de Bonner sobre os pedágios paulistas - fato em evidência no estado de São Paulo - e a resposta de Serra, segundo Carta, foi que: “Na ultima concessão que fez, os preços do pedágio caíram pela metade. Omitiu que os postos de cobrança foram dobrados”.
A liberdade de imprensa e formidável porque as informações chegam de todas as formas por todos os lados, o que muda é a forma de compreensão de cada um. Nesse momento eu prefiro o editorial da revista Carta Capital. Coincidiu com minha impressão a respeito das entrevistas em questão.
Com meus respeitos.
Eu concordo em parte com as observações de Mino Carta que você endossa. Mas isso nos levaria a uma discussão infinita, cabível numa conversa, mas não nestas breves análises. Se houve intenção de favorecer Serra, isso, para mim, foi feito de modo sutil. Por isso mesmo, mais fácil de negar. Por outro lado, uma postura mais amena não poderia ser resultado de uma autocrítica do telejornal? Aí você vai dizer: Quanta inocência! É o que digo: eu sou um inocente. Caso contrário já teria morrido de infarto fulminante. Seja por qual razão, o resultado final é que o balanço das entrevistas foi favorável a Serra. Nem assim as pesquisas do momento lhe apareceram favoráveis. Ao contrário. Parece que o homem arranjou uma Missão Imposssível (e ele não se parece com Tom Cruise).
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