Ronaldo mira no que não viu e acerta o próprio pé

Como o colega Valdomiro Silva, acho que o governo de José Ronaldo foi um dos melhores que a cidade já teve.

E como o colega Valdomiro Silva, vi com desagrado a forma como o ex-prefeito se referiu a matéria do jornal, que fala da ação da Advocacia Geral da União contra ele e a ex-secretária Denise Mascarenhas.

Ronaldo teve oito anos à frente do governo e a Tribuna Feirense está na praça há 10, recém-completados. Qualquer pessoa séria, sem paixão política a conturbar-lhe a mente, sabe da honestidade e isenção dos dirigentes do diário, Valdomiro Silva e César Oliveira.

Mas José Ronaldo, aborrecido com a notícia e talvez impossibilitado de externar publicamente seu aborrecimento a quem realmente merecesse ser alvo dele, resolveu lançar suspeitas sobre as intenções do jornal em dar a informação, que por sinal já tinha chegado ao conhecimento público, por meio de rádios e internet.

Foi muito infeliz sua fala, concedida no sábado ao programa Carlos Geilson, a qual reproduzo abaixo:

“Até mesmo na manchete desse jornal, não sei o que está por trás disso, porque nesses três encaminhamentos que dá o Advogado Geral da União tem o nome mais ou menos de 20 pessoas ou mais até. Acho que dá o nome de 25 pessoas. E aí [o jornal] bota o nome de Denise e de Ronaldo. Não sei o que está por detrás disso, pra ter esses dois nomes. Mas todo mundo tem o direito de fazer e escrever o que quiser e a liberdade de imprensa taí pra isso. E aí é boa a imprensa por isso, porque tem liberdade de ação, total liberdade. Agora ontem eu estava viajando no Oeste, com o celular ligado, e várias pessoas de Feira de Santana falaram comigo. Então eu acho que eu poderia até ter sido ouvido, mas não fui”.

Hoje Valdomiro Silva ocupou espaço nos programas de Carlos Geilson e Dilton Coutinho, para explicar ao público o que se passou e demonstrar sua desaprovação à fala do ex-prefeito.

Como é óbvio, explicou que, diante de um fato consumado (a ação por improbidade administrativa) não estava obrigado a só publicar depois de ouvir a outra parte. Fez a tentativa (me parece que já no horário de fechamento do jornal). Não conseguiu falar com Ronaldo, mas não fica eticamente impedido de divulgar um fato que já é de conhecimento público. O próprio processo está disponível na internet a quem se interessar por ele.

As ações podem até tratar de questões de menor importância, como alega o ex-prefeito. Mas não deixam de ser noticiáveis por isso. Ronaldo tenta se fingir de desentendido ao ponto de lançar mão do argumento de que há outros citados no processo e não destacados na matéria. Ora, ele sabe que os outros não têm importância nenhuma para o leitor feirense.

Se as ações “não têm cabimento nenhum”, como ele avalia, dispensam tanta irritação.

O certo é que Ronaldo viu segundas intenções onde não existem. E só perdeu, ao direcionar sua reação para o alvo errado.