Quando assisti este filme de 8 minutos e meio sobre O Estado de São Paulo, feito em 1932, que mostra “todo o complicado trabalho e todo o complexo de aparelhamentos que demanda a feitura de um jornal moderno e de grande tiragem”, morri de rir especialmente no trecho que menciona um rolo com a notícia enviada às oficinas por um “sistema muito prático de tubos pneumáticos, percorrendo subterraneamente em alguns segundos cerca de 800 metros”.
A coisa mais moderna que vislumbrei foi a versão em ritmo de big band da música de Liszt que serve de fundo musical. Mas aos poucos me dei conta de que na essência, o processo não mudou tanto em relação ao jornal de papel que hoje chega em nossas mãos.
Os mesmos princípios vigoram. Escrever, compor a página, mandar à gráfica para impressão e fazer chegar às mãos dos leitores, de carro, de trem, de avião. O que demonstra o quanto é precário e economicamente ilógico o jornal de papel. Os avanços na área permitiram melhorar a qualidade, inserir fotos, fazer mais exemplares em menos tempo e esticar o horário de fechamento.
E no entanto, por mais esticado que seja este horário, jamais dará conta de manter o leitor atualizado, se este dispuser de uma conexão à internet e a informação necessária sobre onde encontrar a notícia. A internet revoluciona a tal ponto a difusão dos fatos que nem mesmo os veículos online nacionais conseguem acompanhar a velocidade da notícia se ela ocorrer nos países que no Atlas convencional estão a leste do Brasil. Devido ao fuso horário, se você consultar sites estrangeiros pela manhã vai saber mais cedo e melhor sobre o que se passa na Europa, na África ou na Ásia, por exemplo.
Em contrapartida ao contraproducente processo de confecção de um jornal impresso, para publicar um texto on line você precisa de um computador (ou um telefone) com acesso à internet. Pode acrescentar fotos e vídeos com alguns cliques, deixar disponível ao mundo inteiro instantaneamente e abrir ao leitor a oportunidade de participar, escrevendo comentários. Não é um "complicado trabalho", nem demanda um "complexo de aparelhamentos".
Claro que décadas ou em alguns casos mais de cem anos de tradição garantem aos jornalões um público fiel e habituado às páginas de papel, que jamais as trocará pelo computador. O que os jornais lamentam é que estas pessoas não viverão para sempre. Eu particularmente não acredito que verei o adolescente de hoje trocar a tela pelo papel ao se tornar adulto.
AND LAST BUT NOT LEAST: Você não precisa ser dono do Estadão, nem empregado dele, nem pedir autorização a ele para escrever. Agora se vire para conseguir leitores, porque o Estadão já tem.
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