4.1.10

Homicídios em Feira crescem pelo sétimo ano seguido


Como já se desenhava desde o começo do ano, 2009 teve um recorde no número de homicídios em Feira de Santana (foram 342, sem contar os 21 latrocínios divulgados pela contabilidade do jornal Tribuna Feirense).

São 47 mortes a mais que no ano anterior. O número de homicídios nunca parou de crescer de um ano para outro, desde 2003.

A estatística de crimes na cidade é atualizada diariamente por radialistas que trabalham no Complexo Policial. Aldo Matos, que participa do programa Acorda Cidade e conduz seu próprio noticioso diário específico do setor (Nas ruas e na polícia), apresentou os números do ano que findou, comparando-o com o restante da década, em matéria do site Acorda Cidade.

De acordo com o levantamento, o ano de 2002 havia registrado um salto na taxa de homicídios, que passaram de 134 em 2001 para 160. Voltaram a cair em 2003, mas desde então vêm subindo sem parar, como mostra o gráfico abaixo.









Até 2005 pode-se dizer que era um crescimento vegetativo e então a comunidade já achava que ocorriam mortes demais. Porém de 2006 em diante a situação agravou-se. Tanto que os números de 2009 se aproximaram do triplo daqueles 129 de 2003, primeiro ano da escalada.

DESILUSÕES

O agravamento da mortandade em 2006, pisado e repisado nos populares programas de rádio, foi um fator político importante para o desgaste do governo Paulo Souto, que cumpria o último ano de sua administração e era candidato à reeleição.

Mas as esperanças depositadas em Jaques Wagner também se frustraram. Os números ficam piores a cada ano e não se verificou nenhuma ação relevante para reverter o quadro de violência.

Agora a expectativa da população se volta para o governo municipal, já que o prefeito Tarcízio Pimenta criou no final do ano a secretaria de Prevenção à Violência, com a nomeação do inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Mizael Freitas, anunciado secretário em 15 de outubro.

Somente agora em 2010 a secretaria terá orçamento. No entanto, é quase o menor de todas as secretarias (R$ 677 mil, superior apenas à de Governo, que tem R$ 38 mil). Pairam dúvidas sobre a forma de atuação da pasta, já que o próprio governo tem seguidamente afirmado que o principal papel não será de policiamento. Apesar disso, tem havido anúncio de investimentos na Guarda Municipal, que provavelmente terá um aumento de contingente no âmbito do prometido concurso público para a prefeitura.

Em 2009 o secretário realizou viagem ao Espírito Santo, na companhia do prefeito, para ver as medidas adotadas ali para redução dos alarmantes índices de violência enfrentados pelo estado. Realiza-se por lá, sobretudo, um trabalho de inteligência, com forte apoio de recursos tecnológicos e união de esforços de várias instâncias de poder.

Em Feira, realizou-se uma campanha de desarmamento, após a qual o secretário Mizael deu diversas entrevistas querendo convencer o respeitável público de que a entrega de 47 armas era coisa de grande relevância no combate à violência. Até o cadastramento de 76 armas – mera providência burocrática do dono, que é obrigado por lei a fazê-lo – foi colocado na conta de realizações.

Fala-se que haverá uma atuação conjunta dos organismos de polícia e que ocorrerão ações policiais mas também sociais. Tudo isso a ser definido por um certo Gabinete de Gestão Integrada, a ser criado em janeiro, presidido pelo prefeito, que reunirá Polícia Civil, Militar, PRF e Guarda Municipal (qual desses mesmo fará ação social?).

Haverá reuniões mensais. Espera-se que os resultados apareçam. Por ora, a falta de clareza fica sobejamente demonstrada na declaração do secretário Mizael, em entrevista a Dilton Coutinho, que transcrevo abaixo:

“Eu tenho certeza que dentro do observatório da violência que estamos implantando em Feira de Santana, olhando para a questão técnica científica, para nos dar realmente na prospecção sociológica as indicações de como proceder, não só no atendimento das bases comunitárias, nas solicitações das demandas sociais, como também no agrupamento das forças existentes para o enfrentamento da violência.”

Posted via email from Glauco Wanderley

2 comentários:

  1. Anônimo4/1/10

    É Glauco,costuma-se dizer que o problema da criminalidade é social e não de polícia.Concordo quando se diz que são interligados,um afeta diretamento o outro.Não adianta investir maciçamente no social e não aumentar o contingente de vigilância e represão da criminalidade.A criminalidade sempre vai existir, por mais que se dê educação de qualidade se não tiver a força do estado para se fazer cumprir as leis a marginalidade sempre vai aumentar.Infelizmente enquanto existir pobreza e miséria não estaremos livres do ódio daqueles que vivem à margem da sociedade.Penso que ser marginal hoje não é mais questão de sobrevivência como se pensava a dacadas atrás,mais sim um estilo de vida que desde criança muitos se encantão com o poder das armas e dinheiro fácio.Tem que botar polícia e quardas municipais nas rus,não para humilhar a população mais carente,não para espalhar pânico e terror,mas com suas figuras fardadas desestimular a pática de crimes e quando nescessário agir com disciplina e respeito ao próximo.

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  2. Ayrton Costa4/1/10

    Caro Glauco, concordo, em parte, com o que disse Anônimo, principalmente quando explica essa escalada de violência dizendo "penso que ser marginal hoje não é mais questão de sobrevivência" ... "mas sim um estilo de vida",
    o que se justifica pelas diversas oportunidades de trabalho surgidas nos últimos anos e preteridas pela forma mais fácil, rápida e não menos efêmera de se chegar a ter, não só dinheiro, como também o poder. Claro que também existem outras causas, o que nos levaria a um tratado sobre o assunto. No entanto, para mim, a grande novidade é este aumento, de forma exponencial, contrastando com a melhora da distribuição de renda. Certamente que se o diagnóstico é complexo, as soluções são mais ainda, não deixando de passar pela continuidade da melhora na distribuição de renda, aliados a melhora brutal na educção pública oferecida e uma justiça muito mas eficiente e eficaz, com puniçõe não só para pobres, como é hoje, uma justiça de verdade.

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