O que esperar de um governo Tarcízio Pimenta? Pouco? Ou nada?
Diferente da expectativa não só minha, mas também de muitos que não podem ou não querem se arriscar a dizer que esperavam pelo pior, o prefeito teve um desempenho acima da média dos governantes em geral neste primeiro ano de mandato.
Por que não esperar muito de Tarcízio? Porque como político sempre pareceu ter mais ambição que propostas, pulando de partido em partido logo que alguma coisa não estivesse de acordo com suas pretensões. Como candidato, mais se escondeu do que propôs durante a campanha. No entanto, para minha surpresa havia ideias e a determinação de fazer uma administração que se dispõe a fazer história.
E olha que os primeiros passos do governo, mesmo antes da posse, pareciam justificar o pessimismo. Sabendo que terceiro mandato era apenas retórica eleitoral, quem pensa um pouco mais e não tem compromisso com políticos achou o primeiro escalão excessivamente ronaldista. Todos eram nomes dignos do cargo, sim, já que vinham de uma administração bem sucedida. Ocorre que parecia haver pouquíssima autonomia para o prefeito tomar decisões, já que a máquina estava aparentemente sob o comando do antecessor. E governo onde o prefeito não é o chefe, está fadado ao fracasso. Hoje, acho que ninguém mais pensa que Tarcízio não detém a autoridade sobre seus auxiliares.
Mas quando a administração afinal começou, novo motivo para preocupação. Ainda em janeiro, o prefeito alardeou uma redução de 30% na receita federal e 50% na estadual, por conta da crise mundial. Parecia que estava procurando cedo demais desculpas para um eventual fracasso. Obviamente a arrecadação não caiu tanto e Tarcízio abandonou logo o discurso da crise. Só o governo do estado passou o ano todo chorando as perdas para justificar inoperância em áreas diversas.
Porém os tropeços continuaram, já que seguidas revelações sobre a rejeição de contas de seus tempos de secretária estadual derrubaram em abril Anaci Paim, um dos poucos nomes escolhidos por Tarcízio que não integraram o primeiro escalão de Ronaldo. A confusão na secretaria ainda levou a desgastes como um enorme atraso na merenda escolar e desentendimentos com o sindicato APLB.
Na Saúde, a dimensão real da epidemia de dengue foi abafada e a fase pior (março e abril) foi passando com a normalidade possível em casos como esse. O governo também agiu rápido, com as ações necessárias para evitar o agravamento da situação.
Assim, apenas no final do primeiro semestre, à medida que começaram a surtir efeito algumas ações, foi desaparecendo a sensação de um governo que se enrolava nas próprias pernas. A decisão de pavimentar com asfalto e principalmente de colocar sinalização horizontal e vertical decente em muitas ruas essenciais no sistema viário começou a mudar a cara da cidade e a dar uma marca à administração. As mudanças no trânsito do centro, depois do desastre do fechamento precipitado e simultâneo dos retornos, acabaram produzindo resultado (especialmente quando foi aberto o cruzamento de duas ruas com a Getúlio Vargas).
Mas a grande aposta do governo se relaciona com a tecnologia. Um sistema informatizado na área de saúde, lousas eletrônicas para impulsionar o aprendizado nas escolas e acesso gratuito à internet em toda a cidade.
Mesmo estando ainda em fase de implantação, são iniciativas que já garantem publicidade ao governo por serem inovadoras. Porém muito mais que isso, representam algo que pode provocar mudanças profundas e definitivas no serviço público e na comunidade. E é onde o governo efetivamente tem o potencial de estabelecer transformações que poderão ser lembradas para sempre.
Politicamente, o Tarcízio brigão, que abria caminho para seu projeto político com agressividade, deu lugar a um tipo conciliador, que mantém sob controle as disputas internas pelo poder entre ronaldistas e tarcizistas, estabeleceu um diálogo construtivo com o governo do estado e conservou o tom ameno até quando Eliana Boaventura recentemente retomou as críticas contra ele, como era de se esperar.
Enfim, Tarcízio soube aproveitar o legado de uma casa arrumada que recebeu do antecessor e dar continuidade ao processo de desenvolvimento que a cidade atravessa e que não pode parar, já que a pobreza e o baixo nível educacional de nossa população ainda deixam a maioria em situação econômica muito desfavorável.
A propósito, a promessa de escola em tempo integral, essencial para a melhoria da educação, anda um tanto quanto esquecida. Mesmo assim, repito o título: Tarcízio surpreendeu.
Ótimo. Adoro errar em previsões pessimistas.
Parabéns Glauco Wanderley.Você cada dia que passa mostra a seriedade de como se fazer uma imprensa séria e construtiva.Parabéns mesmo pelo comentário, somente áqueles que tem sua independência e uma conduta pautada na ética e na transparência podem fazer comentários tào sinceros e diretos como este.
ResponderExcluirSérgio Lima