A investida de Jaques Wagner no rádio de Feira de Santana (dando entrevistas e almoços*), seguindo o rastro de Geddel Vieira Lima revela um importante aspecto que é importante ressaltar: a crescente importância do interior para os políticos do estado.
Deveria ser um movimento rotineiro, mas não era. A capital, tinha mais que preferência. Tinha quase exclusividade nos cuidados e na atenção concedida à imprensa.
O que não se justifica. Não apenas pelo tamanho imenso da Bahia (o estado é maior que a França, o maior país da Europa Ocidental), mas também pelo fato de que apenas cerca de 20% da população baiana reside na capital.
E por que agora tem sido diferente? Porque o mundo muda aceleradamente e um dos grandes fatores desta mudança é o acesso mais democrático à informação. Rádios comerciais, comunitárias e internet são um aspecto crucial dessa mudança. Jornais impressos e TV perdem audiência e influência.
Os políticos, que precisam ter o radar sempre ligado, já sentiram isso. Não é à toa que foi aqui em Feira, na entrevista a Dilson Barbosa, que Geddel deixou cristalina e inquestionável sua condição de candidato ao governo e fez pesadas críticas ao governo estadual. Entrevista que tanto repercutiu que gerou logo em seguida o discurso irritado de Wagner na entrega das ambulâncias, em Salvador. Discurso no qual Wagner mencionou as entrevistas que estavam sendo dadas pelo rádio Bahia afora.
O DEM escolheu Paulo Afonso para lançar seu genérico de Bolsa Família, levando para lá toda sua cúpula estadual e mesmo representantes nacionais.
Foi-se o tempo (e irá cada vez mais rápido) em que o eleitor no interior ficava alienado. Multiplicam-se os blogs, sites e outras fontes de informação on-line. Desmantelam-se os monopólios da mídia. Todos agora podem informar e opinar. Amplia-se o debate.
Alguns blogueiros fazem o jogo do governo, do prefeito, do governador? Tudo bem, há do outro lado os que trazem a informação da outra corrente política. Bem como os independentes, que agora podem se manifestar e ser lidos, sem o custo alto e alcance limitado da impressão em papel.
É um novo tempo, que já em 2010 vai provocar mudanças no cenário eleitoral e na forma como os políticos são avaliados.
E que vai requerer também uma atenção maior ao interior, não apenas na hora de dar entrevistas, mas de governar.
* O almoço com os radialistas
A estratégia de almoçar nesta segunda-feira com Dilton Coutinho, Dilson Barbosa e Carlos Geilson pode acabar gerando mais desgaste que benefício ao governador Jaques Wagner. Em uma cidade com dezenas de programas radiofônicos elegeram-se os três para o privilégio do encontro pessoal e íntimo com o governador.
Critério da audiência, correto. Mas desagradou a um contingente que, somado, pode manifestar doravante maior antipatia pelo governo.
Os convidados, por sua vez, ficarão sob a pressão de não parecer que foram cooptados. Wagner precisa torcer para que não se tornem ainda mais críticos ao governo.
Se Wagner quer dar satisfação à população de Feira, por que não reservou um espaço na agenda para vir até a cidade com a finalidade específica de dar uma coletiva mais longa e organizada, em um auditório, como o da CDL, por exemplo? Teria muito mais exposição na mídia local e nada do desgaste que sofreu com a idéia do almoço seletivo.
26.7.09
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Não resta dúvidas que isso dará panos pra manga!
ResponderExcluirAguardo ávidamente por maiores novidades, que com certeza virão.