Moradores de 45 residências na rua São José, no bairro Mangalô, periferia de Alagoinhas, tiveram móveis, eletrodomésticos e alguns até a estrutura das casas comprometidas, depois de uma inundação ocorrida na tarde de quinta-feira, em área vizinha a uma obra de construção de 780 moradias integrantes do programa Minha Casa Minha Vida.
De acordo com os moradores, a inundação, ocorrida após uma forte chuva, resultou do rompimento de uma barreira construída pela construtora responsável, a JNC, de Sergipe. A barreira não teria suportado o acúmulo de água. Paulo Nunes, sócio da empresa, nega que a água tenha sido represada. Seria apenas uma contenção para suavizar a força da enxurrada em caso de chuva. Isto porque as casas serão construídas em um terreno em declive, que foi desmatado para dar lugar aos conjuntos habitacionais Vila São Pedro II e III. O conjunto ainda está na fase de terraplanagem.
Quatro dias depois do acidente, na segunda-feira, os moradores ainda contabilizavam os prejuízos. Algumas casas têm os móveis destruídos depositados no passeio. Uns definitivamente descartados, outros esperando secar.
No dia do acidente, as residências ficaram alagadas e ainda conservam nas paredes a marca da água. Uma casa que teve uma parede derrubada precisou ser completamente demolida. Outras três ainda terão a situação avaliada, para decidir sobre a demolição.
“Passamos a noite acordados, assistindo o trabalho dos carros com as bombas, que vieram para sugar a água de dentro das casas. A minha casa passou 24 horas alagada”, conta a dona de casa Nilzete Leal, mostrando o guarda-roupa barato todo desmontado pela umidade excessiva.
Na casa de Antônia da Conceição, nem a geladeira escapou. “Saiu boiando e acabou indo parar em outro cômodo”, relata. Documentos foram estragados, além de alimentos e colchões. O filho abriu uma academia nos fundos 15 dias antes do acidente. Os equipamentos de ginástica não foram atingidos, mas a área foi toda ocupada pelos objetos postos para secar. “É outro prejuízo, porque os alunos já pagaram adiantado e estão sem aula”, reclama. Houve quem perdesse remédios e comida. Até sem água os moradores ficaram, por causa do rompimento de fossas, que contaminaram as tubulações do abastecimento.
A construtora comprou água mineral para fornecer aos moradores, assumiu o pagamento de aluguel por um mês para quem precisar ser removido temporariamente e se comprometeu a indenizar pelos danos. Uma comissão foi formada para negociar com a JNC. Após as negociações, onde os compromissos foram documentados e assinados pelas partes, os moradores, que haviam bloqueado a entrada com os próprios carros, liberaram o reinício das obras, que devem recomeçar nesta terça-feira. As casas são destinadas a famílias com renda entre 0 e 3 salários mínimos, que são justamente o perfil de muitos dos que foram prejudicados com a inundação.
O sócio da JNC, Paulo Nunes, observa que a rua São José sempre teve problemas com a drenagem, tanto que as casas possuem um batente mais alto, para evitar entrada de água quando chove. “O problema é que algumas estão em nível mais baixo, em relação à rua”, completa o diretor técnico da JNC, Luiz Cláudio de Souza.
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