19.5.10

Chão afunda e buraco engole três na Santa Mônica

Foto: Reginaldo Pereira

Um perigo escondido embaixo da terra em muitos locais de Feira de Santana se revelou de forma trágica para uma família no bairro Santa Mônica, na segunda-feira. No momento em que foram apresentar a pequena Luiza, de 10 meses, para o vizinho no número 83 da rua Luiz Carlos Bahia, o chão afundou. A bisavó, Irma Bahia (viúva do homem que dá nome à rua), a própria criança e uma tia adolescente, despencaram para dentro da terra quando a tampa de concreto cedeu.

O buraco atingiu dois metros de diâmetro e quatro de profundidade. As vítimas foram atingidas pelo material que desabou. O bebê levou uma pancada na cabeça e foi internado em estado grave no hospital Emec (segundo informação na manhã de hoje no Acorda Cidade, a criança faleceu no final da noite).

Também foram internados a tia e a bisavô, que quebrou duas costelas e uma perna, segundo informações extra-oficiais colhidas pela reportagem. A família, abalada, não quis se pronunciar sobre o assunto.

O dono da residência onde o passeio desabou, Jaime Cunha, disse que o buraco é de uma cisterna construída em frente à casa, cuja existência ele desconhecia. “Houve há dois anos inclusive a instalação do esgotamento sanitário, mas este buraco não foi encontrado”, lembra.

RISCO

O gerente da Embasa na região de Feira de Santana, Onias Oliveira Neto, confirma que se tratava de uma cisterna. Ele explica que na época em que a cidade não possuía água encanada, as pessoas escavavam as cisternas para obter o líquido, já que o lençol freático estava bem próximo da superfície. “Com quatro ou cinco metros já se encontrava água naquela região, então muita gente adotava esta alternativa”, justifica.

Algumas destas escavações eram reaproveitadas como fossas quando paravam de dar água. Não foi o caso desta na residência de Jaime Cunha, conta Onias. “Foi constatado que estava seca”, assegurou.

O dirigente da Embasa reconhece que o risco existe em outras áreas, mas diz que não há como detectar outros buracos ocultos que ofereçam perigo para a comunidade. “É uma questão que deve ser tratada por cada pessoa. É uma responsabilidade particular”, adverte. O dono da casa também não cometeu uma infração do ponto de vista do dirigente da empresa estadual de saneamento. Se fosse o caso de alguma ação indenizatória seria uma questão entre as pessoas físicas envolvidas, o que a princípio não se cogita, pois se trata de vizinhos e amigos.

A providência adotada pelo proprietário da residência foi isolar a área e começar de imediato a tapar o buraco. Foram necessárias uma caçamba e meia de terra (equivalente a 24 metros cúbicos).

Assustada com o acidente, a vizinha Delivalda Vieira comprou a outra metade de terra da caçamba, para refazer seu passeio, do outro lado da rua, em pontos que apresentam buracos, próximos a tampas de concreto instaladas pela Embasa quando fez a instalação de esgoto. “A água da chuva entra por esses buracos e fica infiltrando no muro. Eu já vinha querendo fazer a obra. Depois dessa tragédia a preocupação aumentou”, confessa.

Posted via email from Glauco Wanderley

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