12.4.09

Cem dias conturbados

Que Tarcízio Pimenta não tem medo de trabalho isso ninguém duvida. Boa parte do seu estoque de votos se deve à disposição com que durante muitos anos acordou cedo para ir atender na Casa de Saúde Santana, inclusive fazendo seguidas operações.

Porém na prefeitura de Feira, embora com certeza não esperasse moleza, Tarcízio está tendo mais trabalho do que o previsto nestes emblemáticos 100 dias de governo. Algumas das situações que vêm ocorrendo teriam o potencial de abalar até o prestígio de José Ronaldo, afetando dois extremos de seu governo: o extremo positivo representado pela Fazenda, onde a competência de Joaquim Bahia alavancou a receita e o extremo negativo representado pela Saúde, principal motivo de queixa da população. Mas Ronaldo teve sorte e saiu antes da epidemia de dengue e da queda na arrecadação, provocada pela crise econômica.

A perda de receita é expressiva, ainda deve se agravar e, se não chegar a atrapalhar rotinas como limpeza pública e pagamento em dia de funcionários e fornecedores, deverá impedir o governo de realizar ações de impacto. O que provocará um estrago na popularidade do prefeito a longo prazo, pois a aceitação de José Ronaldo não se deu porque o eleitor achava ele bonito, mas porque fazia obras, notadamente na periferia que jazia abandonada.

O que Ronaldo deixou sem terminar, parou. O parque da Lagoa do Geladinho virou um piscinão improvisado. O viaduto da João Durval com o Contorno, somente há poucos dias foi iniciado.

O principal anúncio de Tarcízio no campo das obras foi o asfaltamento completo da Getúlio Vargas e Maria Quitéria, serviços que vão parecer ao seu final apenas o complemento de algo que já deveria ter sido feito há muito tempo. É pouco provável que se tornem marcas de sua passagem pela prefeitura.

No campo político administrativo, o começo igualmente não foi bom. Os vereadores ensaiam aqui e ali uma dose de rebeldia, mas isso é natural em começo de governo. Testam para ver até onde podem ir na pressão ao prefeito. Como está, a situação ainda não preocupa.

Pior mesmo foi na esfera do executivo. A secretária Anaci Paim, aposta de Tarcízio para fazer diferença na Educação, tombou abatida pelos buracos nas contas de sua passagem pela secretaria de Educação da Bahia, no governo Paulo Souto.

Tarcízio poderia diferenciar seu governo por meio das duas secretarias que anunciou em campanha. A de políticas para a mulher e principalmente a de prevenção à violência. Nenhuma delas saiu do papel.

Assim, segue neste começo tão somente apagando fogo, ou foco. Da dengue. A doença nefasta está até dando ao prefeito a oportunidade de agir e mostrar serviço, mas melhor seria se a energia do governo já pudesse estar 100% concentrada em melhorar a saúde que a população condena tanto.

Claro, não dá para avaliar um governo em 100 dias. 100 dias servem somente para mostrar indícios. Mas os indícios já mencionados, que não ajudam nada a formar uma imagem positiva do governo, combinam com uma recente pesquisa da empresa Economic, na qual o governador Jaques Wagner, que a Feira por enquanto condena, tem sua performance melhor avaliada que Tarcízio Pimenta, ainda que por uma margem mínima.

Portanto, passada a dengue e a micareta, será chegada a hora de encontrar um eixo para o governo municipal.

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