28.5.09

Estudantes contra-atacam: quem não tem direito de ir e vir é a população

Em nova investida acerca do episódio em que foi barrada a passagem do carro do prefeito Tarcízio Pimenta há uma semana na avenida Getúlio Vargas, o DCE da UEFS lançou uma nota pública alegando que na verdade, em função da má qualidade e do alto preço do transporte público na cidade, quem está sem direito de ir e vir é a população. 

Rebatendo também as acusações feitas contra os manifestantes, a nota diz que é o poder executivo quem promove "práticas violentas, anti-democráticas e anti-populares", na repressão aos protestos contra o aumento da passagem de R$ 1,85 para R$ 2,00, que entrou em vigor em abril.

Leia abaixo a nota do DCE na íntegra:

O ato do dia 28 de abril de 2009 seria o primeiro de tantos outros que viriam fazer a historia das manifestações de rua em defesa do transporte coletivo de Feira de Santana. Durante o mês de maio, estudantes, sindicatos e associações estiveram nas ruas reivindicando, dentro das regras do jogo democrático, o direito à cidade.

Em cidades como Feira de Santana com cerca de 600 mil habitantes, a mobilidade urbana se dá basicamente pelo serviço de transporte publico. Por outro lado, é sabido e é notório que o sistema de transporte local, “falsamente” publico, apresenta desde problemas técnicos a problemas estruturais e sociais. Com a segunda maior tarifa do nordeste, Feira é a cidade que limita a realização do direito de ir e vir, não de um individuo que é interditado por estudantes, quando se recusa a marcar publicamente uma audiência publica para discutir os problemas do transporte desta cidade, mas dos seus habitantes, principalmente, das classes menos favorecidas que são excluídas do sistema devido aos elevados e sucessivos aumentos no preço da tarifa. 

Embora as classes dominantes se utilizem da mídia para deslegitimar os movimentos sociais com aquela velha e rasteira tática de criminalização – baderneiros, vândalos, jogam tomates no prédio do SINCOL, colam adesivos do Passe Livre no carro do prefeito e por ai vai –, o movimento estudantil junto a outros grupos populares não recuam. Quando vozes reivindicam o discurso da democracia para que a coisas permaneçam como estão – ditadura de uns poucos privilegiados –, dizemos basta. Nos posicionamos contra todas as formas de opressão, como as que se configuram nos últimos ataques da Prefeitura de Feira: quando propõe, sorrateiramente, uma tarifa abusiva e irreal de 2 reais; quando fecha as suas portas no horário de funcionamento para impedir a entrada de cidadãos e quando utiliza-se da força policial que de forma truculenta tenta inibir as diferentes manifestações democráticas. Não restam dúvidas de que estamos diante de práticas violentas, anti-democráticas e anti-populares, protagonizadas pelo poder Executivo, que violam os mais básicos princípios de democracia e de cidadania.  

Para os desconhecidos da história política e social de Feira de Santana (só para ilustrar), em 1968, a população ocupou a Câmara de Vereadores desta cidade por conta da não aprovação do Orçamento Participativo, proposto pelo prefeito Chico Pinto. Pela história desta cidade há de se reconhecer que foram as organizações populares e sua resistência que tornaram possível o sonho de que a democracia deixasse de ser apenas uma falácia, para ser realidade. E como a história continua, mais recentemente Feira orgulha seus habitantes com manifestações de caráter popular, artístico e democrático: no dia 28 de abril, ato em defesa do transporte público, que se encerrou depois que a Polícia espancou e apreendeu manifestantes; no dia 07 de maio, mais um ato de luta pelo transporte coletivo; no dia 21 de maio, estudantes fecham a BR/116 em protesto contra as péssimas condições do transporte público desta cidade, enquanto a população do Bairro Aviário ocupa a Prefeitura reivindicando o direito à moradia; no dia 19 de maio, professores da rede municipal fazem um protesto em frente a Prefeitura reivindicando melhores condições de trabalho; no dia 21 de maio, um grupo de manifestantes reivindica do prefeito Tarcízio Pimenta uma audiência pública para tratar de questões relativas ao transporte público. Tudo isso, para lembrar, antes de tudo, que: A cidade é nossa!  

  Nota do DCE – UEFS. Gestão Ousar Lutar Quando a Regra é Ceder.

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