29.12.09

Casas de show transtornam a vida dos vizinhos

Barulho de noite, sujeira ao amanhecer. É com este ambiente que convivem os moradores e trabalhadores vizinhos das casas de show que ficam na avenida Maria Quitéria, uma das principais de Feira de Santana (a 107 quilômetros de Salvador). A área tem muitas casas comerciais mas também residências, visto que se situa na região central da cidade.

“Quando tem show de noite e a gente chega para trabalhar no dia seguinte, além de lixo, encontra vômito, urina, um fedor insuportável. Se não lavar tudo não consegue trabalhar”, diz a funcionária de uma loja, que prefere não se identificar.

Além do show propriamente dito, os vizinhos têm que enfrentar o antes e o depois do evento, quando alguns frequentadores promovem sua festa particular. “Uma vez estacionaram o carro subindo a rampa da garagem com o fundo virado para dentro da nossa casa, abriram o porta-malas e ligaram o som alto”, lembra a estudante de direito Bruna de Freitas. Segundo ela, a bagunça, as brigas e até os tiros que ocorrem em consequência da movimentação em torno das festas são piores do que o barulho provocado pelo evento principal. A solução adotada pela família é ir embora. A casa tem uma placa de “vende-se”.

No último dia 23, a prefeitura decidiu decretar a interdição do Megafest, a mais antiga e maior das três casas de show, que diz ter capacidade para 15 mil pessoas (as outras são Garage e Galpão 13. Todas vizinhas, por sinal, de uma companhia independente da Polícia Militar).

“Eles firmaram Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público e não cumpriram. Recentemente demos prazo de seis meses para serem tomadas diversas providências que também não foram adotadas. Constatamos falta de segurança, de portas de emergência, de sinalização. Além do mais a casa é poluidora, incomoda a vizinhança e perturba o sono da comunidade. Precisa fazer o tratamento acústico”, cobra o secretário de Meio Ambiente, Antônio Carlos Coelho.

Perturba tanto que alguns não suportam. Como o pequeno empresário Genivaldo Oliveira. Mora na avenida Maria Quitéria mas quando tem show programado viaja com a família para passar o fim de semana fora. Se não puder, leva colchões e dorme com a mulher no escritório de sua oficina, mais afastada do barulho. “Quando tem show nessa Garage os copos tremem dentro de casa e caem da estante se a gente não tirar antes”, relata.

Para quem não pode viajar, resta suportar. É o caso do aposentado Gilson Tude, que mora em uma casa um pouco mais longe, no bairro Feira V e mesmo assim sofre. “Fico rolando na cama até 4 da manhã. Quando acaba a festa é que vou dormir”, lamenta.


A vizinhança da PM (ao lado do Galpão 13 e Megafest e na frente da Garage), não resolve os problemas (foto:Reginaldo Pereira)


De acordo com o secretário Coelho, os espaços que não foram interditados também são vistoriados pela prefeitura. Estão funcionando com base em liminares obtidas na justiça, mas também terão que se adequar.

O proprietário do interditado Megafest, Erivaldo Cruz, disse que não quer se pronunciar sobre o assunto. Limitou-se a classificar a interdição como um “mal entendido” e acrescentou que já estava planejando o fechamento para fazer o tratamento acústico.

No entanto, a casa tem um show agendado para 31 de janeiro, que originalmente ocorreria em 06 de dezembro, mas também teve sua realização proibida pela prefeitura, em atendimento a solicitação do Ministério Público.

 

Posted via email from Glauco Wanderley

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