30.12.09

Distritos sofrem com falta de água



Até o poço de Rosália (que não depende da Embasa) está ficando sem água: de 10 para 26 metros de profundidade e planos de cavar mais fundo (foto Reginaldo Pereira)

A água encanada chegou em 2009 para a localidade de Fazenda Baixão, distrito de Matinha, zona rural de Feira de Santana (a 107 quilômetros de Salvador). Ou melhor, ainda está chegando, porque não é todo dia que tem água e nunca tem água o dia todo.

A dificuldade com o abastecimento é relatada pela dona de casa Zita de Jesus, que nasceu ali e aos 53 anos continua com o problema que a acompanha desde a infância. "A gente tem que levantar de madrugada para encher as panelas e os tonéis, quando a água chega. Porque de manhã cedo vai embora. Outro dia a minha vizinha veio me acordar uma hora da manhã para fazer isso", lembra. Ela foi, porque não queria ficar como no Natal, quando foram três dias inteiros sem cair água. Zita diz não ter dinheiro para comprar um tanque que guarde água.

Na casa de farinha de mandioca da Associação Comunitária de Olhos d'Água das Moças, a necessidade de água é maior. Embora tenham um reservatório grande para 10 mil litros não é sempre que tem água, porque a irregularidade impede que ele encha. Maria Rosália da Silva, que mora vizinha à casa de farinha, ressalta que é preciso "aprender a controlar a água", por ela ser mesmo um produto escasso. "Tem que usar a água da chuva, porque até do chão está ficando mais difícil. O nosso poço tinha 10 metros de profundidade. Agora está com 26 metros e precisando cavar ainda mais fundo", registra.


TIQUARUÇU

Moradores do distrito de Tiquaruçu, bem mais afastado da sede de Feira de Santana, padecem do mesmo mal. Agravado em alguns casos por padrões estranhos no registro do consumo. A dona de casa Roberta Silva sempre pagou em média R$ 11. Em novembro e dezembro, chegaram contas com valores de R$ 31 e R$ 48. "Justamente quando mais faltou água", admira-se.

Na localidade, apesar da existência da rede de água, ainda é comum a passagem de carroças com tonéis de água e carros-pipa. Se o verão continuar no ritmo em que está, vai precisar como nunca.

Como precaução, o coordenador da Festa de Reis, que ocorre de 6 a 10 de janeiro, Lenivaldo dos Santos, já solicitou dois carros-pipa à prefeitura, para a lavagem da igreja e do mercado e também para encher os baldes da população. População que cresce muito durante a festa, que conta com atrações musicais conhecidas do grande público. Segundo ele, em 2009, 30 mil pessoas estiveram presentes, vindas de diversas partes do Brasil. "A maioria se hospeda na casa dos parentes. Se não tem água para o banho, eles comem água e se consolam assim", brinca.

EMBASA RESPONDE

Para o gerente da Embasa em Feira de Santana, José Neydson Eloy, o aumento no valor da conta pode ser provocado por vazamento que a própria consumidora desconhece. "Cada caso é diferente do outro. Basta procurar a Embasa, para a situação ser analisada".

Ele garante que no distrito da Matinha, o problema com o abastecimento está sendo sanado com a implantação de uma nova elevatória. "Houve demora na execução do serviço, porque o fornecedor pediu prazo de 60 dias e ainda atrasou além disso. Mas está sendo normalizado esta semana", justifica. Em Tiquaruçu, a falta de água foi provocada por um rompimento na rede que está sendo resolvido.

Segundo o gerente, os dois distritos eram os únicos pontos de Feira de Santana que estavam com deficiência no abastecimento. As outras áreas da cidade, que tiveram problemas graves durante o mês de dezembro, tiveram a situação normalizada.

Posted via email from Glauco Wanderley

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