Uma quantidade estimada em 3 mil litros de emulsão asfáltica vazou para dentro do rio Mucugezinho, depois de um acidente com um caminhão tanque na BR 242, na divisa dos municípios de Palmeiras e Lençóis, Chapada Diamantina. Atingido por uma retroescavedeira que trabalha em obra de recuperação da estrada, o caminhão mergulhou mais de 10 metros ribanceira abaixo e só parou dentro do leito do rio.
O caminhão transportava 26,5 toneladas do produto, que seria usado em obra de recuperação de rodovia estadual. O acidente ocorreu na tarde de sábado. O motorista teve costelas quebradas, mas aparentemente nenhum ferimento mais grave. Como o tanque vazou pouco e não se rompeu, a maior parte do produto foi recuperada na segunda-feira, quando a carga foi transferida para outro caminhão.
A estimativa do vazamento de pouco mais de 10% do total transportado foi feita pelos fiscais do IMA (Instituto do Meio Ambiente), órgão do governo estadual. Segundo o coordenador estadual da fiscalização, José Antônio Lacerda, o produto é composto por 70% de água e o restante de óleo. Mesmo assim pode causar problemas de saúde, como irritação na pele, no nariz e olhos. Como medida de precaução, o banho de rio foi proibido desde domingo.
O acidente foi apenas três quilômetros distante de um dos tradicionais pontos turísticos da Chapada, conhecido também como Mucugezinho. Há 18 anos Joelma Paes, mora na beira do rio, onde mantém o restaurante Pedra do Pato. Na manhã de domingo acordou sentindo um mal estar. “Passei o dia enjoada, como quando a gente está grávida”, compara.
O cheiro de óleo também impregnava o ambiente, o que afastou os clientes, que nem precisaram ser avisados para não tomar banho, já que a poluição era evidente. “Teve gente que tirou foto em um ponto mais abaixo e me mostrou. A água estava coberta por espuma”, lembra.
Segundo a fiscalização do IMA, a Brasquímica, responsável pelo transporte da carga, contratou uma empresa para fazer a despoluição, que instalou barreiras de contenção do óleo e estava retirando manualmente os resíduos endurecidos que se acumularam junto às pedras. Na tarde de ontem, quase não era possível ver nenhuma marca do acidente.
A entrada para Lençóis fica a oito quilômetros de distância do local do acidente. Mas a cidade recebe água de outro rio, o Serrano. A localidade mais próxima abastecida com a água do Mucugezinho é Tanquinho, distrito de Lençóis, a 20 quilômetros do ponto em que o produto foi derramado.
Precavido, o aposentado João Bispo, 80 anos, tratou de fechar a entrada de água da casa e usar apenas a que tinha guardada no próprio tanque. “Uns disseram que era veneno, outros falaram de asfalto, eu não sabia, fechei o registro”, conta.
A própria Embasa adotou a mesma providência, de acordo com o tratorista Gilvan dos Santos. “Eles fecharam a entrada e usaram só a que tinha no reservatório. A água acabou segunda-feira. Aí não veio mais”, complementa Gilvan.
Lacerda, do IMA, diz que também foi montada uma contenção perto de Tanquinho, mas avalia que o produto se diluiu antes de chegar até lá. A análise da água coletada pelos fiscais só deve sair em 10 dias, mas o uso já poderá ser liberado a partir de hoje, se houver avaliação de que não há mais risco à saúde. A empresa que fazia o transporte da carga será autuada, mas no entender de Lacerda adotou as providências necessárias e deve ficar livre de multa, recebendo apenas uma advertência.
Foto: Reginaldo Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário