14.5.10

O crime que Getúlio Barbosa cometeu

 Clovis Ramaiana, professor universitário

Não acredito que o vereador Getúlio Barbosa tenha mandado bater no professor Germano, acho que a fala ouvida pelo vereador Marialvo bem pode ter sido sobre outra questão, isentando assim o primeiro de ter sido mandante de tal crime.

Mas, a isenção do atentado contra o sindicalista não o livra de outro crime, desta vez contra a democracia e a favor de uma cultura da violência em nossa cidade. Explico. Não pode um vereador, seja pelo motivo que for, partir da tribuna, lugar conquistado através da confiança do povo, para agredir quem quer que seja, muito menos um sindicalista no exercício de uma atividade pública, de uma greve. Ameaçar outro em uma ambiente no qual é garantida a opinião, a liberdade de expressão e de manifestação, me parece um ato criminoso, tão grande quanto mandar socar um homem desarmado e, até onde se sabe, pacífico. O gesto do vereador, na tribuna, desrespeita os votos dos eleitores que nele confiaram o mandato, deslegitima a representação conferida por uma parcela dos habitantes de Feira de Santana. É um crime, na acepção da palavra!

Mas, além da agressão ao mandato confiado pela população feirense, o vereador Getúlio Barbosa incorreu em outro erro gravíssimo, de contribuir para uma cultura de violência que, infelizmente, está se enraizando na cidade e deveria ter, na Câmara de Vereadores, uma forte oposição, o que infelizmente não vem acontecendo.

Cito exemplos: neste período legislativo, um vereador já aplicou uma surra no próprio tio, um assessor da casa agrediu um repórter setorista, dois edis (um deles o próprio Getúlio) sugeriram que deveriam dar um “corretivo” em um publicitário local (que, aliás, é um ancião) e qualquer fala mais forte termina com o clássico “vou te pegar lá fora”.

O mais grave é que nenhum desses episódios gerou punição, nenhum dos vereadores envolvidos lembrou-se que jovens ouvem, vêem estes exemplos e, muito provavelmente, pensam que o único caminho para resolver diferenças é o do tapa, da bala ou da faca.

Não, não acredito que Getúlio Barbosa tenha mandado bater no professor, mas cometeu um crime tão grave quanto. Forneceu a senha para que os autores do atentado considerassem “normal” socar o docente feirense, deu um exemplo para que todos achassem legítima a resolução de conflitos com o uso da força física, como se não existissem outros meios para resolver polêmicas.

Sim, Getúlio e outros edis são culpados, também, pela disseminação da cultura da violência.

Sim, o vereador Getúlio, ainda que não tenha mandado, é culpado pela agressão ao sindicalista Germano Barreto e por qualquer coisa que venha a acontecer com a integridade física do mesmo. 

Posted via email from Glauco Wanderley

4 comentários:

  1. Anônimo15/5/10

    o médico getúlio se aliou ao fernando torres e já aprendeu a trabalhar. é assim que se faz, na base do crime de mando.

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  2. Anônimo15/5/10

    Parabéns pela sua matéria!!!

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  3. Anônimo15/5/10

    Caro Professor Clovis,

    Pelo fato do senhor não estar presente, torna-se compreensível sua descrença ingênua de que não tenha sido o vereador citado, mandante do crime. Entretanto, nós que estavamos presentes, que vimos a postura petulante do vereador frente à nossa indignação, ao tomarmos conhecimento do ocorrido com o Prof. Germano, e o discurso "injustificável" para sua falta de decoro e agressão não nos deixa a menor sombra de dúvidas. Sim, foi o caro vereador Getúlio Barbosa, mandante do crime.

    Prof° Elisio

    Aproveito para parabenizá-lo Glauco por sua seriedade ao divulgar as notícias relacionadas ao movimento dos professores de Feira. Postura rara na impressa feirense.
    Parabéns!

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  4. Vanessa23/5/10

    Ah sim, certamente, mas penso que com tamanha certeza do "fato", seria mais apropriado se identificar não, Anônimo? Afinal, mais pessoas que não o Profº Clovis ou Elisio, acompanham o blog e desconhecem de onde vem uma informação de tal relevância, já que a grande maioria acredita sempre na parte "molestada" da história (parte essa que tende por vezes para o lado que se deduz mais "fraco"), e sendo um assunto de interesse maior, acho justo que se saiba a origem de tal fonte, não é mesmo?

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