6.4.09

Abuso de poder

Existe a opção de não ter conta em banco? Claro que não, assim como não existe a opção de não ser cliente de uma dessas telefônicas que disputam com eles o título de piores prestadores de serviço.
Ontem fui à agência do Banco do Brasil da Getúlio Vargas tentar imprimir folhas de cheque nos caixas eletrônicos. Uma máquina inativa e duas sem formulários. Fui à agência do Iguatemi: sem formulários. Tentei a J.J. Seabra: sem formulários. De lá caminhei até a Conselheiro Franco, naquele mercado persa que é a entrada da agência, com dezenas de máquinas automáticas e uma multidão subindo e descendo as escadas.
Havia uma fileira de cinco caixas que emitiam cheques. Ou deveriam emitir, porque todos deram a mesma resposta: sem formulários. Isso entre 10 e 11 da manhã.
É descaso pelos clientes ou incompetência coletiva de cada agência?
Notem que ao usar estas máquinas estamos poupando dinheiro para o banco, fazendo nós mesmos os serviços de depósito, saque, pagamento, emissão de cheque, transferência, etc. O que permite aos bancos operar com poucos funcionários (embora eles tenham ainda menos do que deveriam, o que transforma as filas dos caixas humanos um tormento diário para quem precisa delas). Está certo que eles não nos paguem para fazer o serviço deles, mas precisava abusar tanto da nossa paciência?
Será que o Procon aceita queixa contra peregrinação ao Banco do Brasil em busca de folhas de cheque?

Um comentário:

  1. Anônimo7/4/09

    Prezado Glauco,
    Veja estudo divulgado hoje pelo IPEA.

    http://www.ipea.gov.br/default.jsp

    Exibição de Notícia


    Sistema bancário do Brasil contribui para a exclusão social
    (07/04/2009 - 15:44)


    Estudo do Ipea mostra que a redução do papel do Estado concentrou renda de crédito

    O Brasil tem um sistema bancário incompleto, que contribui para a concentração de riqueza e aumento da exclusão social. É o que mostra o estudo do Ipea divulgado por meio do Comunicado número 20 da presidência do instituto apresentado pelo presidente Marcio Pochmann em coletiva à imprensa realizada hoje, 7, na sede do Ipea em Brasília.

    Denominado "Transformações na indústria bancária brasileira e o cenário de crise" o estudo mostra que o esvaziamento do Estado no mercado financeiro brasileiro em nada beneficiou a inclusão social e a popularização bancária. A redução da quantidade de bancos em operação nos últimos onze anos contribuiu ainda para promover mais desigualdade regional. " Nos últimos dez anos houve uma transferência de recursos que serviam de crédito para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil para uma maior concentração na região Sudeste", apontou Pochmann.

    Segundo o estudo, "ao contrário dos Estados Unidos, que combinou a redução na quantidade de bancos com ampliação do número de agências bancárias, o Brasil apresentou diminuição na quantidade tanto de bancos como no número de agências."

    Em 2007, por exemplo, o país possuía somente 156 instituições bancárias, enquanto a Alemanha registrou 2.130 bancos e os Estados Unidos 7.282 bancos. A principal fase de redução da presença dos bancos públicos no Brasil ocorreu entre 1995 e 2001, com uma breve interrupção entre 2001 e 2003, quando voltou novamente a perder importância relativa no total de ativos bancários. Em 2007, o Brasil tinha menos agência por brasileiro do que na década de 80, quando havia, para cada agência, cerca de 8 mil brasileiros.

    A diferença regional indicada no estudo é alarmante quando se pensa em desenvolvimento de médio e longo prazo no país. "Nas regiões Norte e Nordeste, por exemplo, a relação da população por agência chega a ser quase três vezes maior do que nas regiões Sul e Sudeste". Entre 1996 e 2006 as três regiões acumulam uma perda de 41,4% na participação relativa no total de crédito.

    O custo de crédito para a população e para as atividades econômicas é alto no Brasil. Veja a tabela em que o estudo apresenta a diferença de juros feitas por instituições bancárias em países diferentes:

    Tabela 2: Taxa anual real de juros total* sobre empréstimos pessoais em instituições bancárias em países selecionados na primeira semana de abril de 2009

    Instituição
    País
    Juro real (em %)

    HSBC
    Reino Unido
    6,60

    Brasil
    63,42

    Santander
    Espanha
    10,81

    Brasil
    55,74

    Citibank
    E.U.A
    7,28

    Brasil
    60,84

    Banco do Brasil
    Brasil
    25,05

    Itaú
    Brasil
    63,25


    Fonte: Dados fornecidos pelas instituições bancárias para os juros e OCDE e BCB para inflação nos países selecionados e no Brasil


    Juros adicionados aos serviços administrativos, riscos de inadimplência, margem de lucro e tributação.

    O estudo observa que houve avanço da experiência brasileira de popularização de serviços bancários por intermédio das operações de correspondentes não bancários. "No ano de 2008, por exemplo, o Brasil registrou a presença de 84,3 mil correspondentes bancários operados em locais não bancários como padarias, postos lotéricos, correios, farmácias, entre outros".

    Esses avanços, no entanto, não são ideais. "O Brasil precisa avançar rapidamente do ponto de vista da popularização dos bancos", defendeu Pochmann. Ele considera que a constituição de novos bancos, "bancos comunitários como existem nos Estados Unidos e Alemanha, por exemplo, ajudaria não apenas a difundir o crédito, mas torná-lo mais acessível à população que se encontra fora do sistema bancário".

    Leia o comunicado nº 20 da presidência

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