A foto acima mostra um pequeno pedaço do que tem sido o dia a dia do hospital Clériston Andrade. É uma situação que pode ser, ainda que com certo exagero, comparada a um campo de refugiados de guerra, onde misturam-se doentes, feridos, cansados e famintos. Nesta imagem, feita pelo colega Reginaldo Pereira, mães apoiam as crianças para dormir, sentadas no jardim de inverno. Nos quartos e enfermarias o cenário é pior.
O jardim de inverno virou um lugar disputado, porque é melhor que o corredor abafado, sem luz natural e cheio de macas. Nas macas do corredor ou dos quartos, mais de uma pessoa divide o mesmo espaço. No corredor, alguns tomam soro em pé. Nem todos estão ali por causa da dengue, mas a doença serviu para agravar uma situação que já é normalmente caótica.
Note pelas folhas no chão que a área é aberta, ou seja, se chover o corredor vai ficar um pouco mais lotado.
Note pelo cobertor embaixo do banco que as pessoas estão usando o lugar como dormitório.
Num cenário desse, é de admirar que os problemas não sejam maiores. Que não haja mais mortes. Tenho visto e ouvido muita coisa grave sobre médicos. Mas no caso deste hospital, eles, os enfermeiros e os demais devem estar fazendo o melhor trabalho possível, porque aquilo não é ambiente adequado para tratar as pessoas e esperar bons resultados.
Por isso a tenda que será inaugurada hoje serve para reidratar os doentes, mas também para trazer um alívio para todo o hospital. Só que, com o déficit de décadas acumulado na saúde pública a tenda vai ter que virar lugar permanente.
Obs: no alto da foto, em pé, aparecem os diretores Vinícius Lomanto e Edilma Reis que convocaram a imprensa para falar do caso da criança de 7 anos que morreu de dengue e dos investimentos feitos no hospital. Mas também têm o mérito de não barrar o acesso da imprensa nem esconder as mazelas da superlotação.
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