20.9.09

Internet: narcisismo e mais poder ao jornalista

A revista de Info, do grupo Abril, que trata de tecnologia, publicou interessante entrevista com um provocador do mundo online, ele mesmo um usuário ativo e até defensor da mídia digital, mas que não deixa de observar também seus problemas.

Trata-se do escritor inglês Andrew Keen. Destaquei duas questões abaixo. Uma sobre o que seria um defeito na Net e outra sobre sua virtude.  O link para o texto completo se encontra logo abaixo.

INFO: O que você quer dizer ao alegar que estamos vivendo uma espécie de “cultura do narcisismo” na internet?

ANDREW KEEN: Cultura do narcisismo é quando usamos esta mídia para celebrarmos nós mesmos. Inventamos essas ferramentas para permitir que qualquer um possa ser um emissor. E, agora, estamos usando essas ferramentas para celebrar nossas supostas habilidades, pontos de vista e opiniões. Isso se tornou um veículo de individualismo radical. Não sou tão puritano a ponto de dizer que nunca deveríamos escrever e pensar sobre nós mesmos. É uma posição muito rigorosa. Já existia a cultura do narcisismo desde a era pós-industrial, antes mesmo da internet. Chistopher Lasch escreveu sobre isso. A Escola de Frankfurt escreveu sobre isso. Então a internet veio à tona e provavelmente com a condição de produto do narcisismo. Hoje, temos uma plataforma do narcisismo pós-industrial, estamos obcecados por nós mesmos. Veja, como exemplo, a idéia de que no Twitter nós acreditamos que é importante anunciar o que estamos comendo no almoço, onde estamos indo... O que é interessante e controverso sobre a internet é que estamos cada vez menos sociais, mais e mais individuais. Toda ambição da mídia social está errada. A mídia social deveria tornar as pessoas mais sociais, mas elas estão ficando mais narcisistas. A culpa não é da tecnologia ou da internet, elas não têm mente, não têm cérebro. É uma causa e conseqüência do que somos, de como agimos na sociedade capitalista. Isso é muito preocupante, eu penso.

INFO:O que a mídia tradicional deve fazer para sobreviver? Pular nas novas mídias é o suficiente?

ANDREW KEEN: Acho que o que a velha mídia deve fazer é entender que estamos atravessando uma mudança fundamental no seu valor. Não são mais monopolistas. Os veículos impressos costumavam ser donos dos meios de distribuição, tinham uma posição monopolista do mercado. A mudança fundamental é que o real valor é transferido da instituição do jornal para o jornalista individual. Agora, um jornalista talentoso pode publicar por conta própria, sem o jornal. Pode estar nos blogs, pode estar no Twitter, pode dirigir seu veículo. O desafio para a velha mídia, então, está em se transformar de dentro para fora, construindo organizações e redes de jornalistas, que podem efetivamente distribuir e vender o produto, recolher uma ‘marca guarda-chuva’ como jornal. Penso que jornais como New York Times, por exemplo, tem que entender que, no mundo digital, uma marca como eles não tem qualquer valor, o que tem valor são os escritores do New York Times. Para o New York Times ter sucesso, tem que obedecer à nova realidade: em poder do escritor e da mudança da natureza da sua marca.

http://info.abril.com.br/noticias/internet/o-homem-que-duvida-da-web-2.0-16092009-41.shl?2

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