26.1.10

O PT ainda transforma @geddel_ em vítima

Vazou para a imprensa o relatório de escutas telefônicas da Operação Expresso. “A Tarde teve acesso, por meio de três fontes diferentes, ao inquérito policial”, diz a reportagem de capa de domingo (24) do jornal A Tarde, que revela os interesses das empresas de ônibus no sistema viário a ser construído em Salvador, para melhorar o que chamam agora de “mobilidade urbana”.

O jornal não classifica os fatos divulgados como denúncia e sim como uma “guerra de bastidores” entre as empresas de ônibus e as grandes construtoras OAS e Odebrecht.

Mas a própria Polícia Civil, autora do documento, levanta a suspeita, ao duvidar que os “honorários advocatícios” do advogado Carlos Barral sejam de fato honorários. Em uma das conversas grampeadas com autorização judicial, o advogado, apontado como principal articulador das empresas de transporte, diz que vai precisar de mais R$ 5 milhões e a polícia conclui que ele iria utilizar “provavelmente subornando funcionários públicos e políticos”. A polícia pode ter lá razões adicionais para concluir isto. Mas das conversas do grampo relatadas na reportagem, não há nada que possa apontar a prática de irregularidades.

Especialmente na conversa de Barral com geddel_ só forçando a barra para enxergar crime. As empresas de ônibus estão interessadas no projeto, as construtoras podem ser adversárias, o próprio ministro sugere a possibilidade de um acordo e se propõe a conversar com as partes envolvidas para alcançá-lo.

Evidente que não sou ingênuo de supor que negócios envolvendo a cúpula do poder político e econômico do estado não incluam negociatas com vantagens diversas para as partes.

Porém, tampouco sou estúpido para imaginar que um empreendimento público com custo estimado em mais de R$ 600 milhões não mobilizará desde sempre os interessados, independente de haver um edital ou licitação lançada.

A conversa relatada no jornal – incluindo os palavrões – nunca ultrapassa a fronteira do interesse legítimo de capitalistas em um negócio milionário. Concluir algo além disso é exercício de imaginação.

Se em 1.030 páginas isto foi tudo que se encontrou contra Geddel, ele acaba usando o grampo para requerer em cartório atestado de idoneidade moral. Grampo que aliás, não é a degravação (a transcrição literal da conversa) e sim a interpretação, ou a edição que os seis delegados autores fazem da conversa (aliás escrevem tão mal que comprometem a credibilidade. Agente ao invés de a gente é apenas o erro mais inocente).

No entanto, por inócuo que seja o documento, vazou do governo para a imprensa e para alguns com certeza fez um estrago na imagem do candidato do PMDB, pois acaba sempre tendo aquela cara de denúncia braba de corrupção e gerando desgaste.

O empenho em desgastar Geddel tem sido tão grande que permite dizer que ou ele não é um adversário tão inofensivo ou o PT é tão autoritário que não admite qualquer contestação e só por isso precisa punir o “traidor” que ousou abandonar o barco.

Ao mesmo tempo em que de público petistas desdenham da candidatura do PMDB, no dia a dia espalham notícias que não se confirmam, como: desistência de Geddel, paralisia de seu nome nas pesquisas, pito de Lula no ministro, perda de apoio do vice Edmundo Pereira.

Está ficando feio. Mais um pouco e o feitiço vira contra o feiticeiro: o governo Wagner vira ACM (com grampos, overdose publicitária, César Borges e Otto Alencar) e o “trator” Geddel começa a parecer vítima.

Posted via email from Glauco Wanderley

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