A família Hitchcock: Ronald faz cara de confiante posando pra campanha. Alfred faz cara de desconfiado
“O mestre do suspense”. Era a consagração em forma de apelido, do famoso diretor inglês de cinema, Alfred Hitchcock. Na política, ele tem um discípulo baiano: José Ronaldo, o Ronald Hitchcock.
A cada decisão importante que precisa tomar, estica a corda ao máximo e deixa todo mundo em suspense. Agora alimenta a dúvida sobre se irá concorrer ao Senado, à Câmara Federal ou à Vice-governadoria.
Não importa que a decisão já esteja tomada. O suspense rende incontáveis entrevistas. Essencialmente, girando sempre em torno da mesma questão. “Que cargo vai disputar?”, “Já tomou a decisão?”, “Quando vai tomar a decisão?”.
Se já tivesse anunciado a escolha, não haveria mais o que perguntar. E lá estaria o homem, depois de apeado do poder, abandonado pelos microfones.
Ele não cometerá o erro de antecipar o anúncio de que será candidato a deputado federal*. Sabe muito bem como o suspense rende exposição na mídia. Na escolha do candidato a prefeito pelo DEM, em 2008, foram meses de novela. Os adversários, todo mundo já sabia quem eram. O DEM, concorrente mais forte na eleição, protelava o momento do anúncio. Finalmente, deu a lógica: entre meia dúzia de postulantes, a escolha recaiu sobre Tarcízio Pimenta, o nome mais forte, no partido que não podia se dar ao luxo de perder seu último grande reduto de Poder Executivo no estado.
Tarcízio era a escolha óbvia? Era para nós outros, os de fora. Mas o “diretor do filme” tem uma característica própria para fazer crescer a tensão. Ele não dá pistas. Tudo que se diz é chute ou inferido das circunstâncias, porque ele não entrega cópia dos roteiros a ninguém. Conseguiu fazer suspense (e obter mídia) até sobre a escolha do vice de Tarcízio.
O incrível é que com todo este talento midiático, Ronaldo não soube aparecer como liderança para toda a Bahia. Pelo menos ganhou prêmio de consolação neste fim de semana, ao ser chamado de “um dos caciques do DEM” na entrevista ao Bahia Notícias.
Mas ninguém pense que a prática do suspense começou agora. Em 1996 a dúvida era se ele seria candidato a prefeito pelo PFL (o candidato foi Josué Mello). Se não me engano, ele até negava, mas continuavam perguntando. Acho que foi aí que ele aprendeu a manha.
* Por que deputado? Porque os filmes de Ronaldo são de suspense, não de aventura. Nunca foi de se arriscar. E nada mais arriscado do que uma eleição majoritária agora para o DEM. Enquanto a eleição para a Câmara é garantida, com perspectivas até de ser o mais votado do partido. É puxador de votos para a legenda levar mais gente para Brasília. Concorrer a deputado é o melhor para ele, para o partido e para Feira, que precisa de representatividade.
Ok, haveria a hipótese de ir na majoritária a fim de “perder para cima”, como se diz, projetando-se para o futuro. Mas as perspectivas de futuro do DEM não são das mais promissoras. Tanto que em 2009 Ronaldo ensaiou mudar-se para o PSDB. Aliás, mais um assunto sobre o qual alimentou meses de suspense.
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