15.3.10

Banda Ímã leva jazz para Lençóis

Foto: Reginaldo Pereira

“Para muita gente a sorte é ganhar na loteria. Para mim foi passar em Lençóis hoje sem saber que ia ter show e encontrar eles aqui”. A definição de sorte do administrador Daniel Feijó expressa a satisfação pelo encontro inesperado com a banda Ímã, que tocou na noite de sábado, na segunda e última apresentação do Espicha Verão na principal cidade turística da Chapada Diamantina. Daniel já conhecia os músicos, que se apresentam nas sessões jazzísticas de sábado no MAM, em Salvador.

Neste segundo fim de semana, a iniciativa da Bahiatursa serviu também de estímulo para manifestações artísticas locais. Além de uma rápida apresentação de garotas com um número de street dance, tocou a dupla Laércio Moura e Marcel Jacques, cantando algumas músicas e principalmente oferecendo o aperitivo instrumental da noite, com violão, flauta e clássicos da música brasileira, como Tico-tico no fubá, Carinhoso e Brasileirinho.

No chão em frente ao palco montado no final da avenida Antônio Carlos Magalhães, um carpete ficou estendido para acomodar o público. Com a informalidade típica de Lençóis, houve até quem deitasse no chão para apreciar a performance musical do modo mais confortável possível.

Liderada pelo baterista Ivan Huol, também autor de várias das obras apresentadas, a banda Ímã mostrou em uma hora e meia de show, um repertório que favorece tanto o virtuosismo dos músicos quanto a exploração de uma ampla variedade de sons, com destaque para o papel fundamental ocupado pela percussão, que contou com a valiosa participação de Orlando Costa, músico experimentado nos palcos acompanhando diversas estrelas da MPB.

Uma sonoridade que não encontra espaço em rádios e não chega à parada de sucessos, mas que encontra boa receptividade na alternativa Lençóis, onde se misturam nativos, turistas brasileiros e estrangeiros e gente que trocou a agitação da cidade pela calmaria junto aos rios, matas e cachoeiras.

“Esse som é a cara de Lençóis”, vibra a jovem moradora Febe Santos. Para ela, ocasiões semelhantes deveriam se repetir com mais frequência, como forma de atrair mais turistas e de oferecer oportunidades diferentes para o lazer dos próprios moradores.

O comerciante Jorge Matos concorda. Como empreendedor local, ele confirma que a cidade sofre muito com a redução no turismo durante a baixa estação. Vê o Espicha Verão como um caminho, mas recomenda intensificar ações semelhantes para elevar a taxa de ocupação dos hotéis e pousadas. Jorge considera que a música “intimista” apresentada pelo Ímã é tão suave e adequada ao local que poderia ser executada na praça principal, onde circula mais gente.

A música da Ímã dispensa apresentações para Marcos Antônio Pinto, 68 anos, pai do tecladista André. Mas Lençóis ele ainda não conhecia. “Gostei muito dos passeios que fiz aqui”, indica. No outro extremo, a jovem Fenata Santos, 17 anos, tem as trilhas na natureza como uma extensão de sua casa, mas nunca tinha escutado ao vivo shows de jazz antes do Espicha Verão. “É maravilhoso. É uma chance para a gente conhecer uma cultura diferente”, comemora a estudante.

Ajudando a fazer a ponte entre o estilo musical e o público, foi valiosa a descontração do baterista Ivan na apresentação dos números instrumentais e  dos colegas de palco (a banda com cinco membros contou ainda com a guitarra de Bruno Uzeda e o contrabaixo de Marcos Sampaio). Juntos, não fazem uma música tão heterogênea quanto a platéia, mas chegam perto. Tanto que um dos últimos números da noite foi uma versão instrumental do sucesso Billie Jean, de Michael Jackson.

 

Posted via email from Glauco Wanderley

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