28.6.10

Pau de sebo movimenta a praça dos Nagôs



Mais de uma quinzena de homens tentando alcançar um prêmio de R$ 250,00 no alto de um tronco de massaranduba com dez metros de altura, pode ser uma atração que atrai tantos turistas e nativos quanto um show no palco principal da festa em Lençóis.

A tradicional brincadeira do pau de sebo encheu a praça dos Nagôs, no centro histórico, no início da noite de sábado. Durante mais de uma hora e meia o público não arredou pé enquanto não viu o grupo de amigos, formando uma pirâmide humana, vencer a escalada que parece mais difícil a cada vez que o homem no alto do mastro escorrega, com os dedos a poucos centímetros do envelope com dinheiro.

O povo embaixo torce pelo sucesso, mas se diverte com os inúmeros fracassos. Para pessoas como a estudante Lara Nogueira, este lado cultural é o que mais importa no São João em Lençóis, que ela conheceu este ano. Quanto mais tradicional melhor. “Mesmo nos shows, preferia que fosse só o forró pé de serra”, informa.

A amiga advogada Juliana Bonfim, reforça. “Não queremos nada parecido com o São João para multidões que outras cidades fazem. O mais interessante é a parte cultural da festa”, reivindica.

A visita ao Parque Nacional da Chapada Diamantina foi apontada por ela como outro motivo para a viagem. A mesma motivação do designer paulista Gilberto Franco, que sempre quis conhecer a região, veio com a noiva, a sogra e outras pessoas e já pensa em voltar. “Não é para vir uma vez só. Aqui é um ícone do turismo no Brasil. Estou achando perfeito”, derrama-se.

É fácil constatar que a vontade de retornar é natural de quem vem à Chapada. São muitos os turistas que retornam mais de uma vez e eventualmente fazem até sacrifício para isso. Como a dentista Letícia Ferreira, que é do Rio de Janeiro, mora em Dallas, nos Estados Unidos, teve apenas uma semana de folga e fez questão de vir para Lençóis, pela terceira vez. “É meu lugar preferido na Bahia. É muito bom para quem mora em cidade grande ter esse contato com a natureza”, justifica Letícia, que há três anos esteve na região pela primeira vez.

Diante de tantos atrativos naturais, os shows são secundários para turistas, embora indispensáveis para quem nasceu na cidade e não vê novidade na natureza. O complicado é equilibrar a demanda por tradição, exigida pelos turistas e o modismo musical, mais ao gosto do morador local. Na última noite de festa no palco neste sábado, o desafio de atender os dois públicos estará sob o comando de Coronel, Forró número 1 e Fubá de Milho.

Nas fotos de Valdenir Lima, a pirâmide humana tentando escalar o pau de sebo e a dentista Letícia no Pai Inácio


Posted via email from Glauco Wanderley

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