Se for na Chapada Diamantina, o São João pode ser também um tempo de aprendizagem sobre ecologia. Foi com esta intenção que a empresária Micheline Araújo, que possui uma empresa de reciclagem em Pernambuco trouxe o filho pequeno para passar as festas juninas e conhecer a região de natureza ainda preservada no coração da Bahia. “É muito importante para ensinar a ele o que a gente vai perder se não conservar o ambiente. O melhor projeto de educação ambiental que se pode ter é trazer as crianças para cá. Infelizmente estou vendo poucas aqui”, lamenta.
A dentista Sany Civini, que acompanha mãe e filho, mora em Salvador mas também não conhecia a Chapada. Escolheu o lugar para o São João porque além de buscar um forró mais tranquilo e próximo das origens do ritmo, queria explorar as possibilidades de trilhas, caminhadas e passeios. E já decidiu que não vai ficar só nesta visita. “Com certeza, os quatro dias que passei aqui não são suficientes e vou voltar”, projeta.
Parece que a tendência é que Sany fique igual ao casal Andre Rodrigues e Jeane Sales, funcionários públicos que sempre que podem, escapam de suas jornadas burocráticas em Inhambupe e Salvador para a Chapada, que já consideram como uma segunda casa. “A gente conhece as pessoas, tem um clima de comunidade”, elogia Jeane. “Viemos pela primeira vez em fevereiro de 2008 e esta é a quinta visita. Aqui no Morro do Pai Inácio é a segunda vez que estamos vindo”, contabiliza André, que estampa no rosto a satisfação após a descida do morro que tem uma vista deslumbrante da região.
Como grande parte dos visitantes da Chapada, eles se hospedam em Lençóis e fazem da cidade a base para os passeios pelas atrações que se estendem pelos municípios vizinhos. Pelos cálculos da prefeitura, a sede do município chega a dobrar de população em feriados prolongados como o São João.
É uma população flutuante altíssima e que, como se vê pelos depoimentos, sempre retorna à cidade, onde grande parte dos nativos vive do turismo. Portanto, o visitante precisa sair satisfeito. Por outro lado, os moradores convivem com os governantes todos os dias e cobram de perto o atendimento de suas necessidades e desejos. No São João ficou claro o conflito, com o povo querendo novidades e sucessos e o turista pedindo forró pé de serra.
A programação sofreu alterações de última hora e o sanfoneiro Coronel tocou durante três dias, inclusive no encerramento no sábado, acompanhado somente de zabumba e triângulo, como manda a tradição. As bandas Forró número 1 e Fubá de Milho completaram a noite, adicionando uma pitada de modernidade aos shows, que, como nos dias anteriores, duraram até o amanhecer.
Para os turistas, o que vale são os passeios e os shows ficam em segundo plano (fotos Valdenir Lima)
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