Cinco meses depois de ser entregue à comunidade como reformado, o Ginásio Municipal Joselito Amorim, maior escola da prefeitura de Feira de Santana, foi parcialmente interditado por causa do desabamento de parte do reboco da laje de uma das salas de aula.
Não houve feridos, porque o incidente ocorreu durante a madrugada de segunda-feira, quando a escola estava vazia. O estrago foi apenas material na sala 12, onde se espalharam pedaços do reboco, misturado a ferro, cadeiras quebradas, fiação exposta e paredes molhadas e rachadas.
“Tomei um susto quando a funcionária me chamou avisando o que havia ocorrido. Já pensou se fosse no momento da aula, o que poderia ter ocorrido com os alunos?”, questionou assustada a diretora Marta da Graça Lima.
De acordo com o secretário de Educação, José Raimundo de Azevedo, que participou da inauguração da reforma em fevereiro, não foi uma reforma estrutural. “Foi pintura, e melhoria na quadra de esportes. Estava tudo normal com a laje. Não tinha como detectar, não se via problema nenhum na época”, justifica o secretário.
A escola foi construída há 48 anos e tem 26 salas divididas em quatro pavilhões, com 1.532 alunos de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental em três turnos. Mais de uma semana de chuva constante em Feira de Santana foi apontada pela prefeitura como a causa para o desabamento.
Outras duas salas de aula do pavilhão 2 estão com problemas de infiltração, além das salas da secretaria, direção e de informática, que tem 18 computadores. Uma empresa foi contratada para o reparo emergencial e os estudantes remanejados, para evitar interrupção das aulas, já que entre maio e junho a rede municipal enfrentou um mês de greve dos professores.
Mas há outros pontos que merecem atenção no colégio, de acordo com depoimentos de alunos e pais. Uma aluna da 6ª série contou que sempre que chove surgem goteiras e uma mãe de aluna se queixou de que a filha não usa o banheiro da escola, dizendo que está em condições precárias.
OUTROS CASOS
O governo anunciou a meta de reformar todas as escolas municipais até o fim do ano. Germano Barreto, diretor da APLB, o sindicato dos professores, estima que metade delas funciona com estruturas inadequadas. O sindicalista ressalva que não sabe se há mais algum caso de risco de desabamento, pois considera que isto é uma avaliação que só pode ser feita por técnicos. “Mas há muitas unidades impróprias, que são casas ou associações comunitárias que ao longo dos anos foram sendo transformadas em escolas, sem terem condições para isso”, acusa.
Entre estas, inclui-se a escola Antonio Brandão de Souza, no distrito de Humildes, que no final do ano passado foi alvo de manifestação de professores, estudantes e da comunidade, que pediam melhorias ou a construção de um prédio novo. A escola é um anexo, que começou a funcionar em uma residência adaptada, que logo se mostrou insuficiente. Foram construídas mais 10 salas de aula no terreno em torno, mas estas são pequenas, mal ventiladas e mal iluminadas.
O secretário José Raimundo Azevedo diz que o governo está à procura de um terreno para construir uma escola que possa abrigar os cerca de 800 alunos, de 5ª a 8ª série, que estudam na unidade. Enquanto isso, as meninas, cerca de 200 por turno, dividem um único banheiro e outro grupo equivalente de garotos usa dois banheiros, que nem água encanada têm. Baldes de água jogados pelo pessoal da limpeza fazem o papel de descarga.
A escola não tem espaço para realização das atividades de Educação Física e a única melhoria desde a manifestação de novembro revelou-se inócua. Os velhos quadros negros onde se escrevia com giz foram trocados por quadros brancos onde se escreve com caneta piloto. O problema é que nem sempre se consegue apagar. Os conteúdos se misturam e os professores ficam procurando restos de espaço livre para escrever. “Eu preferia o de antes. Tava todo velho e acabado mas pelo menos eu conseguia enxergar”, opina a estudante Edna Pereira, da 6ª série.
(Glauco Wanderley e Alean Rodrigues, com fotos de Reginaldo Pereira, mostrando o reboco que desabou, apontado pela diretora Marta, do Joselito, o banheiro feminino da escola de Humildes e a inovação do quadro que não se apaga, na mesma escola, Antônio Brandão de Souza)
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