David Neto acredita que não deve satisfações

Tive ontem o desprazer de fazer para o jornal A Tarde a matéria que se segue, sobre o incrível caso do vereador que espanca o tio em praça pública, acha que é uma coisa natural e que a Câmara nada tem a ver com a vida particular dele. É o mesmo personagem que reivindica receber 13º, apesar dos vereadores terem apenas nove meses de trabalho por ano (sempre é bom ressaltar: isso significa que num mandato de quatro anos, um ano inteiro é de férias):

O vereador de Feira de Santana, David Neto (PMN), agrediu o próprio tio em praça pública por volta do meio dia de ontem. A vítima, Paulo Mendes, 48 anos, que é irmão da mãe do vereador, foi levado pelo SAMU para o Hospital Clériston Andrade, onde fez exames e tinha previsão de alta ontem mesmo.
O vereador admite que bateu no tio, mas diz que foi ameaçado primeiro, tanto por telefone quanto no momento em que se encontraram no local combinado, a praça Eduardo Fróes da Mota, no centro da cidade.
“Ele vive me ligando, me pedindo dinheiro, me ameaçando. É um cara problemático. Chega uma hora em que você não aguenta, tem que dar uns beliscões de orelha”, explicou.
Apesar de dizer que foi o tio quem partiu para agredi-lo, David Neto acha que o método que utilizou é eficaz para acabar com as pendências. “Dei uns murrinhos nele. O cara quebra no tapa e resolve”, garantindo no entanto, que fez o serviço sozinho. Segundo ele, os dois outros homens que o acompanhavam eram seus amigos e não seguranças e até ajudaram a apartar a briga.
O desentendimento entre ambos vem de longe, admite o vereador. São questões familiares, envolvendo terras e negócios que fizeram entre si. A reportagem não pôde ouvir a versão do tio, que estava internado.
Ao ser informado do caso, o presidente da Câmara, Antonio Carlos Ataíde, disse que vai convocar o corregedor do Legislativo municipal e se reunir com o vereador David Neto, que deve prestar esclarecimentos. “Embora o fato tenha acontecido fora do espaço da Câmara, o vereador deve manter a postura. Temos que analisar o que o Código de Ética diz sobre uma situação como essa”, pondera.
Para o vereador, pouco importa. Questionado sobre a possibilidade de receber alguma punição dos colegas, ele responde com outra pergunta: “O que a Câmara tem a ver com a minha vida pessoal?”