29.6.09

A diferença que faz passar o dia na escola

Fagner Moreira Lima tem 13 anos e mora em Nova Fátima, município pequeno e pobre da região sisaleira. Ele vai representar todo o semi-árido brasileiro na reunião do G8, que junta os governantes das maiores potências econômicas do mundo entre 4 e 12 de julho.

Brasileiros participam porque cinco países em desenvolvimento também se encontrarão lá (Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul). Os adolescentes, assessorados pelo Unicef, órgão da ONU para infância e adolescência também discutem os temas, levando as propostas que coletaram em suas comunidades debatendo com os colegas. Serão quatro brasileiros.



O Fagner, que você vê na foto acima de Reginaldo Pereira, com a mãe e o pai, é um garoto comum. Não é nenhum superdotado. Talvez nem mesmo precoce. Se expressa bem, mas ainda tem muito que se desenvolver. E o que fez a diferença na vida dele, a ponto de ser escolhido (por garotos da mesma idade em um encontro mês passado em Recife) como o que falaria em nome de todos em uma reunião internacional?

A diferença é que no lugar de estudar de manhã e ajudar o pai na roça de tarde, passou a ocupar as tardes com outras atividades educacionais, dentro do que é chamado Jornada Ampliada, no PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). Ou seja, nada mais nada menos que escola em tempo integral.

Foi aos 10 anos que Fagner parou de trabalhar e entrou no PETI. Em apenas três anos o menino já escalou vários degraus. Claro que se estivesse na roça trabalhando com sisal, não teria tempo nem condições para nada disso.

Conheça abaixo um pouquinho do pensamento do nosso representante em Roma.

Qual o retrato dos problemas do semi-árido que você vai apresentar em Roma?

Fagner - O nosso índice de analfabetismo é muito alto; a saúde está precária, com pessoas morrendo nos hospitais. A ideia é que os países desenvolvidos colaborem com o Brasil, que ainda está em desenvolvimento, para que possa investir na educação, saúde e lazer.

O Brasil já não tem dinheiro para resolver esses problemas?

Fagner - Acho que tem, mas falta a distribuição. A renda é muito mal distribuída.

O que deveria mudar dentro do Brasil, para resolver isso?

Fagner - Os poderes públicos poderiam se interessar mais. A presidência da República, o governo do estado, os prefeitos, poderiam se juntar para melhorar o semi-árido. Não vou dizer que fazem pouco, mas precisa mais.

O que você quer fazer no futuro?

Fagner - Eu pretendo continuar no meio social. Tenho o sonho de ser jornalista também.

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