29.9.09

Estudantes da UEFS condenam Enade

O Diretório Central dos Estudantes da UEFS emitiu nota pública condenando o Enade, exame nacional no qual a universidade estadual feirense teve notas baixas em diversos cursos. A nota reafirma a crítica segundo a qual o Enade não é um parâmetro eficaz de avaliação.

O DCE afirma que orienta os alunos a comparecer no dia da prova porque é obrigatório, mas ao mesmo tempo entregar a prova sem responder, para registrar o boicote contra o método de avaliação.

Na nota pública distribuída hoje os estudantes criticam ainda a postura do governo do estado, denunciando cortes elevados no orçamento da instituição no ano corrente e no próximo.

LEIA ABAIXO A ÍNTEGRA DA NOTA PÚBLICA:

Desde que foi lançado, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) gera polêmica dentro do cenário educacional brasileiro. Inicialmente, já nos colocamos que somos a favor que a Universidade se avalie e seja avaliada, porém o que não pode servir de parâmetro (e nesse sentido, o SINAES é o exemplo mais forte) é um modelo avaliativo em que se premiam os “bons” e punem-se os “maus”. No centro desta polêmica, encontra-se o Exame Nacional de Desempenho do Estudante (ENADE), que tem como foco tão-somente a atuação do estudante em uma prova.

O ENADE é aplicado a uma parcela dos estudantes -, uma parte dos ingressantes que tem entre10% a 25% de formação do curso e a outra pelos concluintes, que já estão acima dos 70% de formação, sendo que a prova que ambos fazem é a mesma. Os sorteados para realizar tal prova são obrigados a comparecer para fazer a prova, sendo que caso não compareçam não poderão se formar. Por isso, sempre ressaltamos que a presença no dia da prova é fundamental no processo de Boicote para que o ou a estudante não saia prejudicado.

No segundo semestre do ano de 2008, o DCE-UEFS, em conjunto com os demais Diretórios Acadêmicos (DA’s) da UEFS, se organizaram para começar as mobilizações com o objetivo de boicotar o referido exame, mas sempre ressaltando que não é o boicote pelo boicote e sim um processo de conscientização e politização dos e das estudantes no intuito de defender a Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade. Nesse sentido, fizemos um debate público em parceria com a Pró-Reitoria de Graduação para ampliar as discussões e assim ter vários olhares sobre a questão.

As notas que o ENADE deu aos cursos da UEFS (História – 1, Letras – SC. Pedagogia – 3, Engenharia Civil – 1, Engenharia de Alimentos – 2, Engenharia da Computação – 4, Geografia – 1, Biologia – 2, Matemática – 2, Física – 3) em nada se relaciona com os problemas enfrentados por esses cursos. A situação do curso de Engenharia da Computação, por exemplo, reflete uma postura irresponsável do MEC, no momento em que este se utiliza dos resultados do ENADE, anunciando que caso a nota de um curso, que ainda não tem a sua autorização, seja baixa, isso pode contar negativamente na sua aprovação.

Entendemos esses resultados como uma inversão do processo – os/as estudantes da UEFS deram uma resposta ao descaso com que o Ministério da Educação e a Secretaria de Educação do Estado da Bahia vêm tratando a educação pública no país e na Bahia. Este debate precisa ser ampliado dentro da UEFS, para que esse resultado não seja visto como um índice de má qualidade do ensino, e sim como um reflexo das lutas na manutenção do ensino público, gratuito, de qualidade e socialmente referenciado.

Nessa perspectiva, é preciso participar na construção da Comissão Própria de Avaliação, para em conjunto com a universidade nos avaliarmos e desta forma planejar melhor os investimentos da Instituição, bem como seu projeto político-pedagógico. Além disso, esse debate não pode estar desvinculado da crítica que se faz em relação ao descaso do atual governo com as universidades estaduais. Após um corte de mais de 40 milhões de reais no orçamento planejado pela UEFS em 2009 o “Governo de todos os Nós” corta em mais de 50 milhões o orçamento para 2010, tendo um agravante maior, pois se retirarmos a verba de pessoal deste orçamento o valor repassado para a manutenção e ações em 2010 é menor que a repassada em 2008.

Por fim, convocamos todos e todas a defender a UEFS e as Universidade Baianas. A começar, desvelemos os números do ENADE, tomando-os como símbolo da resistência do corpo estudantil da UEFS em defesa incondicional de uma educação emancipadora.

Posted via email from Glauco Wanderley

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