16.10.09

O feitiço virou contra o feiticeiro

Durante o mandato do inesquecível José Sarney como presidente (tristes tempos), já sentindo o prejuízo do crescimento dos evangélicos, a igreja católica conseguiu impingir ao país a criação do feriado da padroeira, Nossa Senhora Aparecida. Uma clara afronta ao princípio do estado leigo, que a Constituição diz que somos.

Não me recordo com certeza, mas tenho a impressão de que a coincidência de data com o Dia das Crianças, 12 de outubro, serviu como atenuante, como uma insinuação de que o feriado teria também esta razão de ser.

Se foi ou não foi, não vem ao caso. O certo é que impôs-se o feriado, mas com a progressiva perda de interesse pelas coisas religiosas, o 12 de outubro como Dia da Padroeira perdeu força e tem muita gente mesmo que pensa que é feriado por causa do Dia das Crianças.

Prontamente, eis que se articula novo golpe: empurrar o Dia das Crianças para 15 de novembro. Dizem que ideia do valoroso J. Sobrinho, que desta vez não foi feliz. Ideia já entusiasticamente apoiada pelo arcebispo Dom Itamar Vian, que submeterá a sugestão ao escrutínio dos colegas de CNBB.

A decisão final, claro, cabe ao Congresso. Tomara que não passe.

Na Câmara de Feira de Santana, debateu-se o assunto. Roque Pereira não dá muita bola para o Dia das Crianças (criança não vota) e opinou que pode-se colocar o dia delas em um domingo qualquer de outubro, livrando a padroeira da má companhia do mundano comércio que cerca a festividade infantil.

O candidato à excomunhão, Getúlio Barbosa, protestou: “A Igreja Católica precisa entender que o Estado é laico. Não se pode beneficiar uma religião, atendendo aos seus pleitos, em detrimento de outras”.

 

Posted via email from Glauco Wanderley

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