O ônibus que perdeu os freios e matou duas pessoas no centro de Feira de Santana, no dia 01 de setembro, obteve licenciamento na Ciretran em Serrinha, dois dias depois do acidente, quando já estava apreendido. A revelação foi feita pelo delegado Laércio dos Santos, que preside o inquérito que apura o caso.
Embora considere o fato estranho, não caberá a ele investigar este aspecto. “Há indício de ilegalidade”, desconfia o delegado, que vai encaminhar as informações para o Detran, a quem cabe adotar as providências administrativas.
Até a placa foi adulterada. Na documentação é JME 2494 e na rua o ônibus circulava com JMS 2494, que é placa de um carro de passeio. De acordo com Madson Sampaio, titular da delegacia que apura o acidente, não é possível sequer identificar a origem do veículo, porque o número do chassis foi cortado. Sobre o buraco está colada uma placa de metal. “Não se sabe que veículo era esse originalmente. É o mesmo que um veículo fabricado no fundo do quintal”, define.
Mas para o dono do ônibus, João Pinho Barreto, que dirigia na hora da batida, não há nada de irregular. No depoimento à polícia, ele entregou a documentação toda em dia e assegurou que o veículo estava em plena condição de circular.
O laudo da perícia divulgado ontem, diz o oposto. Pneus carecas ao ponto de já terem consumido toda a borracha em alguns lugares, pisca alerta dos dois lados sem funcionar, fluido de freio há muito tempo sem ser colocado, tanto que o reservatório estava ressecado.
No dia do acidente, o ônibus estava cheio de pacientes do SUS, que voltavam para a cidade de origem, depois de fazer exames em Feira de Santana. 116 quilômetros separam as duas cidades. Ao perder os freios descendo a ladeira da rua Olímpio Vital e invadir o sinal vermelho, atingiu duas motos que passavam pelo Canal, matando Gislane Silva Moreira, de 25 anos e Luiz Leno de Jesus Almeida, 27 anos. “O motorista será indiciado com certeza. Mas além dele, é possível que quem contratou o serviço também seja”, entende o delegado Madson. Um terceiro ferido passou mais de 20 dias em coma no Clériston Andrade mas sobreviveu.
A polícia ainda não conseguiu ouvir os secretários municipais de Saúde e Transportes de Araci. Como eles não compareceram em Feira de Santana no dia marcado, serão ouvidos em sua própria cidade por meio de carta precatória. A polícia aguarda também o depoimento de outras testemunhas. O delegado Laércio dos Santos acredita que o inquérito seja concluído até janeiro.
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