Uma das grandes vantagens da internet como mídia é que quem lê pode palpitar também e não apenas engolir o que lhe foi dito. E quem escreve deve se sentir lisonjeado quando o leitor tem o que dizer, ainda que lhe conteste. Eu pelo menos me sinto.
Foi o caso quando lamentei e considerei um retrocesso o fato de uma comunidade pobre como a do Aviário se mobilizar para conseguir um carro para a polícia. Manoel Macedo discorda e travamos um pequeno debate. Ele acha que a mobilização social é importante e pode implicar num “corte das amarras de políticos inescrupulosos”.
Leia abaixo o segundo comentário postado pelo Manoel
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As diferenças de ponto de vista
Tudo o que fazemos pode ser visto de pelo menos três intenções diferentes, segundo o comunicólogo Umberto Eco. Assim creio que a sua interpretação seja apenas uma das intenções acerca do fato. No meu ângulo de leitura uma comunidade se organizar e buscar soluções vai ser sempre um avanço. Você parece só enxergar a ausência do “Estado”. O “Estado” é uma figura abstrata, o real é o povo. A construção de uma sociedade mais justa passa necessariamente pela conscientização e mobilização popular.
Então do meu ângulo de visão vai ser sempre um avanço quando uma comunidade pobre, mas organizada, procura resolver as suas demandas de forma pacífica buscando soluções próprias e sem esperar que o “Estado” diga o que deve ser feito, qual a solução.
A auto-estima e o sentimento de pertencimento são de grande valia para a construção da identidade. Ao se reconhecerem as pessoas passam a lutar de forma organizada pelos seus direitos e cortam as suas amarras com certos políticos inescrupulosos, que se aproveitam da miséria e a usam como combustível para suas carreiras.
Por certo você deve reconhecer a iniciativa da população do bairro Aviário como válida. Acredito que a sua crítica se restrinja à falta de políticas públicas direcionadas a aquele bairro.
Abraços e continue atento, fazendo as suas observações.
Manoel Macêdo
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