Na reabertura dos trabalhos deste ano o Legislativo feirense recebeu de volta o vereador Alcione Cedraz, que desejava voltar à casa, deixando a secretaria de Cultura, Esporte e Lazer.
Bastaria nomear um substituto para o secretário Alcione e pronto. Mas o substituto de Alcione tinha que ser da Câmara, para que o suplente Sargento Joel não perdesse a vaga de vereador com o retorno de Alcione Cedraz, eleito em 2008 pela mesma coligação.
A escolha do prefeito Tarcízio Pimenta recaiu sobre seu então líder na Câmara, Justiniano França. Mas Justiniano é evangélico e não dava para substituir Alcione no comando da secretaria que tem entre suas principais atribuições organizar a Micareta. Desloca-se então o secretário de Desenvolvimento Econômico, Euclides Artur, para a pasta da Cultura e Justiniano assume o lugar de Euclides Artur.
“Por que toda essa manobra só para preservar a cadeira de Sargento Joel, um suplente, com atuação apagada no Legislativo?”, alguém me perguntou.
Não sei. Mas só como hipótese eu cogito o fato do irmão de Joel ser prefeito (reeleito) de Monte Santo. O apoio de Everaldo Joel de Araújo (filiado ao PT do B quando se elegeu em 2004 e reeleito pelo PSDB, coligado ao DEM, em 2008) vale voto, a moeda da política. Quer ver? Dois candidatos a deputado federal do PFL, ficaram com 42,89% dos votos para deputado federal em 2006. Felix Mendonça teve 14,35%. E o mais votado quem foi? Fernando de Fabinho, com 28,54% dos votos válidos. Só lá foram 7.325 votos para o mais novo aliado de Jaques Wagner.
Então se os votos que podem ser garimpados pelo irmão de Sargento Joel em Monte Santo têm peso na política, muito mais ainda têm os votos que podem ser extraídos pela perfuratriz de Fernando de Fabinho na Bahia toda. Ele teve 161.750 votos distribuídos em 332 municípios. Foi o sétimo mais votado, na frente de Jutahy, João Leão, José Carlos Aleluia e Zezéu Ribeiro. Perdeu só para os seguintes figurões: ACM Neto, Fábio Souto, Geddel, Walter Pinheiro, Lídice da Mata e Nelson Pelegrino.
Sim, o deputado federal também tem uma atuação apagada em Brasília do ponto de vista dos feirenses. Porém a área de influência do ex-DEM vai muito além de Feira. Fabinho teve 51.572 votos em Feira na eleição de 2006. Representa 20,88% dos votos válidos. Perdeu só para Colbert Filho (54.901 votos). Entretanto, proporcionalmente ele foi ainda mais bem votado em outras 22 cidades (42,49% dos votos válidos em Nordestina, 42,31% em Santa Bárbara, por exemplo).
Rompido com seus antigos aliados, não será candidato em outubro, já que mudará de partido e não pode concorrer. Mas tem um balaio cheio de votos para influenciar no resultado. Claro que não se sabe quanto ganha ou quanto perde com a mudança.
Quantos dos seus antigos aliados mudarão com ele? Quantos dos seus eleitores o deixarão? O número exato não importa. O que vale para Jaques Wagner é prosseguir em sua tática de esvaziar os inimigos. Como César Borges, Fabinho, ainda que bem votado em 2006, vale mais pelo que retira de Paulo Souto (e José Ronaldo) do que pelo que acrescenta ao governo.
A vontade do governador seria, se possível, ganhar a eleição por W/O.
Daqui a pouco Jaques Wagner vai querer o absolutismo na Bahia.
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