Pouco mais de duas semanas após terem suas casas inundadas, moradores da rua São José, no bairro Mangalô, em Alagoinhas, voltaram a passar pela mesma experiência, com a forte chuva que caiu no município terça-feira.
A obra de drenagem das águas pluviais iniciada depois da primeira inundação está sendo feita. Entretanto isso deixou a rua em condições ainda piores para suportar a nova enxurrada. Como uma etapa do serviço foi executada, a água já corre parcialmente pela tubulação. Mas o volume parece ter sido maior que a capacidade das manilhas, pois voltou a transbordar e alagar algumas residências. Além disso, a água ainda invade o terreno das casas pelos fundos, não apenas pela rua onde está sendo feita a drenagem.
O alagamento é atribuído pelos moradores à construção de 780 unidades do programa Minha Casa Minha Vida. Os conjuntos residenciais estão sendo erguidos pela construtora JNC, de Sergipe. Para dar lugar às moradias, foi desmatada uma ampla área mais elevada vizinha à rua São José.
Ao falar com a reportagem de A Tarde após a enchente do dia 25 de março, Paulo Nunes, sócio da empresa, definiu o caso como uma fatalidade devido ao excesso de chuva. Mas assumiu a responsabilidade pela construção da rede de águas pluviais e pagamento dos prejuízos aos moradores.
Quem teve a casa inundada e não se abrigou com parentes ou vizinhos ficou hospedado em um hotel pago pela empresa. Os moradores criaram uma comissão para negociar com a JNC. Anete Caldas, membro da comissão, confirma que os compromissos assumidos estão sendo cumpridos. Inclusive uma parte dos utensílios domésticos, como fogão e geladeira já foram restituídos.
Mas depois da inundação de terça-feira, os moradores temem que a obra de drenagem não seja suficiente e querem um engenheiro independente para avaliar o serviço. “Eu tenho certeza que após dois alagamentos, esta casa está com a estrutura comprometida e não vai servir mais”, afirma Antônia da Conceição, que diz querer outra casa, ainda que menor.
A vizinha Eliete dos Santos Silva levanta outro problema. A falta de material escolar dos filhos. Tudo foi perdido na enchente do final de março. São quatro crianças, que estão abrigadas com ela na residência provisória paga pela JNC. Ela e outros moradores se queixaram da falta de apoio da prefeitura.
A diretora da secretaria de Ação Social de Alagoinhas, Antônia dos Santos, afirma que diariamente tem prestado assistência aos moradores, providenciando segunda via de documentos, assistência médica e psicológica. “Até dois cachorros levamos ao veterinário”, acrescenta a secretária de Ação Social, Tatiana Andrade. De acordo com as funcionárias da prefeitura, esta segunda inundação atingiu poucas casas, diferente da primeira, quando 45 foram afetadas.
Quanto ao material escolar, Antônia argumenta que a responsabilidade pela indenização é da construtora. Mas garante que o problema estará sendo resolvido nos próximos dias, pois tem reunião marcada com os proprietários da empresa. Na tarde de ontem não havia ninguém da JNC em Alagoinhas autorizado a falar com a imprensa.
Na seqüência de fotos (de Reginaldo Pereira) pode-se ver a rua revirada e enlameada pelas obras e a chuva e os moradores contabilizando os prejuízos na nova inundação. As roupas no chão, que aparecem em uma das fotos, eram novas e tinham sido doadas após a enchente de março)
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