18.2.10

O Carnaval em meio à natureza, em Mucugê

Cadê o Carnaval em Mucugê? Tá lá em baixo. Aqui é só a tranqüilidade da manhã de segunda-feira, com chuva fina (foto: Glauco Wanderley)

Claudia veio para Mucugê em busca de novidade, porque enjoou do carnaval de Salvador. Eugênia buscava tranquilidade. Williams queria qualquer lugar na Chapada Diamantina. Todos estão na cidade pela primeira vez e se dizem muito satisfeitos com a escolha.

“Eu vim pela natureza, pelos rios, cachoeiras e trilhas. Mas é bom que tem o carnaval de noite. Disseram que aqui não tinha nada de carnaval, mas estou achando a cidade até animada”, observa o alagoano Williams Vieira, estudante de Direito, que veio com um grupo de 16 pessoas do estado vizinho.

A gerente de loja Claudia Castelo Branco gosta de Carnaval. Morando em Salvador, sempre foi freqüentadora do circuito Barra-Ondina. “Mas já sei de cor tudo que vai acontecer. Então queria este ano alguma coisa diferente. Estou maravilhada”, define.

A amiga Eugênia Santos, supervisora de vendas, veio com a família e um amigo e dispensa a folia. “Eu gosto é de silêncio. Vim em busca de paz e tranqüilidade e encontrei aqui”, comemora.

Mas não se incomoda com o carnaval tradicionalista exibido pelas ruas da cidade ecológica, que agora também quer se tornar conhecida pela recuperação da própria história.

Uma iniciativa que começou no ano passado e já começa a render frutos. Nota-se um aumento no número de turistas em relação a 2009. Encontram-se muitas pessoas adultas, diferente do que ocorre em Palmeiras e Rio de Contas, referências do carnaval na Chapada.

A intenção em Mucugê é também virar uma referência, mas cultural. Segundo o prefeito Fernando Medrado (PDT) as manifestações culturais podem atrair pessoas em grande quantidade fora dos feriadões de Carnaval e São João. Assim, a parcela da cidade que vive do turismo, terá público para consumir serviços de hospedagem, alimentação e produtos como artesanato.

“Queremos elaborar com a Bahiatursa e outros órgãos um calendário de eventos. Este ano, no dia de Reis já houve um crescimento significativo de participantes”, analisa Medrado.

A primeira tarefa é mobilizar a própria população. Na tarde do domingo desfilou o estranho bloco Macutum Zezê e os cão de Loi. Um grupo encabeçado por um mascarado com a cara do capeta, seguido de crianças com o corpo coberto de lama, e outros mascarados e tipos esquisitos diversos, andando em fila indiana ao som do batuque. “É uma tradição que estava abandonada e estamos trazendo de volta este ano”, explica a produtora Ana Cristina Collier.

Durante a caminhada os “cão de Loi” cruzaram com um grupo instrumental que promovia uma batucada e cada um seguiu seu caminho, em meio a turistas fotografando e crianças olhando assustadas o desfile do capeta.

Mesmo no palco de shows noturnos, com atrações bancadas pela Bahiatursa, há uma preocupação em dar espaço à tradição. Neste domingo é dia de J. Veloso. “Nós também pedimos ao pessoal da banda local que faça um carnaval mais leve no começo da apresentação”, defende o prefeito.

Fotos a seguir de Reginaldo Pereira

O capeta e seus seguidores enlameados


Faixa explica o desfile, no fim da fila dos "cão de Loi"


A Batucada são só esses mesmos. Quase não faz barulho e passa logo


Posted via email from Glauco Wanderley

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