O presídio de Serrinha (a 170 quilômetros de Salvador) teve nesta segunda-feira a segunda rebelião em menos de 15 dias. Desta vez, um preso foi morto pelos amotinados, que exigem transferência para o Presídio de Salvador. Em nota, o secretário de Justiça, Nelson Pelegrino, adiantou que desta vez não aceitaria transferir ninguém. O dia chegou ao fim sem acordo e as negociações, suspensas durante a noite, serão retomadas agora pela manhã.
O detento que morreu foi Joselito Alves da Silva, conhecido como Carioca. Os três feitos reféns são Alex Brito da Silva, Márcio Gleidson Pinheiro Costa e Antônio Rodrigues da Silva. Todos são da área conhecida como Seguro, onde estavam alojados 29 detentos de maior periculosidade. Os quatro que foram atacados estavam jurados de morte por inimigos de outra facção. Pelo menos 14 dos amotinados são considerados integrantes do bando de Claudio Campanha, traficante transferido em setembro do ano passado para um presídio federal de segurança máxima em Mato Grosso do Sul. No mesmo mês, seus aliados foram levados para Serrinha, tido como presídio de segurança máxima.
A rebelião em Serrinha começou na manhã de segunda-feira. Os presos conseguiram danificar o mecanismo automático que abre e fecha as portas e deram início ao motim. Pouco depois das 15 horas um pelotão de choque da PM entrou no presídio, mas não invadiu a área onde ocorria a rebelião. O pelotão fez um isolamento dos demais pavilhões para evitar que o tumulto se espalhasse, enquanto eram conduzidas as negociações. O Superintendente de Assuntos Penais da secretaria de Justiça, Isidoro Orge, chegou no final da tarde para tentar fechar um acordo.
SUPERLOTAÇÃO
Segundo informação da Superintendência de Assuntos Penais, existiam até o dia 5 de fevereiro, 2001 excedentes nos presídios baianos. O mais lotado é o de Feira de Santana, que tem capacidade para 340 e abriga 646.
O presídio de Serrinha é uma exceção, pois tem lugar ainda para 32 presos. Mesmo assim, devido aos rigores da instituição que é considerada de segurança máxima, os presidiários não querem ficar nele. No dia 2 de fevereiro, 45 presos que estavam no Complexo Policial de Feira de Santana, foram transferidos para Serrinha. Eles tinham se rebelado em 30 de janeiro também por causa da superlotação da delegacia feirense, onde os cerca de 150 presos tentaram uma fuga.
Em Serrinha o motim mais recente tinha sido em 26 de janeiro. Quatro presos conseguiram fazer um agente de presídio como refém e com isso, obtiveram a transferência para a Unidade Especial Disciplinar da Mata Escura, em Salvador.
Parentes que aguardavam ontem na porta, disseram, sob a condição de anonimato, que o aumento no rigor com presos e até visitantes após a chegada do atual diretor piorou as condições e provocou um clima permanente de revolta.
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