23.10.09

Glich quer que polícia investigue morte de artista pelo viés da orientação sexual

O Grupo Liberdade, Igualdade e Cidadania Homossexual (Glich) de Feira de Santana acredita que a morte do artista plástico e professor Marcus Moraes está ligada a sua orientação sexual. O presidente da entidade, Rafael Carvalho, considera que tratar o caso apenas como latrocínio (roubo seguido de morte) é desperdiçar uma oportunidade de discutir a violência contra homossexuais.

O delegado Marcelo Novo, responsável pela investigação, confirma que a polícia vem tratando o crime como latrocínio, mesmo sem descartar outras possibilidades. Mas disse que não poderia dar mais informações, já que a investigação não foi concluída. A polícia localizou quarta-feira o carro do professor, incendiado na periferia de Feira de Santana.

A homossexualidade da vítima não era segredo. Ele inclusive frequentou eventos promovidos pelo Glich. Para Rafael Carvalho, o caso se assemelha a muitos outros envolvendo homossexuais. “Cerca de 90% são mortos dentro de casa”, esclarece.

O corpo de Marcus Moraes foi encontrado sábado no apartamento onde ele morava e mantinha o ateliê. Porém a morte pode ter sido até 48 horas antes, de acordo com a avaliação inicial da polícia. Ele foi morto com golpes na cabeça. O apartamento não tinha sinais de arrombamento. O criminoso deixou o ar condicionado ligado e trancou a porta ao sair.

 “Fechar os olhos para a possibilidade de um crime de ódio contra o homossexual faz com que se perca a oportunidade de discutir o assunto e adotar políticas públicas. Poderíamos começar uma campanha de esclarecimento e contra a homofobia. Se o motivo verdadeiro do crime é ocultado, nada disso acontece”, lamenta o líder homossexual, que lançou uma carta aberta à sociedade.

A negação da homossexualidade, na visão do Glich, aumenta o risco da ocorrência de novos casos e alimenta a impunidade. Segundo as estatísticas do Grupo, desde 2001 ocorreram 25 assassinatos contra gays, lésbicas, travestis e transexuais, quase todos tendo como vítimas pessoas de classe social mais baixa. “O único elucidado foi a morte do então secretário de Comunicação da prefeitura, Egberto Costa, em 2002”, registra Carvalho.

 

Posted via email from Glauco Wanderley

Um comentário:

  1. Anônimo23/10/09

    Até quando as pessoas vão continuar praticando atos de risco. A morte do artista tem todas as carcterísticas das muitas já ocorridas pelo mundo afora, principalmente no Brasil. É preciso que o Glich faça uma campanha de conscientização para a prática do sexo consciente entre os homossexuais. Não se trata de discriminação, mas colocar dentro de casa pessoas movidas por interesses escusos é uma atitude perigosa. Não vamos tapar o sol com a peneira. Tomara que esse trágico acontecimento sirva como alerta.

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