Dois dos tanques de Maria Helena
A dona de casa Maria Helena Almeida tem três reservatórios de água. Um de 500 litros, dois de mil litros. Parece muito, mas na semana passada ela quase ficou totalmente sem o produto. "Foram quinze dias sem cair água aqui e todo mundo pedindo a minha", conta.
Ela mora no bairro Pampalona, localizado na região mais crítica de Feira de Santana em relação ao abastecimento de água. Dos três tanques, dois ficam no chão e um suspenso. "O de lá de cima uma vez por mês a água tem força para subir. É só quando a gente pode tomar banho de chuveiro e não de caneca", confidencia.
Água lá em cima, só uma vez por mês
A constante falta de água faz com que as famílias recorram a alternativas como poços artesianos e cisternas. Quem não tem, usa do vizinho. Na casa de Luiz Carlos Macedo, no bairro Sítio Novo, na mesma região da cidade, o movimento começa no final da tarde. “Os vizinhos pegam aqui e em outra casa perto que também tem poço”, relata. Com o abastecimento irregular, ele preferiu cancelar o serviço da Embasa e ficar somente com o poço.
Fabíola dos Santos é uma das que se abastece na casa de Luiz Carlos. “Eu tenho tanque em casa, mas ficou oito dias sem chegar”, garante.
“Eu moro há 32 anos aqui e sempre foi assim”, relembra a aposentada Eleide Moraes.
Fabíola carrega água. Cena de zona rural dentro da cidade
SOLUÇÃO EM 2010
O gerente da Embasa em Feira de Santana, José Neydson Eloy, informa que no começo do mês foi instalado um equipamento novo para bombear água com mais força para a área com maiores deficiências no abastecimento. Mas admite que solução definitiva somente virá com a construção de dois reservatórios, com capacidade total de 17,6 milhões de litros. Isto representa quase o dobro da capacidade atual dos reservatórios da empresa e requer investimentos de R$ 12 milhões. Ele garante que o serviço será feito em 2010, fazendo com que o próximo verão seja menos sofrido. Mas se queixa também de ligações clandestinas, que desviam água e geram uma demanda acima do programado para aquela região. “Por exemplo, se uma rua tem apenas 3 ligações oficiais e 7 clandestinas, estas vão absorver água e vai falta na que tem ligação com medidor”, argumenta.
No entanto, em diversos bairros da cidade vêm ocorrendo queixas sobre falta de água, inclusive no centro da cidade. Nestes casos, a alternativa apontada pelo gerente é a adoção de reservatórios por parte dos moradores, já que segundo ele, muitos não possuem. “Como a demanda cresce no verão e há muitos estabelecimentos comerciais, a água só adquire pressão depois das 18 horas quando o comércio fecha”, explica.
A crise no abastecimento levou a uma intervenção do Procon do município, que aplicou multa de R$ 100 mil tanto na empresa de saneamento quanto na Coelba. Isso porque no dia 9 a cidade inteira teve o fornecimento cortado. A justificativa foi deficiência no fornecimento de energia para a estação de bombeamento durante três horas, o que teria desequilibrado todo o sistema de distribuição.
Ao se defender, a Coelba alegou no Procon que não houve problema com a energia e sim o rompimento de uma adutora, responsabilidade exclusiva da Embasa. O gerente da empresa de saneamento contesta e afirma ter relatórios da própria Coelba que provam o contrário, os quais ainda serão apresentados ao Procon dentro do prazo de dez dias que as empresas receberam para se defender.
(fotos de Reginaldo Pereira)
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