Em meio a um crescimento da violência em Feira de Santana, o governador Jaques Wagner lançou nesta quarta-feira na cidade o programa Ronda nos Bairros, já implantado em três regiões de Salvador.
Feira de Santana terminou 2009 com a média recorde de um assassinato por dia e os primeiros meses de 2010 já apontam para uma marca ainda mais elevada. Ano passado morreram assassinadas 57 pessoas de janeiro a março. Este ano o primeiro trimestre registrou 94 mortes. Uma elevação de 65% em relação ao ano anterior.
A Ronda nos Bairros vai cobrir de início 25% da área do município, que com 600 mil habitantes, é o segundo mais populoso do estado.
O novo sistema de patrulhamento prevê uma presença mais constante da polícia dentro de uma área restrita, na tentativa de criar um vínculo maior com a comunidade. Foram instalados oito números de telefone diferentes, cada um atendendo certa quantidade de bairros. O ideal é que diante de uma ocorrência as pessoas liguem para eles, ao invés do 190. Segundo o comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar, tenente coronel Jorge Baqueiro, o 190 é congestionado pelos trotes, que “representam de 80 a 90% das ligações”.
O comandante acredita que com os números comuns, onde a ligação não é gratuita, os trotes serão reduzidos e a comunicação mais rápida. A ideia é que depois de uma triagem na central telefônica o cidadão fale diretamente com os policiais que estiverem nas proximidades.
Especificamente para o programa, o governador entregou oito* automóveis Ecosport e oito* motos. Segundo Wagner, a metodologia do Ronda nos Bairros, inspirada em modelos usados com sucesso em outros estados, “cria uma identidade da polícia com as pessoas”. Mas tornou a repetir o discurso de que segurança pública não se faz somente com polícia e sim com melhorias em outras áreas, como educação saúde e geração de emprego. “O programa não vai resolver tudo”, avisou. Sem especificar os números, o governador afirmou que na região de Tancredo Neves, na capital, onde o programa foi implantado em setembro de 2008, foi superada a meta de redução de homicídios.
FALTA POLICIAMENTO
No George Américo, local em que vem ocorrendo o maior número de mortes, a população cobra uma presença mais ostensiva da polícia. Em 2010 já ocorreram dez homicídios no bairro. “O que precisa é policiamento 24 horas e a reativação do módulo policial, porque o bairro está perigoso demais”, recomenda o industriário Clodoaldo Brito.
O técnico em computação Ismael Frutuoso afirma que depois das 11 da noite não se vê polícia no local e todo mundo tem medo de circular na rua. Ele conta que quando o módulo policial funcionava na praça principal, servia ao menos para conter brigas que ocorriam no bar ao lado. “A gente não se sente seguro. Por causa da insegurança, a lanchonete da minha mãe fecha 10 da noite”, observa.
O comandante Baqueiro explica que o módulo não é uma estratégia eficaz, porque é estático e protege apenas quem mora próximo. “São poucas as prisões feitas por policiais dos módulos”, justifica. Segundo ele, o módulo no George Américo será usado apenas como ponto de apoio e o policiamento pela Ronda nos Bairros vai funcionar 24 horas por dia.
* Constava antes seis no texto e não oito. O número de seis viaturas foi uma informação da própria Agecom.
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