O pedreiro Raimundo de Jesus Ramos morreu em Feira de Santana, ao ser arrastado pela água, quando tentava atravessar uma pequena ponte sobre um riacho no bairro Feira X. No momento da queda, a correnteza cobria a ponte, que não tem corrimão nem qualquer tipo de proteção lateral. O corpo foi resgatado pelos bombeiros no meio da tarde, mais de um quilômetro adiante, no bairro Viveiros.
Começou a chover na cidade na noite de quarta-feira. Na manhã de quinta, voltou a chover forte. Segundo a Estação Climatológica da Universidade Estadual de Feira de Santana, ao todo foram 57 milímetros de chuva até as 3 da tarde. Historicamente o mês tem média de 80 milímetros.
No Feira X, desabaram duas casas, de acordo com os moradores. No bairro Irmã Dulce, algumas ruas estavam com os paralelepípedos arrancados pela força da correnteza. Quatro horas depois que tinha parado de chover, a água ainda jorrava de algumas casas e os moradores de outras tentavam esvaziar o interior com baldes.
Um beco sem saída, com sete residências estava inundado, com água a um metro de altura. Os moradores pediam a presença de um caminhão com bombas de sucção para retirar o que ficou represado. Em alguns momentos os ânimos se exaltaram com as pessoas tomando as ruas e pedindo providências da prefeitura.
O prefeito Tarcízio Pimenta fez uma reunião de emergência com o secretariado no início da tarde e determinou que um ginásio de esportes do município fosse preparado para receber desabrigados. O bairro Irmã Dulce foi o primeiro a ser visitado pela equipe sob o comando da prefeitura, com a participação da PM, Bombeiros e Exército. O governo divulgou o número 8844-5209, para ser usado por quem precisasse de ajuda emergencial. As aulas foram suspensas na rede municipal nesta sexta-feira.
Até o início da noite de ontem a prefeitura desconhecia o número de desabrigados e até as 7 da noite ninguém ainda tinha chegado ao espaço preparado pelo município. Seriam levados para o ginásio as pessoas que estavam com a casa inundada, sem condições de acomodar os moradores durante a noite. Mas havia quem não quisesse sair, como a dona de casa Maria de Lourdes de Oliveira. “Eu quero é que tirem a água. Não vou sair e deixar a casa abandonada”, avisava.
No conjunto Panorama, algumas ruas ficaram inundadas e a água invadiu as residências. De acordo com os moradores, a situação ficou pior depois que a prefeitura fez uma obra de drenagem em 2008. “A água devia ir para o canal do conjunto vizinho, mas ao invés disso, está entupindo e a gente recebe a água que volta do canal”, protestou Robson dos Santos. “Perdi meus móveis todos”, lamentava Renício Ferreira, morador da rua Rio Tapajós.
Os moradores do conjunto Recanto dos Pássaros ficaram ilhados por uma grande poça que bloqueava a única saída do condomínio. Mas no terreno baldio ao redor, uma grande quantidade de lixo mostrava como o comportamento da própria população também contribui para obstruir a passagem da água durante chuvas fortes.
As imagens da galeria de fotos de Reginaldo Pereira mostram um pouco da dimensão do problema em vários bairros.
Clicando sobre a imagem você pode ver a foto em tamanho maior:
A ponte sobre o riacho no Feira X, de onde caiu a vítima fatal
Casas alagadas na rua Rio Tapajós, no Panorama
A mesma rua, transformada em rio mesmo
Dois ângulos da destruição da rua Itiúba, onde os moradores temem a queda de um poste e culpam a Embasa pela destruição, porque a recuperação do pavimento foi mal feita, após a colocação de esgoto
Um beco no Irmã Dulce (Vietnã), onde sete casas no fundo ficaram com água presa
Pavimentação arrancada pela correnteza no mesmo bairro
Carro se arrisca a sair do Recanto dos Pássaros, onde os moradores ficaram ilhados
Dois trechos da lagoa que se formou em frente à Cerb, no Anel de Contorno
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