A Tribuna Feirense da sexta-feira passada trouxe um alerta do radialista Rivaldo Ramos aos seus colegas, chamando atenção para o excessivo espaço dado aos políticos no rádio. Nos programas dos próprios radialistas ou nos programas que os políticos vão aos poucos assumindo diretamente.
Reproduzo seu artigo abaixo, pois penso como Rivaldo, mas não tenho a mesma autoridade para falar, porque minha atuação profissional não está tão diretamente ligada ao rádio, embora já tenha participado por algum tempo em vários programas.
Como ouvinte, posso dizer que o tempo exagerado concedido aos políticos é no mínimo aborrecido. Motivos para entrevistar os políticos há muitos. Mas uma coisa é dar informação útil à sociedade. Outra é abrir espaço apenas para que o vereador, deputado, prefeito ou pretendente simplesmente faça auto-promoção.
Leia o texto de Rivaldo:
Ouvindo o programa "Nas ruas e na Polícia", apresentado pelo colega Aldo Matos, me senti provocado em escrever este artigo sobre a minha profissão, de radialista. O programa em questão traz um quadro às sextas-feiras, intitulado "História do Rádio", onde são entrevistados profissionais do rádio, que contam sobre suas carreiras e como escolheram ser radialistas.
Até agora foram entrevistados profissionais que estão na profissão por vocação como J. Cardoso, Miro Nascimento, Virgílio Porto, entre outros, mas tenho percebido que têm aparecido figuras estranhas na minha profissão, políticos oportunistas que não satisfeitos em ser entrevistados, estão cada vez mais gulosos por espaços na mídia.
Como se a propaganda eleitoral obrigatória não bastasse, recorrem à internet e agora também invadem o rádio como pseudo-radialistas. Ou seria paraquedistas? Além de haver programas que abrem espaços em demasia para os políticos. O ouvinte fica obrigado a ouvi-los em dose dupla.
Feira de Santana, por exemplo, vive um momento peculiar nesse sentido. Armados com registros obtidos através de cursos que teoricamente ensinam o "básico" sobre a profissão de radialista, tenho observado políticos participando de programas como comentaristas e até mesmo como apresentadores, quando adquirem um horário no rádio através da terceirização.
Já tivemos radialistas que buscaram e ainda buscam lograr êxito na política e tendo conseguido ou não, continuaram trabalhando como comunicadores. Porém o que mais ocorre atualmente é o contrário: políticos com ou sem mandatos se utilizando do rádio sem a mínima vocação e com o único propósito de angariar votos. Penso assim, pois não conheço nenhum político que esteja atuando no rádio como repórter policial, esportivo, narrador, etc... Quem sabe tenha um em um milhão.
Conclamo os colegas, verdadeiros radialistas, a se vacinarem contra os aproveitadores que mais parecem polvos com enormes tentáculos querendo dominar tudo e até o rádio, veículo tão próximo da população. E que meus "verdadeiros colegas" não se refiram a esses oportunistas como colegas. Na minha opinião, não basta ter um registro. É preciso ser radialista de fato e de direito.
Você percebe quem verdadeiramente é radialista quando termina o período eleitoral. Quem se utiliza do mandato para patrocinar e participar de programas em rádios comerciais ou comunitárias e não logra êxito nas eleições, abandona o rádio ou some temporariamente, porque não consegue se adaptar com a profissão de radialista e além disso percebe que essa não é a sua praia.
Politicagem no rádio: essa mistura pode macular a imagem da imprensa. Chega de escândalos.
Rivaldo Ramos, radialista há 16 anos, atua na rádio Subaé AM.
Artigo publicado em 1 de maio de 2009 na Tribuna Feirense.
PS: como disse lá na abertura que penso como Rivaldo, quero fazer a ressalva de que não faço qualquer restrição ao uso da internet pelos políticos. Ao contrário, acho que é o TSE quem precisa adaptar a legislação aos novos tempos, dando mais liberdade a campanhas pela internet.
4.5.09
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário