10.9.09

Medo de gripe que nunca houve suspende aulas

Sem gripe suína e sem aulas por causa da gripe suína. Bastou o medo da contaminação para levar os municípios de Serrinha (a 200 quilômetros de Salvador) e os vizinhos Teofilândia, Lamarão e Biritinga a suspender as aulas durante toda esta semana.

Seria o tempo necessário para reduzir os riscos de contaminação pelo vírus da gripe, que a Vigilância Sanitária municipal acredita que pode ter chegado à região por conta da Vaquejada de Serrinha, evento anual que atrai uma multidão para a cidade de população estimada em 83 mil pessoas segundo o IBGE.

Somente em Serrinha, 30 mil alunos das redes estadual, municipal e particular ficaram sem aulas. O curioso é que nem Serrinha, a maior das quatro cidades, nem as outras três, tiveram qualquer caso de gripe registrado até hoje.

O próprio secretário de Educação de Serrinha, Elissandro Magalhães, diz que na reunião onde foi acertada a suspensão das aulas, questionou a necessidade da medida. Mas cedeu, considerando que não é especialista na área de Saúde e que deveria ouvir os conselhos técnicos da Vigilância.

Independente da suspensão oficial das aulas, Elissandro acredita que a semana seria em grande parte perdida. Ele argumenta que emissoras locais de rádio ajudaram a disseminar o medo na população, falando do risco da chegada do vírus principalmente por meio dos visitantes que vêm do Sudeste, região onde houve grande incidência de casos. Segundo ele, o parque onde ocorre a Vaquejada tem capacidade para 80 mil pessoas e ficou lotado pelo menos no domingo. “No 7 de setembro, os pais de uma escola que tinha ensaiado para o desfile vieram pedir para não desfilar e a escola acabou ficando de fora”, exemplifica. “Se houvesse aula, muitos pais deixariam de mandar os filhos”, sustenta.

As escolas estaduais, que dependem das prefeituras para fazer o transporte dos alunos, também aderiram à suspensão de aulas. Ficou acertado que as aulas serão repostas com trabalhos escolares e pesquisas. “Serão trabalhos mais densos, mais articulados, com um tempo maior do que o que se faz no dia a dia”, garante o diretor da Direc (Diretoria Regional de Educação), Givaldo de Jesus.

A propósito, ao contrário do que chegou a ser noticiado em parte da imprensa, o Ministério Público não moveu ação para tentar impedir a realização da Vaquejada.

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