11.9.09

Motoristas e cobradores param com medo dos assaltos

A população de Feira de Santana ficou sem ônibus durante três horas a partir de uma da tarde de ontem, como conseqüência de uma paralisação dos rodoviários, que protestavam contra os freqüentes assaltos registrados principalmente nos bairros periféricos da região Norte da cidade. Assaltos ocorridos ontem deram origem à manifestação espontânea da categoria. Os ônibus iam parando à medida que chegavam ao Terminal Central, para onde se dirige a maior parte das linhas. A frota da cidade é composta por cerca de 180 coletivos.

Dentro do próprio Terminal, já com a presença do sindicato da categoria, foi improvisada uma reunião com representantes das empresas e o secretário de Transportes e Trânsito, Flailton Frankles. Os rodoviários resolveram voltar ao trabalho depois que o secretário prometeu definir novas medidas de repressão aos assaltos em reunião marcada para hoje no Batalhão da Polícia Militar.

Oficialmente o número de assaltos a ônibus em 2009 está cinco vezes maior que no ano passado. Em 2008 foram 12 até o final de agosto. Este ano foram 63 no mesmo período, pelos registros da polícia civil. Empresas, motoristas e cobradores têm estimativas mais altas. De acordo com o gerente da empresa 18 de setembro, Roque Gomes, a média é de dois por dia. Os trabalhadores confirmam que todos os dias ocorrem assaltos.

O motorista de um ônibus assaltado ontem, Geovani Santos, disse que foi ameaçado pelos bandidos armados, que entraram no veículo passando-se por passageiros. Muito nervoso, ele contou que nem conseguiu dirigir em direção à polícia para dar queixa. “Roubaram o dinheiro do ônibus e saquearam os passageiros. Teve um homem que tinha ido receber a rescisão da mulher e perdeu R$ 600”, revelou. O assalto aconteceu no bairro Novo Horizonte.

Outro motorista que preferiu não se identificar, disse que escapou de ser atacado por seis homens que vinham armados em cavalos, prática já costumeira no bairro Sítio Novo. “Um passageiro avisou que eles tinham atacado outro ônibus. Eu estava no ponto final e arranquei com o carro enquanto eles ainda vinham longe”, contou, acrescentando que todos os dias ocorrem casos semelhantes.

Assustados também andam passageiros como Valdete de Jesus dos Santos. “Eu recebi o pagamento ontem e escondi o dinheiro dentro da calcinha, quando fui pegar o ônibus”, confidencia.

“Em 80% dos assaltos que acontecem nos bairros Pedra Ferrada, Asa Branca e Campo do Gado eles já chegam atirando”, alarma-se o motorista Samarone Barreto. Por conta deste alto índice de criminalidade, os rodoviários tinham feito paralisação semelhante no dia 9 de junho. Na reunião de ontem com o secretário de Transportes, reclamavam que nada tinha melhorado desde então. O secretário Flailton anunciou que uma das propostas é escoltar os ônibus com carros da secretaria e um policial militar, nos trechos comprovadamente mais perigosos. “Mas isso só no médio prazo, porque ainda não temos as viaturas para isto”, avisa.

Outra medida, adotada pelas empresas no final de agosto, é recolher o dinheiro cada vez que passam pelo Terminal Central. O gerente Roque Gomes argumenta que sem dinheiro nos veículos perde-se o atrativo para os ladrões. Os funcionários desaprovam a ideia. Acham que a raiva dos marginais pelo assalto frustrado se voltará contra eles e os passageiros. “Pode acontecer nos primeiros dias”, admite o gerente. “Mas com o tempo, eles vão perceber que não vale a pena”, acredita.

Veja abaixo flagrantes do protesto, feitos por Reginaldo Pereira

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